O dia seguinte começou com uma subida à Serra da Lousã, com algumas paragens para debicar umas amoras selvagens, beber água fresquinha, que jorrava das fontes naturais e contemplar as aldeias de xisto e restante paisagem.
O objectivo inicial deste percurso pela Lousã era o de alcançar mais directamente o acesso para as praias da zona de Arganil, justamente do outro lado da cordilheira. Só que já no percurso de descida avistei um castelo que me despertou a curiosidade. Estava localizado na Praia da Sra. da Piedade e valeu a pena todas as curvas e contracurvas que levaram-me até lá: imagine-se, uma praia fluvial em plena Serra da Lousã! Ao meio da manhã já estava bem composta em termos de banhistas, sendo metade deles motards que fizeram uma pequena fuga da concentração de Góis, por onde, aliás, mais tarde viria a passar. Um conselho: como o estacionamento junto à praia é limitadíssimo, aconselho a deixar o veículo no parque do castelo e fazer o restante percurso da descida, até à zona do riacho, a pé.
Já no centro da Lousã, foi fácil aceder à estrada que me iria levar a Góis. Esta viagem, igualmente repleta de curvas – aliás, este segundo dia foi marcado por elas ou não estivesse eu a atravessar uma zona montanhosa – foi sempre feita na companhia de motociclistas que se dirigiam para a concentração anual. Estava um calor infernal e nunca uma viagem de duas rodas pareceu-me ser tão apetecível. Quando cheguei à referida vila optei em ir visitar a Praia das Canaveias, em detrimento da Praia da Peneda, e desta forma acabar por passar pelo espaço da concentração. Motas e mais motas, tendas e mais tendas e quilómetros mais à frente, percebo que a realização desta festa também deixava marcas na praia que fui visitar. De qualquer forma, com o ambiente ao rubro, também não podia deixar de me refrescar nesta bonita praia fluvial.
Já da parte da tarde segui em direcção de Arganil e da muito formosa e bem frequentada Praia de Côja. Excelente timing para ultrapassar a temperatura que não parava de subir, recuperar o fôlego e partir em busca das praias com os acessos mais difíceis de toda esta viagem.
As estreitas estradas da Serra do Açôr não me permitiram contemplar à vontade a espectacular paisagem que a circunda, para além de que não aconselho a quem tenha vertigens a fazer este atribulado percurso.
Finalmente, chegando à Praia de Pomares, questiono-me se valeu a pena tanto “tormento” de curva e contracurva Esta praia fluvial é pouco mais que uma espécie de piscina pública onde as pessoas ficam por ali, obrigatoriamente, sentadas nos intervalos dos seus banhos. Tem um parque infantil, é servida por um bar/esplanada à sombra e pouco mais.
Ultrapassada a desilusão, regresso à aventura, de forma a chegar ao meu último novo destino do dia: a famosa aldeia histórica do Piódão. Até lá mais estradas íngremes sem protecções laterais, algumas casas de xisto e poucos vestígios do ser humano. Chegando a Piódão permitiu constatar todo o alarido à volta desta terra. É de facto magnífica. Infelizmente, ainda há obras em curso nas estradas que dão acesso ao centro e, por falta de infra-estruturas, a Praia de Piódão foi, este ano, interdita a banhos.
Para o fim do dia, já no caminho de regresso, o tempo mudou radicalmente: o céu azul deu lugar a muitas nuvens e, ainda não tinha chegado a Arganil, já caíam algumas gotas de chuva no pára-brisas do carro. A precipitação intensificou-se. Mau para a condução em estradas desconhecidas e péssimo, sobretudo, para os motards do acampamento e da concentração de Góis. Era vê-los parados nas bermas a aguardar por melhores condições...
A noite serviu para não muito mais do que tentar ter uma refeição em condições – num “típico” restaurante de Castanheira de Pêra, às 22:00, não havia outra opção que esse “típico” prato da região chamado... “Esparguete à bolonhesa” - e planear o trajecto do último dia de viagem.
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