Já nem há uma
segunda-feira digna desse nome sem que os nossos “telejornais” façam uma
reportagem sobre a alteração semanal de preços dos combustíveis em Portugal. A
gasolina pode subir ou descer que o resultado da peça é sempre o mesmo: as
mesmas perguntas e as mesmas indignações dos entrevistados. Consta que a
solução passa por utilizar os postos de abastecimento low-cost, sobretudo
aqueles com marca de hipermercado. Chego a ouvir alguém a jurar vingança: “Galp,
nunca mais!”.
Ri-me. Portanto a
revolta face à variação sistemática no preço dos combustíveis tem um nome. E
esse nome por acaso “só” é a única fornecedora de combustível dos postos de
abastecimento portugueses. A Petrogal/Galp é a única entidade a fazer a
refinação (transformação do crude em combustível, energia, outros produtos) em
território nacional, o que faz dela a única fornecedora do produto em Portugal.
Isto transforma todas as outras gasolineiras em revendedoras e/ou
distribuidoras dos seus produtos. O resultado final, com o qual abastecemos os
nossos carros, só se destingue numa característica: os aditivos. E o respectivo
preço – como a Galp, a Repsol ou a BP não têm produtos/marcas de hipermercado
para promover, que interesse têm em diminuir preços?
Muitos portugueses
continuarão a acreditar que ao abastecer os seus carros num outro posto não-Galp
estarão a lesar aquela empresa, pelo menos até ao dia em que constatarem pelos
seus próprios olhos que o camião cisterna que abastece a sua bomba predilecta do
Jumbo, do Pingo Doce ou do Intermarché é exactamente o mesmo que vai encher os
depósitos da Galp mais próxima e tem exactamente a mesma origem (Sines ou Matosinhos,
passando depois ou não pelo centro de logística em Aveiras de Cima, via CLC). Se
ainda assim restar dúvidas, nada como entender a coisa pela perspectiva financeira.
Portanto o pior
está para vir. Sobretudo quando descobrirem que a única forma de lutar contra as
consequências de um negócio monopolizado, com fortes indícios de cartel/conluio
de preços (apesar da autoridade que analisou o caso ter dito que nem por
sombras) e altamente taxado pelo nosso estado, passa por deixar o carro em casa
e pegar na bicicleta ou apanhar o transporte público (se não tiver em greve,
claro).
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