quarta-feira, outubro 27, 2010

Para poupar nos preços só tivemos que dispensar o corrector ortográfico

Phaeleh


De novo, a música electrónica. Para os especialistas da "cena", o verdadeiro dubstep e derivados (2step, uk garage, grime, ...) deverá ser essencialmente frio e inflexível e o outro lado, um dubstep mais emocional, só se reconhece (ou neste caso até, literalmente, nem por isso) uma cara: Burial. Portanto, pouco me admira que nomes como Pariah, Synkro e Phaeleh sejam tão pouco divulgados.
Dos dois primeiros, já há por aí algumas provas evidentes de como estamos perante uma certa injustiça. Quanto a Phaeleh, ao lançar o seu segundo LP esta semana, tornou-se, na minha opinião (óbvio), num dos melhores produtores contemporâneos de música electrónica.
"Fallen Lights" é um disco onde se demonstra a versatilidade de um DJ inteligente, que tanto aposta nas tendências mais revivalistas e melódicas do chillout como no lado mais purista do dubstep. É justamente nos momentos em que estes extremos se tocam, que o resultado se torna verdadeiramente surpreendente. Junta-se a isto, as vozes femininas e vários pormenores de instrumentos de cordas para tornar tudo ainda mais encantador, relaxante, atmosférico e misterioso, para além de fazer da sua audição - de preferência via headphones - uma experiência única e arrebatadora.

segunda-feira, outubro 25, 2010

sábado, outubro 23, 2010

Uma televisão pública de excessos

O crítico de TV, Eduardo Cintra Torres (ECT), elaborou uma lista de 10 medidas que permitiriam ao estado português poupar muito dinheiro com a RTP. Logo ao 2º ponto pode-se ler isto:

2. Fundir a RTP Internacional e a RTP África num único canal. Como representação do Estado e exportação de Portugal, é suficiente. Haver dois canais é uma sobrecarga desnecessária paga pelos contribuintes.

ECT esqueceu-se de referir que a RTPi tem vários subcanais: América, Ásia e Europa. E, por acaso, também ainda está para aparecer alguém que me faça entender a importância de ter um canal específico para cada continente. Até chegar esse momento, acho todos esses canais desnecessários - no mesmo sentido de haver cinco administradores, seis directores de informação (mais seis para a RDP) e por aí fora. Para além de que todas aquelas programações não fazem qualquer sentido. Já espreitaram? Estou mesmo a imaginar os pensamentos de um tuga, a viver em Singapura, ao chegar a casa, depois de um stressante dia de trabalho: "Epá agora o que me apetecia mesmo era assistir ao festival internacional de folclore da ponta do sol... O que seria de mim sem a RTPi Asia?".
Outro exemplo? Na passada quinta-feira, não parou de chover de forma intensa na ilha da Madeira, pelo menos, desde das dez da manhã até às quatro da tarde. Os ribeiros encheram-se, houve inundações em algumas zonas, as estradas ficaram condicionadas, a Av. do Mar no Funchal ficou, tal como na tragédia de 20 de Fevereiro do corrente ano, submersa, houve famílias desalojadas, … E a RTP Madeira "pediu desculpas" ao público do "Portugal no coração" por interromper a sua emissão, às 17:00, para dar as primeiras informações sobre o caso. Vá lá que, desta vez, ninguém tinha morrido.

quinta-feira, outubro 21, 2010

terça-feira, outubro 19, 2010

Madeira III

Nos arredores da zona de pesca da vila de Ribeira Brava, não muito longe da "baixa", dos seus muitos cafés e (respectivas) esplanadas viradas para o mar e para o turista, pode-se contemplar esta moderna pintura "expressionista":


De facto: há imagens que valem por mil palavras - mas quando se complementam tornam tudo ainda mais evidente. Só não acredita quem não quer ver (ou ler) ou é presidente da região autónoma.

Madeira II


Ponta de São Lourenço

domingo, outubro 17, 2010

O mesmo não se pode dizer em relação ao "entre-se" pela gramática

Daqui.

Madeira

Trata-se da minha estreia por terras da Madeira. Como primeiras impressões, para além da constatação da beleza natural da ilha, sou surpreendido com um dialecto local cerrado que me escapa por entre os ouvidos. Necessito urgentemente de um serviço de tradução rápida, semelhante ao que as televisões regularmente usam quando passam reportagens em algumas ilhas dos Açores.
Há simpatia e humildade quase na mesma proporção de bananeiras e os condutores de velocidades radicais contrastam com a pacificidade que esta ilha transmite. Também noto alguma rigidez, que pode ter ficado logo demonstrada num pacato cafezito, não muito longe do aeroporto, onde vi negado o pedido de uma simples torrada, quando a tosta mista consta da ementa. Entretanto fiquei a saber que alguém terá passado por uma experiência idêntica ao pedir um bitoque sem ovo. Consta que só o bitoque (simples, reforce-se) estaria tabelado. Não tem preço, também, estas hilariantes particularidades de um povo!

quinta-feira, outubro 14, 2010

Diz que vão sair de um buraco para se meter noutro



De facto, são nestes momentos que ficamos a conhecer a natureza humana. O Ferreira Fernandes já escreveu qualquer coisa bonita e importante sobre o assunto. Mas entretanto há outras curiosidades. Como esse súbito desejo de oficializar os relacionamentos quando se está em situações limite. Com isto houve quem descobrisse que o seu marido (mineiro) tinha uma amante. Mas algumas outras chilenas (e não só) descobriram a fórmula mágica para fazer os seus homens casar. Parece que basta soterrá-los durantes 2 meses que eles renascem, de barbinha feita e de óculos da Tifosi, a trautear a marcha nupcial.

quarta-feira, outubro 13, 2010

Declaração amigável


Mesmo longe das suas contabilidades, um Técnico de Contas nunca deixa de declarar a verdade dos factos. Mas, por mais amigável que ele possa ser, isso pode-lhe trazer certos dissabores.

terça-feira, outubro 12, 2010

Os homens segundo Inês Pedrosa


Por alturas do lançamento do seu mais recente livro, Inês Pedrosa disse isto à Time Out:

"Não há géneros, há pessoas. O que me interessou perceber neste livro – e eu escrevo para me aproximar daquilo que não percebo – foi como lidar com o conceito de amizade entre os homens. A amizade é a matriz das relações neste início de século. A possibilidade de escolher as pessoas que povoam a nossa biografia mudou a nossa vida. E a amizade surge dessa dispersão, é o que perdura."

Mas o seu livro revela uma nítida diferença de géneros (ou pelo menos de comportamentos), ao qual ela tenta justificar:

"Há uma diferença no entendimento da amizade. As mulheres são mais frontais, mais exigentes, os afectos são mais cultivados, e os cortes são por isso mais radicais."

É por isso que cada um dos personagens (homens) de "Os Íntimos" sente-se confortável entre amigos. Mesmo quando está perdido, há uma parede sólida para reconhecer, tactear e prosseguir:

Somos libertários e conservadores, cavalheiros e carroceiros, apreciamos um sentido de tribo que já não se usa nem se defende, a não ser forrado de penas e cercado por cubatas. Sabemos destrinçar o bem do mal, separar as espinhas de uma cabeça de peixe, dizer se um vinho presta só pela cor e pelo cheiro, chegar ao osso de um leitão. Guiamo-nos por saberes arcaicos sem nos rendermos ao engodo do arcaísmo que encadeia a era em que nos coube nascer. Gozamos um privilégio de existir num país amestrado pela liberdade, embora cerimonioso e parco com ela. É o que se pode ler na página 25 deste interessante livro. É interessante e está irrepreensivelmente bem escrito, é outro facto, mas vive demasiado dos estereótipo. E há por lá tantos...

Um homem que não saiba guardar um segredo não é bem um homem. O secretismo é uma das pedras basilares da masculinidade, tal como o respeito pelas hierarquias e pela autoridade. A compaixão é uma armadilha do mulherio que deita tudo a perder.

As mulheres são muito dadas à correspondência. Os Correios deviam ter promoções especiais para mulheres. Podem ser as primeiras a agarrar-se ao email, ao facebook e ao twitter, mas continuam a gostar de escolher selos, postais, cartões e papel perfumado. São imbatíveis em correspondência amorosa, e têm consciência disso.

segunda-feira, outubro 11, 2010

Too sexy for my scanner


Não há vegans gordos, PETA?
No entanto parece que a publicidade está a ser recusada nos aeroportos porque a imagem é "too sexy". Cuidado, porque isto é gente para ter um ataque cardíaco ao folhear um catálogo da Victoria's Secret.

quinta-feira, outubro 07, 2010

Ao herói anónimo


Era véspera de feriado e esta podia ser a melhor justificação para que naquela manhã de segunda-feira, o tráfego rodoviário na Ponte 25 de Abril para Lisboa, estivesse menos compacto que o habitual. Alguns desses automobilistas, após pagamento da portagem, entram apressadamente no tabuleiro da ponte, sem no entanto deixar de estranhar a presença de um homem que se desloca pela berma, a pé, no mesmo sentido do trânsito. Esta estranheza dura poucos segundos, pelo menos até que os compromissos pessoais voltem a assolar os seus pensamentos, para além do desejo de aproveitar o bom escoamento do trânsito daquele atípico dia útil.

João, caminha cabisbaixo, abstraído dos carros que circulam velozmente à sua esquerda. Sentia o corpo dormente e a alma entorpecida pelos mais recentes acontecimentos. Os mesmos acontecimentos que não o deixavam dormir há quase 48 horas. Estava a passar por um processo devastador de divórcio, que o deixaram arrasado e desmotivado. Enquanto foi casado o seu grupo de amigos nunca parou de crescer, no entanto, após o anúncio da separação, aquelas amizades, possivelmente, para evitar os conflitos propícios de tomar uma das partes, foram-se gradualmente afastando. Mais isolado que nunca, sem a possibilidade de poder estar com os filhos como desejaria, a vida nunca lhe tinha deixado de fazer tanto sentido como aquela fase que atravessava e só encontrava lógica num objectivo... Foi por isso que tinha saído de sua casa naquela manhã de segunda-feira e é a razão pela qual continua a caminhar, convicto - e agora olhando em frente e para cima - ao longo daquela enorme ponte de aço. Passados alguns minutos, pára, sem nunca deixar de olhar para o horizonte. Algumas nuvens cobriam o céu azul que, de certa forma, o tranquiliza. Também contempla o Rio Tejo - o mesmo que está acerca de 190 metros abaixo do local onde se encontra. Tinha chegado o momento. Ao consciencializar-se que já não haveria ponto de retorno, emociona-se e chora pela última vez, ao mesmo tempo que se vai segurando firmemente a um dos fios de aço paralelos (que fazem a ligação a um dos cabos principais de suspensão da ponte), para facilitar a levitação da perna esquerda...

O autocarro nº 162 da Transportes Sul do Tejo recebeu os seus últimos passageiros nas imediações do local das portagens. Estava a ser um percurso normal, com a anormalidade do cumprimento de horários de chegada aos apeadeiros. Assim que deu entrada na ponte, o seu motorista é surpreendido por um repentino abrandamento da marcha dos carros que seguiam à sua frente. Alguns metros mais à frente pôde constatar o motivo: estava um homem de meia-idade a preparar-se para saltar da plataforma da ponte. Não hesita. Pára o autocarro, abre a porta e sai em direcção do suicida, deixando os seus passageiros boquiabertos e uma fila de condutores impacientes atrás de si.
Encontra um homem no seu mais elevado nível de desespero. Chora descontroladamente e está a poucos segundos de se precipitar para o salto. O motorista nem pensa nas consequências que a sua aproximação possa ter naquele homem. Não há tempo para indecisões, bruscamente agarra-o, puxa-o para si e dá-lhe um forte abraço. Foi forte, mas também foi sobretudo longo e sentido. Prolonga-se até sentir que estavam ambos, à sua maneira e nas devidas proporções, mais calmos.
Até chegar uma ambulância (que alguém terá chamado via 112), aqueles dois homens ainda tiveram tempo para trocar algumas palavras. O motorista tentando sempre convencer o homem de que a esperança nunca morre e, se não houvesse qualquer outra causa, seria por ela, que deveria continuar a viver.



Esta pequena história podia ser ficção, mas não é. Aconteceu segunda-feira passada. E dedico este post à bravura do herói desconhecido, em geral, e àquele condutor do autocarro nº162 da TST, em especial. Ser herói hoje, pode passar por essa simplicidade de deixar o conforto do assento do nosso carro, parando o trânsito, para ir dar um abraço a alguém. Imagine-se que isso até pode dar-lhe outro sentido à vida. Não valerá a pena?

terça-feira, outubro 05, 2010

Estudos

(clicar para ampliar)
As principais conclusões do grande estudo, realizado pela Universidade do Indiana, sobre os comportamentos sexuais dos americanos, o National Survey of Sexual Health and Behavior (NSSHB), parecem-me pouco surpreendentes e, algumas delas até, acabam por descredibilizar os seus resultados e dar razão às minhas piores suspeitas acerca da verosimilitude de alguns destes inquéritos – como já tinha acontecido aliás com este realizado recentemente no Reino Unido.
Senão, leia-se:
- 1 of 4 acts of vaginal intercourse are condom protected (1 in 3 among singles).
- About 85% of men report that their partner had an orgasm at the most recent sexual event; this compares to the 64% of women who report having had an orgasm at their most recent sexual event. (A difference that is too large to be accounted for by some of the men having had male partners at their most recent event.)
- Men are more likely to orgasm when sex includes vaginal intercourse; women are more likely to orgasm when they engage in a variety of sex acts and when oral sex or vaginal intercourse is included.
- While about 7% of adult women and 8% of men identify as gay, lesbian or bisexual, the proportion of individuals in the U.S. who have had same-gender sexual interactions at some point in their lives is higher.
(…)



Numa sociedade de aparências até faz todo o sentido dizer que só 8% dos americanos têm ou tiveram experiências homossexuais, pois, obviamente, esta percentagem não inclui quem faz de uma orientação sexual, um hobbie secreto e alternativo. Esta ausência de realismo deve-se sobretudo a alguns dos métodos de recolha utilizados na obtenção das respostas. Por exemplo, um questionário cara-a-cara, ou até mesmo via telefone, não dá a privacidade que este tipo de assuntos exige. Para além de que, nem estes estudos, nem qualquer outros até hoje realizados, jamais podem garantir a total sinceridade da resposta do entrevistado. Assim sendo, continuaremos a debruçar-nos sobre resultados ligeiramente tendenciosos e, pior: socialmente correctos.

Falando agora de outras investigações mais interessantes, o Ricardo Fuertes, do GAT Portugal, enviou-me há dias algumas novidades sobre o estudo que falei, por aqui, no passado mês de Junho.

De acordo com os coordenadores do EMIS “este é o maior estudo internacional
jamais realizado sobre homossexualidade masculina”.
Portugal esteve bem representado com mais de 5 400 respostas. Se tivermos
em conta o número de habitantes de cada país, Portugal foi o 4º país com maior
participação (atrás da Alemanha, Suíça e Luxemburgo), com 5,1 respostas por cada
10 000 habitantes.
Os 18 distritos de Portugal e as duas regiões autónomas estiveram representadas,
assim como os HSH estrangeiros residentes em Portugal (foram recebidas
respostas de residentes em Portugal nascidos em 50 países). Também existiu uma
elevada participação de HSH que vivem com VIH (7%).
Os resultados do EMIS fornecerão dados relevantes para a planificação e
implementação de intervenções de prevenção e de serviços de saúde sexual para
HSH.
O GAT e a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto estão muito satisfeitos
por fazer parte deste estudo pan-europeu, e agradecem às entidades envolvidas
na sua divulgação e às pessoas que aceitaram responder ao questionário.
Para mais informações sobre o Projecto EMIS consulte o site www.emis-
project.eu e ou entre em contacto com os parceiros portugueses através do e-mail
ricardofuertes@gatportugal.org.
Alguns resultados e relatórios preliminares serão publicados a partir de Dezembro
deste ano.

segunda-feira, outubro 04, 2010

Um big churrasco na "Casa dos Degredos"


O novo "Big Brother" é afinal um "Bunny Ranch" à portuguesa. Senão veja-se: o que faz uma playmate, uma acompanhante de luxo, alguém que já teve mais de 250 relacionamentos, alguém que teve um caso com um jogador de futebol da selecção portuguesa, um ex-dono de um bar de alterne, um ex-assaltante de bancos, um pastor de "Baiãoe" (que só veio uma vez ao sul, nomeadamente ao Montijo, para comprar porcos), dois irmãos gémeos directamente saídos da escola de seguranças de casas de animação nocturna do norte, dois casais, um falso, outro verdadeiro mas armado em falso, alguém com um transtorno obsessivo-compulsivo, (…) no mesmo espaço? Serão estas pessoas, certamente, tantas outras coisas, mas foi por "isto" que foram contratados e são estes os seus segredos prontos a serem revelados.
Antes, na outra "Casa", a química ia acontecendo ao sabor do acaso e da saturação de estar limitado ao espaço de alguns metros quadrados, nesta "Casa dos Segredos" dispensa-se os preliminares (a organização do programa tratou disso), para que o resultado não seja outro que um "grande churrasco". É só isso que nós, uns mais "abutres" que outros, queremos comer, enquanto, para já, salivamos cá do alto com os belos nacos que vão sendo colocados em cima da grelha.
Venham para a mesa que a paparoca vai ser servida no canal do costume... E ninguém pode dizer que não sabe qual é a ementa.

sábado, outubro 02, 2010