Há mulheres fisicamente discretas e há mulheres fisicamente vistosas, com ou sem uma vestimenta apropriada. A Susana faz parte do lote das vistosas e das que se veste a condizer. Digamos que o seu criador foi bastante generoso com as suas formas físicas e ela faz toda a questão em partilhar isso com o resto do mundo. Tal não é muito bem visto por grande parte dos restantes elementos femininos do nosso grupo de amigos e nunca percebi bem porquê. Bem, até percebo. Pelo menos a parte que salta logo à vista. Os amigos (rapazes) dividem-se: (tal como as raparigas) há um grupo de “incomodados”, depois há os “tótós”, como eu, que sobrepõem a sua companhia em detrimento de tudo o resto que ela poderia eventualmente oferecer como alternativa e há os “artistas esperançosos”, que fazem dela a sua “musa inspiradora” nos seus momentos mais íntimos e... “enérgicos”. Para estes, o decote da amiga Susana é mais misterioso que mil e uma expressões da Mona Lisa e excitante que todas as sinfonias de Beethoven juntas.
Susana é vulgarmente designada por uma mulher provocante, não é, no entanto, e para desapontamento de muita gente, uma mulher provocadora. Mas isto faz algum sentido: alguém consegue ser provocante sem ser provocador? Marquei há dias, num centro comercial, um encontro com a Susana. Há hora e no sítio combinado já lá estava ela a olhar para a montra de uma loja. Mesmo por trás reconhecia-a a vários metros de distância. Desta vez deixou a mini-saia em casa, mas trouxe o “mini-top” e as suas jeans mais apertadas. Chego-me junto dela e prego-lhe um pequeno susto. Ela ri-se e cumprimentamo-nos. Penso: sempre que a vejo, passado todos estes anos de amizade, esta rapariga nunca me deixa de surpreender. Há sempre algo diferente nela. Para além de que cada dia que passa parece que ela me vai revelando mais de si. (Mal sabia eu que desta vez seria algo mais que um novo centímetro do seu corpo.)
Susana é vulgarmente designada por uma mulher provocante, não é, no entanto, e para desapontamento de muita gente, uma mulher provocadora. Mas isto faz algum sentido: alguém consegue ser provocante sem ser provocador? Marquei há dias, num centro comercial, um encontro com a Susana. Há hora e no sítio combinado já lá estava ela a olhar para a montra de uma loja. Mesmo por trás reconhecia-a a vários metros de distância. Desta vez deixou a mini-saia em casa, mas trouxe o “mini-top” e as suas jeans mais apertadas. Chego-me junto dela e prego-lhe um pequeno susto. Ela ri-se e cumprimentamo-nos. Penso: sempre que a vejo, passado todos estes anos de amizade, esta rapariga nunca me deixa de surpreender. Há sempre algo diferente nela. Para além de que cada dia que passa parece que ela me vai revelando mais de si. (Mal sabia eu que desta vez seria algo mais que um novo centímetro do seu corpo.)
Enquanto caminhamos para a zona dos restaurantes, reparo nos olhares dos outros passeantes. Reparo sobretudo nos olhares dos outros homens, alguns com outras companhias femininas por perto. Uns mais discretos, outros mais descarados, ao ponto de até eu, sempre muito distraído em ambientes deste género, ter ficado incomodado. No momento em que questionava-me como é que ela conseguia ultrapassar todas aquelas contemplações mais fervorosas - pensava que provavelmente já estaria habituada e que tal faria parte do jogo da sedução - ela envolve o seu braço no meu e diz-me algo carinhoso que não fez muito sentido, nomeadamente naquele momento e naquele local. Pelo menos até eu perceber o verdadeiro objectivo daquele acto.
É este o dilema de Susana: ser provocante sem gostar de ser provocada.
É este o dilema de Susana: ser provocante sem gostar de ser provocada.
2 comentários:
É essa a principal diferença entre ser provocante (de forma subliminar) e ser provocadora (de forma perfeitamente consciente). A primeira é uma posição legítima e admirável.
Soube a pouco, sou sincero. O texto ia tão bem... Mas parecia que a última palavra seria "Continua..."
Podias brindar-nos com um pouco mais de Susana. Descreveste-a de tal forma que até fique com vontade de a conhecer.
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