segunda-feira, maio 05, 2008

Há pessoas eternamente desorientadas. E há pessoas desorientadas que buscam eternamente uma orientação.

“Estou a tirar a carta de pesados, vou deixar o meu emprego e depois irei para Espanha conduzir camiões.”

Estas palavras deixaram-me estupefacto. A mim e a todos os seus outros amigos que ouviram tal novidade. Sei que a situação económica deste país não está bem e não é a primeira vez que sou confrontado com a noticia de um amigo que decide partir de Portugal em busca de melhores oportunidades, só que não me deixo de surpreender com estas súbitas migrações. Neste caso, trata-se de uma bonita rapariga de 30 anos com um porte físico fragilíssimo, distribuídos por menos de um metro e meio de altura!
Ela sempre que fala neste seu novo projecto profissional, fá-lo de uma forma cativante e torna-se bem visível o respectivo orgulho nos seus olhos. Quase faz parecer que conduzir um camião articulado de muitas toneladas será tão fácil como dar à luz! Ou tal não viesse de alguém que a um mês da data prevista de ter o seu primeiro filho, ao começar a ter uma estranha “desregulação fisiológica” fez mais de 60 Km, ao volante do seu carro, até ao Hospital mais próximo para indagar do “problema”. Quando a médica de serviço, nas urgências, lhe disse: “deu início aos trabalhos de parto”, ela não acreditou e recusou ser assistida. Foi preciso chegar o namorado (e o resto da família) e uma primeira contracção - e respectiva dor aguda - para que se consciencializasse de tal facto.

Por amor ou por aptidão? Depois de um curso de secretariado e de fisioterapia, o misterioso mundo do camionismo! O seu actual namorado e respectiva profissão poderão ter tido alguma influência nesta decisão, porque é normal querer estar mais perto de quem gostamos. Mas a questão financeira também poderá ter tido um certo peso. Consta, segundo palavras dela, que é uma profissão bem remunerada: ao “salário muito acima da média” acresce mais um valor pelo nº de quilómetros percorridos.
Afinal de contas, isto, não é uma mera submissão aos desígnios do amor, é uma notável capacidade de adaptação a novas realidades. Com muita coragem e uma boa dose de maluquice à mistura.

1 comentário:

O Puto disse...

Admirável!