domingo, março 27, 2011

Como é que se sobrevive sem "Breaking Bad"?



Antes de partir nesta aventura chamada "Breaking Bad" confesso que estava muito céptico. O que diziam por aí: um subvalorizado professor de química que atravessa a sua "midlife crisis" e transforma-se num "drug dealer"? A minha tendenciosa imaginação criou logo qualquer coisa semelhante a uma versão masculina da "Weeds" e essa ideia parecia-me tudo menos atractiva. Para além de que os "Sopranos" e o "Dexter", dificilmente deixariam partilhar o meu coração com uma nova série onde se demonstra que o crime compensa (pelo menos por uns bons momentos) e que até pode ser desculpável. Ainda assim, arrisquei. E ainda bem que o fiz.



A boa surpresa, para além de constatar que a história de "Breaking Bad" é muito mais que aquele "plot", é perceber que um dos factores que à partida seria o menos apelativo, os protagonistas, revelou-se um dos pontos fortes do sucesso desta aposta da AMC (a mesma estação que também recebe hoje - justamente - todos os louros com "Mad Men"). Bryan Cranston (que já não tinha passado despercebido em "Malcom in the Middle"), partilha as suas brilhantes actuações com um grupo de actores quase desconhecido mas surpreendentemente muito profissional. Também é certo que um bom argumento ajuda a dar mais profundidade às suas personagens, mas também é verdade que sem este conjunto de artistas, "Breaking Bad" não tinha metade desse realismo desconcertante - ao ponto de facilmente nos conectarmos com qualquer uma daquelas pessoas - que a caracteriza.



Cada sequência, de cada episódio, das três épocas já emitidas são fundamentais para se entender esta série e, consequentemente, dar mais credibilidade aos seus inesperados "twist". Há então essa preocupação pelo detalhe levada ao extremo, que baralha num episódio e dá no outro (não propriamente no seguinte). Depois há os diálogos hilariantes, a fotografia irrepreensível que revelam-nos o melhor do Novo México... Já disse que o argumento é genial? "Breaking Bad" pode ser catalogada como comédia negra mas o seu assunto é sério e na perspectiva do espectador ele chega a ser moralmente ambiguo: apesar de condenarmos as suas atitudes, nunca deixamos de estar ao lado do principal protagonista desta história. Essa pode ser uma das qualidades que distingue “Breaking Bad” de parte da obra cinematográfica dos irmãos Coen e de Tarantino, que talvez seja o material de Hollywood que mais se aproxime do que se vê por aqui. Ninguém precisa de passar pela experiência de ser produtor de metanfetamina (a sua fórmula, C10H15N, não aparece logo no genérico da série por acaso...) para perceber que qualquer decisão radical que tomemos terá as suas consequências (radicais) e que precisamos de estar devidamente preparados para estar à altura de as enfrentarmos. Este sim é o verdadeiro mote de "Breaking Bad". Desengane-se quem acha que ali diz-se que a droga é "cool" e que o seu negócio é "easy, bitch"!



Torna-se também interessante constatar como a química entra no enredo, não só na sua aplicação concreta como no seu sentido mais metafórico. Quando as personagens são elementos que se ligam e reagem entre si e o resultado da energia desprendida ou absorvida durante estas relações resultam, nem mais nem menos, numa série deste calibre. Se tudo começa com um muito simples e reservado americano da classe média que após de ter-lhe sido diagnosticado cancro, transforma-se numa espécie de anti-herói no mundo do narcotráfico, parece-me completamente imprevisível saber quando e como irá parar a viagem nesta montanha russa de acontecimentos, que mais que não é do que uma espantosa aventura do autoconhecimento. Enquanto ele, Walter White, já se questiona da razoabilidade de toda esta loucura (em que se transformou a sua vida), o fã (eu, por exemplo), por seu lado, questiona como é possível viver sem ela! Depois de 33 intensos episódios e enquanto não estreia a quarta temporada, é só isso mesmo que interessa saber: como é que se (sobre)vive sem "Breaking Bad"?

sexta-feira, março 25, 2011

Não podia estar mais em desacordo

"A man should never wear shorts in the city. Flip-flops and shorts in the city are never appropriate. Shorts should only be worn on the tennis court or on the beach." - Tom Ford
Antes um "confortávelman" das cavernas que esse modern gentleman, então.


quarta-feira, março 23, 2011

Estamos tão internados

A situação política nacional actual parece um daqueles episódios do House em que o paciente tem um cancro, mas se tirarem o cancro ele morre de uma infecção que apanhou quando comeu uma manga que uma senhora no Brasil não lavou como deve ser, mas se curarem primeiro a infecção então ele morre por causa de um fungo que tem na unha do dedo mindinho do pé esquerdo... A única diferença é que não vai haver ninguém que olhe de repente para a parede e invente uma cura.

sexta-feira, março 18, 2011

Marcha de "Cidadãos Por Uma Nova Lei de Protecção dos Animais em Portugal"


... dia 9 de Abril com concentração marcada para as 14h no Campo Pequeno, em Lisboa.


Algumas das principais medidas previstas no Projecto-Lei:
- Alteração do Estatuto Jurídico dos Animais;
- Inclusão das Despesas de Alimentação e de Saúde dos Animais de Companhia no IRS;
- Controlo de Sobrepopulação de Animais Errantes;
- Criminalização dos Maus-Tratos a Animais;
- Criminalização do Abandono de Animais;
- Proibição dos Rodeios;
- Proibição das Touradas;
- Proibição do Uso de Animais em Circos;
- Proibição do Tiro aos Pombos;
- Proibição da Promoção de Lutas entre Animais e entre Animais e Humanos;
- Proibição dos Carrosséis de Póneis (ou outros animais);
- Proibição da Compra e Venda de Animais Vivos através da Internet.


Mais info aqui.

À rasca por um "prof" de Português?

terça-feira, março 15, 2011

A avaliação e a intervenção são conceitos desnecessários?


As portagens poderão ser o menor dos vossos problemas (cont.)

Sobre o assunto do post de ontem, o Ministério da Administração Interna esclarece:
Obrigado.

segunda-feira, março 14, 2011

As portagens poderão ser o menor dos vossos problemas

No início do Decreto Regulamentar n.º 2/2011, publicado este mês, pode-se ler:
O presente decreto regulamentar cria novos símbolos e sinais de informação relativos i) à cobrança electrónica de portagens em lanços e sublanços de auto -estradas e ii) aos radares de controlos de velocidades.
A introdução de portagens em auto-estradas onde actualmente se encontra instituído o regime «Sem custos para o utilizador» (SCUT) encontra -se prevista, no Programa de Estabilidade e Crescimento 2010 -2013, para obter a necessária consolidação das contas públicas e assegurar uma maior equidade e justiça social.

E para que se entenda o que está efectivamente aqui em causa, chamo a atenção para este novo sinal H43:

H43 — Velocidade instantânea: indicação de via sujeita a fiscalização de velocidade

Ou seja, o identificador VIA VERDE/DEM não se vai limitar a passar a informação relativo à cobrança de portagem...


No sítio da Via Verde lê-se o seguinte no "Objecto" desta Sociedade:


A Sociedade tem por objecto a prestação de serviços de gestão de sistemas electrónicos de cobrança, por utilização de infra-estruturas rodoviárias e de outras utilizadas por veículos automóveis, tais como Auto-estradas, pontes, viadutos, túneis, parques de estacionamento, garagens e similares. A sociedade também pode exercer quaisquer actividades que sejam instrumentais, complementares, acessórias ou conexas daquelas.


Só fica por saber onde a caç..., perdão, o controlo de velocidade se enquadra. Qualquer uma das quatro é gira e, digamos, extensiva.

domingo, março 13, 2011

Sereia

And the days all float by and the days over waves
Under sky and the weeks slowly leak into years.
The last islands are all left behind
as we silently sail
Until late some dark night a wild wind starts to wail
And our map blows away and our compasses fail
And it's out on the lost boiling black water


where I see her float out
She's so thin and so pale.
I see her rise up.
she's so fast and so fair.
My hands knead and they press to a point in the air.
Then my mouth fills with a panicking prayer
My skull fills with more color than care.
Then my heart fills with love with too much love to bear.
And I know if I stay that she'll always be there
My hands soak in cold sand seaweed swam through her hair


sexta-feira, março 11, 2011

A homossexualidade é anormal, já cobrar 110 euros por uma consulta é das coisas mais normais deste mundo

Parece-me pertinente que alguém pergunte ao senhor Bastonário da Ordem dos Médicos qual é a sua posição perante os médicos homossexuais actualmente em funções? Como é possível que ele ache "normal" alguém inscrito na sua ordem fazer essas declarações, sem as desmentir, por um lado, e permita que alguém defeituoso, anormal, portador de taras, de condutas repugnantes e de higiene degradante (tudo com aspas, obviamente) exerça uma profissão de tão elevada responsabilidade pública e social, pelo o outro?

Às tantas o senhor Bastonário é o Gilberto Madaíl da Medicina e anda convencidíssimo que não há "dessa gente" na sua classe.
E a piada que eu acho à malta que mete (conscientemente) as mãos no fogo pela vida privada dos outros?!

quarta-feira, março 09, 2011

Se fosse Deus...

... um dia destes fazia uma visita à Sociedade Portuguesa de Autores. Chegaria o momento de, também eu, efectuar umas certas cobranças de direitos autorais ou de criação.
Para os apologistas da evolução, seria o australopitecos, ou outro ser - desde que metesse a SPA a subir pelas paredes, até podia ser um chato.

terça-feira, março 08, 2011

A arte de reciclar nostalgia



Um dos méritos deste "Nostalgia, ULTRA", é relembrar quanto a "Strawberry Swing" dos Coldplay é boa. É tão boa que esta "nova" vedeta do R&B, Frank Ocean, quase nem lhe toca e incluiu-a no seu LP de estreia. Chamemos-lhes um artista consciente. Consciente no sentido de ter entendido que qualquer batida ali, transformava uma grande canção numa azeitice pegada e de ter tido o bom gosto de ter aproveitado a intensa parte final, com Chris Martin a repetir o refrão.
Quase fez o mesmo com dois "clássicos" dos Eagles e dos MGMT, mas aqui o resultado acaba por não ficar tão interessante.
Outra grande virtude deste disco chama-se "Songs for Women", desta vez sem créditos a outras "bandas de culto", Frank Ocean constrói uma canção cheia de ritmo e harmonia que se cola facilmente aos ouvidos. Boa surpresa.

quinta-feira, março 03, 2011

Mais um sinal de escassa esperança nesta humanidade

Nada disto é novidade para ninguém: certos elementos de um grupo necessitam de humilhar alguém mais fraco para reforçar a sua credibilidade e o poder nesse grupo. É o teste que qualquer iniciado passa irrepreensivelmente. Não esqueçamos que não é só no Reino Unido que há hooligans.
Esse sentimento generalizado de impunidade perante grupos desta natureza é universal, basta termos o azar de cruzar com qualquer claque a caminho de um jogo de futebol. Por isso vale a pena levantar algumas questões. A desordem é desculpável se for feita organizadamente e (supostamente) sob vigilância policial? Qual é a diferença entre um hooligan escocês embriagado e um elemento da Super Dragões lúcido mas com os bolsos cheios de pedras?
Este episódio é (ainda mais) abominável, não tanto por todas as causas e consequências sociológicas deste mundo, mas por esse grave sinal de escassa esperança nesta humanidade, que é a infinita desilusão estampada no rosto de um sem-abrigo.

Todos terão a sua história, todos terão as suas razões que os levaram a viver à margem da sociedade, sem abrigo. Poucos estão nesta condição por opção e, por isso, imagino que desejem mais uma mão para os tirar dali, do que uma que os empurre para uma - mais uma - humilhação.

terça-feira, março 01, 2011