segunda-feira, maio 27, 2013

Da credibilidade das notas do IMDb, entre outras particularidades

Peguemos em dois filmes (com temática LGBT) recém estreados no festival de Cannes e comparemos os seus respectivos “ratings” dos utilizadores do (re)conhecido site IMDb.



“La Vie d’Adèle”, o grande vencedor do festival (Palma de Ouro) que contém (deduzo, entre muitas outras coisas interessantes) uma sequência de mais de 10 minutos de sexo entre duas raparigas, e que, segundo Vasco Câmara, foi “acabado à última hora, apresentado ainda sem genérico na competição do festival”, só estreia em França lá para Outubro, mas já foi visto até ao momento por 171 “IMDb users” (ou seja: toda a gente que foi a Cannes ver o filme e mais "alguns" são utilizadores do site!?) e 84 deles até deram nota máxima e 39, a mínima.



Já “L'inconnu du lac” do francês Alain Guiraudie (Prémio de Realização - Un Certain Regard), com um jogo de sedução entre dois homens à beira de um lago, estreia já no próximo mês (em França) e foi visto (até à data) por 25 “críticos” do IMDb - sendo que os internautas masculinos acharam-no bem menos interessante que os femininos (média de 5,8 vs. média de 8,6).

Não é preciso dizer mais nada, pois não?

O chamado síndrome do "Second Coming"

quinta-feira, maio 16, 2013

Never ending story

Dois parques de descanso desactivados na região de Viseu - um confrontado com o outro - cortam a paisagem de um dos troços do IP5 que sobreviveu à sua conversão em Auto-estrada das Beiras (A25) e que estabelece uma ligação em linha continua do litoral (Aveiro) à fronteira com Espanha (Vilar Formoso).

Enquanto que os troços remanescentes daquela que, atendendo ao grau de sinistralidade, chegou a ser considerada a estrada mais perigosa de Portugal e a 3ª a nível mundial, voltam a ser cada vez mais utilizados (sobretudo desde que foi decretado o início de cobrança de portagens na A25), já as respectivas áreas de descanso parecem continuar esquecidas ou, diria, até invisíveis aos olhos de quem por ali passa. A natureza tomou conta do local e tem dado o seu contributo para essa invisibilidade. Actualmente falta pouco para que deixemos de ver vestígios de civilização por ali.

O que a natureza não consegue camuflar são as memórias, pois estas devem continuar bem vivas nos pensamentos de quem frequentou em tempos este local. Nomeadamente os protagonistas dos vários episódios de excessos e hostilidades: de um lado, os engates entre homens (que toda a gente fez questão em catalogar e em confundir com uma orientação sexual – o Presidente da Câmara de Viseu da altura, entre outros, foi ainda mais longe), os utilizadores de um espaço público para práticas, digamos, mais privadas e por vezes obsessivas, ao ponto de invadir a privacidade de outros utilizadores que paravam naquele parque para os fins que ele foi efectivamente construído; do outro, os incomodados e os indignados com a situação provocada pelos primeiros e que inspirados pelo espírito salazarista, ao que consta ainda muito presente para aquelas bandas, e respectivas práticas dos bons costumes, decidiram sobrepor-se a qualquer força de ordem e segurança pública e organizaram uma milícia popular, com o intuito de varrer os “paneleiros” daquele local.
Do confronto, a comunicação social relatou que não foi coisa bonita de se ver num país supostamente civilizado. Muitos estragos materiais e, ainda mais, humanos.

Por isso, repito, podem mandar colocar vedações ou subir muros, podem deixar que a vegetação cubra totalmente o espaço, até podem mandar tudo abaixo, pois continuará haver, por mais uns bons anos, quem nunca esqueça aqueles parques de descanso e o que outrora ali aconteceu.

“Never ending story”, como tão bem resume aquele graffiti que encontrei numa daquelas paredes em ruínas. Parece mesmo não ter fim e solução à vista essa relação conflituosa entre a consciência dos limites da nossa sexualidade e o respeito e tolerância perante a (sexualidade) dos outros.

Contudo tenho sobre isto, pelo menos, uma certeza: pode haver uma ou mais formas de resolver os conflitos, mas sei que “construir cercas” à volta deles não é uma delas.

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