quinta-feira, agosto 28, 2008

A jornalista omnipresente

Quem desperta diariamente com a manhã informativa da RTP1, por ali entre o “bom português” e o “minuto verde”, nunca pode deixar de se deleitar com as “excitantes” reportagens da Carla Trafaria. É vê-la na inauguração do parque infantil de um bairro dos subúrbios de Lisboa, num qualquer centro de rastreio de diabetes, numa repartição de finanças no dia D’entrega de IRS, numa animada festa de um de lar de idosos... Ainda ontem lá estava ela de microfone em riste junto de alguns veraneantes mais persistentes / curiosos / parolos / analfabetos (riscar o errado) numa praia da Costa da Caparica de acesso estritamente interdito - já que estariam previstos trabalhos de reposição do areal para os próximos dias. Mas hoje, surpreendentemente, estava num bairro do concelho de Odivelas junto duma dessas 645 recentes rusgas ordenadas pelo ministro - resultado: apanha-se meia dúzia de armas ilegais, um quilo de coca e, sobretudo, apazigua-se as almas mais assustadas com “essa” onda de violência mediática e a Carla lá regressará para o seu outro “país real”.

segunda-feira, agosto 25, 2008

Grandes promoções, é aki!

Todo o snob tem um labrego dentro de si. Às vezes literalmente.

Depois da sua mais recente viagem, um amigo lamentava-se do atendimento da tripulação da TAP: “Mas conhecem hospedeiros e hospedeiras mais antipáticos e mal-educados?”. Durante esta viagem, contava ele, alguém terá pedido de uma forma, digamos, mais “expansiva” por um café a um hospedeiro que se encontrava junto do lugar onde o meu amigo estava. Como tal não fazia parte das suas competências, pediu ao colega que estava mais à frente: “Era um café para aquele senhor...” Não deixando de acrescentar, baixando ligeiramente o tom de voz mas mesmo assim ainda perfeitamente audível por quem ali estivesse: “Cuidado: este avião vai cheio de labregos!”
Pus-me a pensar de imediato nessa raça humana tão peculiar: os labregos. Há os que o são naturalmente, e há os outros, que não sendo, se esforçam por o ser. A grande diferença estará na sua consciência, ou falta dela. Os segundos são os únicos que se comportam dessa forma com um certo orgulho. Por isso é que de vez em quando alguém lhes pergunta: “tu não tens vergonha – lá está, o contraposto desse “orgulho” - de ser assim?”.
Mas voltando ao caso do avião. O facto de alguém pedir um café em voz alta, por si só, faz dele um labrego? Já que poderá ter sucedido o caso do suposto “labrego” ter efectuado o pedido de forma convencional e não ter sido bem-sucedido. Ou será que ele terá dado outros indícios que permitiram o hospedeiro ter concluído tal facto? Independentemente de tudo isto, não podemos deixar impune a generalização feita pelo tripulante da TAP. Sendo assim...
Pus-me a pensar nessa raça humana tão peculiar: os hospedeiros da TAP. Há os que são naturalmente snobs, e há os outros que não sendo, se esforçam por o ser. A grande diferença estará na sua consciência, ou falta dela...

sexta-feira, agosto 22, 2008

quinta-feira, agosto 21, 2008

Há mitos e mitos

Ao deparar-me com esta crítica de Eduardo Pitta lembrei-me de que ainda não tinha comprado o livro em causa: “Brando mas pouco”. Uma biografia “hardcore” de Marlon Brando, onde é pormenorizadamente relatada a atípica vida (bis)sexual do actor e que, a serem tais dados verdadeiros, só vem demonstrar a teoria de que a realidade vai sempre mais longe que a ficção. Sobretudo no mundo das (falsas) aparências.
Como já tinha perdido a oportunidade de o comprar com o Público, tentei, mesmo assim, a minha sorte junto da tabacaria onde costumo comprar alguns jornais. Ao mesmo tempo que ia passando os olhos pelo texto fui marcando o número de telefone da “banca da esquina”. Há uma senhora que me atende. Pergunto-lhe pelo livro e ela pede-me para aguardar enquanto o procura. Assim o fiz. Continuo a ler a crítica e paro automaticamente quando passo por uma das partes transcritas do dito cujo: “25cm pelo cu acima”. Nesse preciso momento oiço alguém do outro lado da linha:
- “É grande e grosso?”...
Não reagi.
- “Tou? Simmm?”.
Ufa! Ainda tinham três cópias.

quarta-feira, agosto 20, 2008

E o Bob Dylan, que já anda por aí há tantos anos, ninguém lhe pega!

Ao ver este surpreendente 3º lugar na lista dos discos mais vendidos por cá, pergunto a mim mesmo de onde vem este súbito interesse nacional pela música country-rock americana? A resposta é óbvia e o facto que a explica também. Utiliza-se uma música orelhuda num anúncio televisivo e o resto é meio caminho andado; ou seja, o português comum tem uma atitude completamente passiva perante a música (entre outras expressões artísticas): não a procura, limita-se a ficar sentado no sofá, de comando na mão, à espera que ela o encontre.

terça-feira, agosto 19, 2008

"Ai e tal... a experiência, apesar dos resultados, está a ser óptima."

Mad world

Ao ler esta história, lembrei-me desta brincadeira:
Ainda ri-me um pouco. Pelo menos até a consciência deixar. Porque, bem vistas as coisas, isto nem tem qualquer graça.

segunda-feira, agosto 18, 2008

Eu sou o melhor atleta não-competitivo do mundo. Se não tiver pessoas ou câmeras a observar posso ser mais rápido que o Bolt. Tem é que ser à tardinha

Marco Fortes, que esta sexta-feira falhou o apuramento para a final e terminou a competição no 38º lugar entre 45 concorrentes, com a marca de 18,05 metros, justificou o desempenho afirmando que «lançar de manhã é complicado».
«Cheguei à conclusão que de manhã só estou bem na “caminha”. Lançar a esta hora foi muito complicado. Apesar de ter entrado bem na prova, com dois lançamentos longos com mais de 19 metros, no último lançamento as pernas queriam era estar esticadas na cama», disse o atleta, em declarações à RTP.



No mesmo dia, também Jéssica Augusto, após a eliminação na prova dos 3.000 obstáculos, anunciou que iria de férias, justificando o abandono da corrida dos 5.000 metros dizendo que não participaria porque "não vale a pena", dada a forte concorrência africana.
Hoje mesmo, Arnaldo Abrantes, eliminado nos 200m com um dos piores tempos, e Vânia Silva, eliminada na prova do lançamento do martelo, também fizeram declarações que estão a suscitar reacções diversas. Abrantes justificou a sua fraca prestação com o facto de ter "bloqueado" quando viu o estádio olímpico cheio, enquanto Vânia Silva admitiu que "não é muito dada a este tipo de competições" [os Jogos Olímpicos].

Já abriu oficialmente a época de caça ao patto

“Ao contrário do que, muitas vezes, se pretende fazer crer, não está em causa o reconhecimento público de desejos ou preferências individuais, mas o relevo social da instituição familiar, a sua importância na perspectiva do bem comum e da harmonia social.”
Na edição da passada sexta-feira do Público, o jurista Pedro Vaz Patto, assim inicia a sua rol de argumentações contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Que credibilidade pode ter qualquer opinião, por mais bem que justificada ela possa ser – o que não quer dizer que seja este o caso - quando se parte de premissas descabidas: “Desejos ou preferências sexuais”? Vale a pena perder tempo com contra-argumentações quando do outro lado se continua a considerar que a homossexualidade é sinónimo de uma atitude mental casual ou de uma tensão momentânea? A não ser que o senhor jurista se esteja a referir a quem assim o pense e pratique, ou seja, a quem faz desta orientação sexual um mero passatempo fortuito e isento de compromissos e responsabilidades (e por vezes - tão vulgarmente esquecido - de sentimentos). É que se assim for, mais insignificante se torna esta discussão, já que a maioria desses sujeitos já estão legalmente impossibilitados de casarem com os outros que partilham os seus “desejos e preferências sexuais”. Não por serem do mesmo sexo, mas porque efectivamente já estão casados. E bem casados, de acordo com uma certa “harmonia social” que nunca será questionada, pelo menos enquanto houver juristas e outros “patos” a pensarem assim.

terça-feira, agosto 12, 2008

Afinal não há mesmo coincidências

Há sempre aquela réstia de esperança que a nossa intuição possa estar errada, que as nossas impressões sejam demasiado subjectivas e tendenciosas para nos levarem a cometer os mais básicos erros de julgamento. Mas, por outro lado, também há as reais provas, uma a seguir à outra, que nos obrigam a confrontar com o contrário: que afinal não há mesmo coincidências. De um lado, a ilusão de uma felicidade estável, do outro a suprema dor da desilusão que confirmavam os nossos piores receios. Nem toda a gente tem a capacidade de conseguir gerir esta dor, portanto não admira que meio mundo viva feliz, mas constantemente desconfiado.

quinta-feira, agosto 07, 2008

I'm just hot.

http://www.publico.clix.pt/videos/?v=20080807114049&z=1

Férias não são para quem quer...

Agosto chegou discretamente.
De manhã passo pelas bombas de gasolina, associadas a uma conhecida cadeia de hipermercados nacional, que (praticamente) desde que abriram mantêm a liderança em matéria de preços (dos combustíveis) mais baixos no distrito de Lisboa e continuo a ver as habituais longas filas à volta da rotunda que lhes é vizinha.
Ao final da tarde passo por um supermercado que também é conhecido por praticar preços imbatíveis e demoro o tempo “normal” para fazer o pagamento das minhas compras – de onde vem este triste infortúnio de escolher sempre a fila que demora mais tempo a ser aliviada? Há sempre alguém que se lembra que lhe falta qualquer coisa, ou porque a operadora de caixa se esqueceu do "código do melão", ou porque enganou-se e pede uma anulação que só pode ser feito pelo “chefe de loja”, que por sua vez demora uma “eternidade” a chegar, pois “está no armazém a fazer contagens”...
E à noite, como noutro momento deste longo dia, noto uma acentuada redução de automóveis nas estradas perto de casa. No entanto, nas suas extremidades, vejo as pessoas de sempre a fazerem a sua caminhada nocturna, uma espécie de desporto pedestre dos que poupam na mensalidade do ginásio. Diz que foi o “senhor doutor da TV” que aconselhou e tal “prescrição” virou moda em dois tempos. Só a moderação nos enchidos e doces é que não pega!
Há uma certa pobreza que, para além de outras coisas, merecia umas boas férias.

segunda-feira, agosto 04, 2008

sexta-feira, agosto 01, 2008

O aviso

Tinha eu acabado de aproveitar essa “milagrosa” descida de preços de combustíveis abastecendo o depósito do meu carro na estação de serviço de Oeiras, quando oiço uma viatura dirigir-se a alta velocidade para o local onde me encontrava. Era de noite e não houve tempo nem visibilidade para observar a viatura em questão. No primeiro segundo ouvi duas “pancadas” secas a bater no meu carro – fez-me pensar no momento ter sido uma pedra que tivesse deliberadamente saltado do outro carro – no segundo seguinte, olhei e vi sobre dois pontos distintos da chapa do meu carro um líquido espesso verde fluorescente. Ao terceiro segundo já não consegui ver a outra viatura...
Sem razões aparentes, eu e outros proprietários de outros veículos – segundo a Brigada de Trânsito de Carcavelos* – fomos “alvo de actos de vandalismo” (juram?).
A arma foi uma pistola de paintball. Mas “podia ter sido pior.”
Ficou o aviso. E as duas mossas no carro.

* Consta que as cabines das portagens de Porto Salvo também foram atingidas. No entanto, após ter contactado a Brisa, nomeadamente o Centro Operacional da A5, foi-me informado que não vão apresentar queixa, pois não sofreram danos materiais “consideráveis”. Claro... Isso de passar a vida a queixar-se por tudo e por “nada” é coisa de “pobre”.