domingo, abril 06, 2025

Do absurdo que é o estado actual do mercado imobiliário em Portugal

Os compradores portugueses afundam-se no desespero da caça por uma casa que não esteja a um preço obscenamente inflacionado. Estão completamente impedidos de competir com estrangeiros com bolsos fundos e/ou acesso facilitado a benefícios estatais. Os bancos, impiedosos, aproveitam a descida temporária das taxas de juro para atrair incautos, mantendo, no entanto, spreads vergonhosamente elevados. Os agentes imobiliários, por sua vez, engordam as carteiras neste festim de procura desenfreada, ignorando sem pudor quem tem menos poder de compra e legitimando preços absurdos como se fossem o novo normal. E claro, os vendedores juntam-se a este circo especulativo, atirando para cima mais uma camada de delírio nos valores pedidos.

E o Estado? Não faz nada? Faz, sim senhor. Empurra para o mercado terrenos rústicos, disfarçados de solução milagrosa, que rapidamente se transformam em "imóveis para investimento" ou "com potencial de renovação" — ou seja, autênticas ruínas a preços de ouro. E como se não bastasse, estas casas a cair de podre já estão a ser vendidas a valores que fariam corar imóveis em bom estado. E o pior é que o absurdo continua, sem fim à vista.