segunda-feira, dezembro 31, 2012

Uma espécie de mártir do punk rock



G.G. Allin is an entertainer with a message to a sick society. He makes us look at it for what we really are. The human is just another animal who is able to speak out freely, to express himself clearly. Make no mistake about it, behind what he does is a brain.
John Wayne Gacy*

Antes de se tornar internacionalmente conhecido, Todd Phillips, o realizador da saga “A Ressaca” (está a filmar a parte 3), “Starsky & Hutch” e “Road Trip”, fez um documentário sobre a vida de um dos punk rockers (e a sua banda) mais controversos da história da música. Para quem conhece os GG Allin & The Murder Junkies e os filmes de Todd Philips facilmente estabelece alguns pontos de contacto: o grotesco e o humor (a reedição de DVD de 2007 deste documentário veio acompanhado com uma tatuagem temporária idêntica a de GG Allin).


Os concertos dos GGA & TMJ ficaram conhecidos por nunca terminarem. Ou melhor, terminavam, com o seu vocalista a caminho de um hospital ou da esquadra mais próxima.
“Excessivo”, “bizarro”, “assustador”, ... Não era fácil  definir ou entender a “personagem”. Até um conhecido serial killer*, confessou ter dificuldades em lidar com ele. Ao contrário de outros artistas rock n’roll mais ou menos consagrados, GG Allin não incentivava a rebelião. Ele era a rebelião em pessoa. Neste documentário pode-se assistir a algumas cenas dos seus “espetáculos” ao vivo, onde incluia: auto-mutilação, defecação e coprofagia, agressão física contra a sua assistência, etc..
Ainda assim a banda foi sobrevivendo (e, sem ele, ainda sobrevive) aos inúmeros escândalos, peripécias e conflitos internos (Dee Dee Ramone chegou a integrar a banda).

O documentário também tenta descortinar as razões que levam um rapaz “normal” de uma vila pacata do estado de New Hampshire, se ter transformado em tão atormentado “animal”, ou melhor, “public animal no.1”, como também chegou a ser conhecido. Ele odiava a sociedade em geral, por a considerar “doente”. Acreditava que a única possível cura estaria no seu “rock n’roll”, sem limites, sem autoridade e totalmente irresponsável.

O mais irónico na história da vida de GG está no seu final. Por mais alienado e diferenciado que ele se considerasse, a sua vida não terminou de uma forma simbólica/heróica/atípica (no palco, como ele tanto prometeu; uma espécie de sacrifício em nome da salvação do rock), mas de uma “comum” overdose de heroína, como tantas outras “rock stars” que criticava.

sexta-feira, dezembro 28, 2012

domingo, dezembro 23, 2012

A realidade segue dentro de momentos





“Holy Motors” começa com alguém (o próprio realizador, Leos Carax) a levantar-se de uma cama (um sono quase eterno de 13 anos, depois da sua última longa: “Pola X”?) e a dirigir-se para o espaço ao lado: uma sala de cinema repleta de espectadores completamente imóveis. O que vêm eles? Algo parecido com o que se segue?
Há um homem que ao longo do seu dia de trabalho, desempenha vários e ambíguos papéis (a pedinte, a personagem de “motion capture” (3D?), o assassino que recria a vítima à sua imagem, o amante melodramático, o pai de família que vai buscar a sua filha com problemas de auto-estima a uma festa, ...) sempre transportado numa luxuosa limousine e a sua respectiva motorista. Cada papel poderá ter aqui a sua própria interpretação da realidade ou das novas formas de fazer cinema. Para isso Leos tanto recorre a imagens do quotidiano como do burlesco - num cemitério, durante uma sessão fotográfica, a personagem interpretada pela bela Eva Mendes é raptada por um pequeno “monstro-lunático” que a leva para o seu esconderijo subterrâneo e onde a “obriga” a desfilar com uma burka improvisada e a servir de almofada, quando ele decide descansar todo nu e de pénis erecto... Mas guardem um bocadinho dessa estupefacção para a cena final.
Um filme estranho e único, com várias cenas belíssimas e inesqueciveis, em que uma delas é puramente musical:

sexta-feira, dezembro 21, 2012

quinta-feira, dezembro 20, 2012

Um ano musical

Através de 30 escolhas, recapitula-se um ano musical e espelha-se uma heterogeneidade de gostos e tendências que certamente não deixará de surpreender alguns. Sobretudo os que por aqui passam com menos regularidade e que desconhecem a faceta versátil do autor. :)

30. Trust – Bulbform

Já não há muito a dizer dos Trust. Em suma, esta escolha ou, uma melodia vocal em sintonia perfeita com os sintetizadores.

29.
Sunglasses - Cold Showder

O melhor tema de “Wildlife”, LP de estreia desta banda de Indie Pop praticamente desconhecida (mas não devia).

28.
Presk - Cerano City

Mais um exemplo perfeito de que a fronteira entre o Techno-House e o Uk Garage são mínimas. Isto entretem-me tanto que já nem preciso saber o que o Joy O(rbison) anda a fazer.

27.
School of Seven Bells - Scavenger

A música que me fez voltar a querer ouvir SoSB... e a pegar no carro e começar a fazer perseguições.

26.
Girl Unit - Club Rez

Isto é só uma pequena amostra do poder actual do UK Bass. Tal vindo de quem já nem tem nada para provar nessa matéria.

25. Schoolboy Q - There He Go

Nem sei o que é melhor aqui, se a utilização de um sample de uma música dos Menomena, se todo o crescente “vibe” ao longo desta troca de palavras.
“Without a gun or knife, it's just a fuckin' hit”

24.
Grimes – Genesis

Também gosto muito da “Oblivion”, obviamente. Mas esta até parece a escolha mais óbvia, para além de ter o ritmo e o tempo simplesmente perfeitos.

23.
Dark Dark Dark - How It Went Down

Por mais que o seu nome pareça querer indicar o contrário, esta banda não faz só músicas depressivas... Esta por acaso até é um bocadinho. Mas vive quase exclusivamente da sua simplicidade.

22.
Gary Beck – Operation

Samba progressivo. Só podia ser um criativo produtor de Techno a inventá-lo.

21.
Om Unit - Dark Sunrise (feat Tamara Blessa)

Banda sonora dos subúrbios de Londres. Bass e Dub, e a Tamara fala em tempos de mudança. Aparentemente, tudo se encaixa por aqui.

20. Fau & Deam - Long Trip Around You

Uma verdadeira “trip” às investidas underground da música de dança. Lembram-se daquele hit do Rui Da Silva?

19.
Maximo Park - This Is What Becomes Of The Heart Broken

Agradável surpresa esta em que os MP deixam o piano dominar uma das suas melhores canções dos últimos tempos.

18.
Sleepyhead – Lrdhvmrcy

Ambientes nocturnos ao som de post-dubstep não são novidade para ninguém (Burial), mas este caso chega a arrepiar de tanto “realismo” transposto para uma música.

17.
Retro Stefson – Glow

Um colectivo multicultural islandês produziu um hino perfeito à boa disposição e ao mais inocente divertimento.

16.
John Maus - No Title (Molly)

Com tantas, boas e novas (Cold Showers, A Place to Bury Strangers, The Soft Moon, etc) possiveis escolhas alternativas, a minha canção Post-Punk do ano foi escrita à moda antiga e por um “veterano”.

15. Grizzly Bear - Half Gate

Mais uma belíssima canção dos meninos-prodígio do Indie Rock actual. Esta termina de uma forma apoteótica. Para entender a sua real dimensão, só mesmo ouvindo-a.

14.
John Talabot - So Will Be Now (feat. Pional)

Quem disse que a “dance music” é descartável? Quem disse que o House deve ser monótono e aborrecido? Quem disse que não há temas (Deep) House simplesmente magistrais?

13.
Beach House – Myth

Esta é “só” mais uma razão para elevar os BH ao topo da lista das melhores bandas actuais. Encontro aqui uma desvantagem: ficar demasiado habituado a tão exímio nível.

12.
Gossip - Love in a Foreign Place

Os Gossip, provavelmente sob influência das mais recentes "aventuras" da sua vocalista, deixaram-se contagiar pela música pop electrónica. Com isso ficamos todos a ganhar.

11.
Deadbeat – Alamut

No panorama da música electrónica, este ano também ficará marcado pelo facto de um dos melhores (senão, o melhor) produtores de Dub Techno ter regressado ao seu melhor nível. Pelo menos há este exemplo para o comprovar.

10. Kindimmer - Shadow & Construction
Um tema Tech-House orelhudo totalmente virado para as pistas de dança e com toda legitimidade para o assim ser. Só que certamente não será lá, no meio da “confusão”, que se conseguirá dar o justo valor a este “hit”.

9.
Twin Shadow - Run My Heart
Canção pop naturalmente rica em elementos nostálgicos (olá anos 80!) e que me agradam sobremaneira.

8.
TNGHT - Higher Ground
“Reaching for high… Reaching for high…”
Loops atrás de loops, mas não é Juke, é Hip Hop a um ritmo alucinante e nunca antes experimentado. A experiência funcionou mesmo em pleno.

7.
Kate Boy – Northern Lights

As comparações com os The Knife não se ficam pela nacionalidade e, até certo ponto, são mais que justificadas. A verdade é que mesmo hoje, depois de a ouvir umas boas dezenas de vezes sem me cansar, continuo a captar novos pormenores que me tinham escapado nas primeiras audições.

6.
Cormac - Narcosa (Jennifer Cardini's Vision Of Us Remix)

Será logo de valorizar qualquer processo de remistura de uma música que lhe atribua toda uma nova identidade. Fico ainda mais feliz se, adicionalmente, ela (a remix) se transforma em algo de trascendental (como é o caso). 


5. The Walkmen – Heaven

Não é fácil de escolher a minha faixa favorita do meu disco do ano. Podia dizer que ficava-me pelo tema-título para facilitar essa escolha, mas não é essa a verdade. A verdade é que esta canção pode não me levar, literalmente, aos céus, mas faz-me voltar a outros tempos...
“Remember, remember, / All we fight for.”

4. Nedry – Violaceae

De certa forma eu até entendo que os Nedry sejam subvalorizados. Já não se ouve Trip-Hop e a voz da vocalista não é “fácil” e, muito menos, elegante e nem sempre é a melhor combinação para o som da banda, admito. Mas felizmente encontrei algumas excepções.

3. Purity Ring – Saltkin

Os Purity Ring trouxeram mais ritmo e uma nova vida à “witchy eletronica”. Sim pode ser isso: bruxas a dançar a ao som do R&B mais futurista. Ora aqui está algo que não se vê todos os dias.

2. Lower Dens – Brains

Quase um ano depois de ter-me vindo parar aos ouvidos e continua a soar-me melhor que nunca. Uma canção que começa do nada e vai crescendo para tudo. Por vezes, sobretudo depois de a ouvir, continuo a ouvir o som daquele “tambor” na minha cabeça, horas a fio.

1. Hookworms - Teen Dreams

Tenho uma boa e má notícia. Começo pela má: a minha suposta música de 2012 foi editada em cassete (sério!) pela primeira vez em 2011, pelo menos é desse ano que vem o EP homónimo desta banda de Leeds, de onde foi retirado este tema. No entanto, os Hookworms só começaram a tornar-se mais conhecidos com os memoráveis (diz quem já assistiu) concertos que têm dado depois disso, sobretudo desde o passado verão. A boa notícia é que depois de eles terem anunciado que há um “Debut LP a chegar”, tornaram-se automaticamente numa das minhas grandes promessas de 2013. Bom aperitivo e o resto? Algumas gramas de Space-Rock, psicadelismo qb, umas pitadas de Krautrock, de Spacemen 3 e Spectrum e a iguaria está pronta a servir. 

terça-feira, dezembro 18, 2012

sábado, dezembro 15, 2012

Love hurts



“Amour” apresenta-nos um casal de octogenários, em que um se vê subitamente obrigado a cuidar do outro, que se vai debilitando ao longo do tempo. Portanto, à partida, obriga-nos a reflectir para além do envelhecimento, a debilidade, a doença e a morte.

Chega a ser um filme emocionalmente muito depressivo, sobretudo para quem tenha passado por uma experiência pessoal idêntica. Nesse ponto as excepcionais interpretações (sobretudo as do casal... se bem que é sempre bom ver a Rita Blanco a fazer de porteira prendada) são uma das grandes mais-valias da obra.



Por outro lado, “Amour” poderia ser só uma bonita história de devoção, na terceira idade, como tantas outras. Mas não o é porque temos que contar com as “impressões digitais” de Michael Haneke. São quase imperceptíveis, mas estão lá todas: a crueldade, a perversidade e o cinismo - para lá chegar é preciso compreender muito bem porque ele guardou para cena final aquela em que a filha entra no apartamento, já “limpo” e desabitado. 
São “só” três características humanas que o realizador tão bem conhece e tão bem reflecte no seu cinema. Mas quem quiser pode ficar-se só pela história de amor incondicional, que já não fica mesmo nada mal servido.

quarta-feira, dezembro 12, 2012

terça-feira, dezembro 11, 2012

A tua cara parece uma entranha

Momento fútil do dia com o patrocínio TVI & CM:


segunda-feira, dezembro 10, 2012

quarta-feira, dezembro 05, 2012

segunda-feira, dezembro 03, 2012

Festivais de verão são para meninos...



Festivais de inverno são para senhoras e senhores.
Podia limitar-me a sugerir duas das principais revelações deste ano do indie-pop-rock britânico: Alt-J e Django Django (22h45 e 23:05, dia 7 e 8 de Dezembro, respectivamente, ambos no Teatro Tivoli), ou, na electrónica, uma interessante surpresa e uma confirmação (para os mais distraídos: a revelação de 2010):  The 2 Bears e Light Asylum (23h45 e 00h05, dia 7 e 8, respectivamente, ambos na Sala Super Bock Super Rock - Ateneu Comercial de Lisboa), ou ficar-me pela marca nacional ou pelas belas paisagens minimalistas electro-folk de Noiserv (22h20, dia 8, S. Jorge - Sala Manoel de Oliveira)... 
Mas nem é preciso chegar a tanto, só o primeiro EP do duo pop nova-iorquino Ms Mr (Dia 8, 00:50, Estação do Rossio - Vodafone FM), vale o preço do ingresso (40 euricos, Vodafone Mexefest 2012 – Lisboa). Se forem tão bons ao vivo como em disco, temos o festival ganho.