Um casamento pode
ser uma farsa ou uma armadilha, ou ambas as coisas, ao mesmo tempo. Como o caso
de “Gone Girl” (“Em Parte Incerta”). Mas esta história é tão recambolesca - já há algum tempo que não via um twist que
me deixasse boquiaberto por vários segundos - que faz-nos pensar exclusivamente
neste casamento, em particular, quando ela podia ensinar-nos mais qualquer
coisa do que podem ser alguns casamentos de “fachada” dos tempos modernos. Nesse
sentido, fica, no entanto, bem patente o poder de influência da comunicação
social na construção do embuste.
Aquele deve ser
mesmo um dos poucos defeitos deste último filme de David Fincher (acredito que o
“best-seller” de Gillian Flynn, em que o filme se inspira, haja mais espaço e
tempo para aquelas personagens ganharem uma maior profundidade e, sobretudo, identificação
por parte dos leitores), porque o resto, é entretenimento puro – diálogos
inspirados e bem humorados, twists consecutivos mas convenientemente suportados,
uma banda sonora (Trent Reznor dos Nine Inch Nails e Atticus Ross) de arrepiar
a espinha e Rosamund Pike (excelente surpresa e até em modo “voz-off” ela soube
iludir)... E o bom cinema também é isto.
Sem comentários:
Enviar um comentário