quinta-feira, janeiro 04, 2007

O jogo da privacidade de Elsa Raposo


Qualquer crítica que possa fazer a esta novela pseudo-eróticó-humorista de fraquinha qualidade, seria sempre mais dirigido ao tipo de jornalismo tendencioso e popularucho – por exemplo, a comparação com o caso Taveira até pode ser pertinente, mas torna-se infeliz quando o objectivo é claramente o de confrontar as suas vidas pós-escândalo: os insucessos da vida amorosa dela, com os sucessos da vida profissional dele - que o Correio da Manhã sempre nos habituou, do que propriamente sobre os comportamentos da Sra. Elsa Raposo, que só a ela lhe devia dizer respeito. Só há um facto que é importante realçar. Quando uma figura pública, e neste caso, para além do seu badalado “sex appeal”, ainda nem entendi muito bem porque ela se insere nesta categoria, tenta criar uma separação entre a sua vida pública e a sua vida privada, há que pelo menos estabelecer certos limites para que todas as outras pessoas saibam aonde acaba uma e começa a outra (ou não fosse esta a regra fundamental da liberdade). Elsa não só não faz nada disto, como chega ao ponto de fazer da sua vida privada a sua vida pública e vice-versa.
Assim, no “jogo” da sua própria privacidade, se é ela própria a quebrar as regras, é natural que todos os outros seus “adversários” não se fiquem atrás. Depois, a “assistência”, que não se limita a acompanhar a “partida” de forma indiferente, começa a deduzir que das duas, uma: ou ela tem tido mesmo muito pouca sorte com os namorados ou estamos perante um caso de promiscuidade sem limites e aquelas depressões pós-coito não são mais do que uma encenação para encobrir quecas mal dadas e uma desesperada tentativa de captação da atenção pública, só para angariar um próximo “namorado”. No fim do “jogo”, ainda se ouve alguém, mais exaltado, gritar das bancadas: “Mas haverá algum homem neste país que ainda não tenha ido para a cama com a Elsa Raposo?”.

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