“Ao contrário do que, muitas vezes, se pretende fazer crer, não está em causa o reconhecimento público de desejos ou preferências individuais, mas o relevo social da instituição familiar, a sua importância na perspectiva do bem comum e da harmonia social.”
Na edição da passada sexta-feira do Público, o jurista Pedro Vaz Patto, assim inicia a sua rol de argumentações contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Que credibilidade pode ter qualquer opinião, por mais bem que justificada ela possa ser – o que não quer dizer que seja este o caso - quando se parte de premissas descabidas: “Desejos ou preferências sexuais”? Vale a pena perder tempo com contra-argumentações quando do outro lado se continua a considerar que a homossexualidade é sinónimo de uma atitude mental casual ou de uma tensão momentânea? A não ser que o senhor jurista se esteja a referir a quem assim o pense e pratique, ou seja, a quem faz desta orientação sexual um mero passatempo fortuito e isento de compromissos e responsabilidades (e por vezes - tão vulgarmente esquecido - de sentimentos). É que se assim for, mais insignificante se torna esta discussão, já que a maioria desses sujeitos já estão legalmente impossibilitados de casarem com os outros que partilham os seus “desejos e preferências sexuais”. Não por serem do mesmo sexo, mas porque efectivamente já estão casados. E bem casados, de acordo com uma certa “harmonia social” que nunca será questionada, pelo menos enquanto houver juristas e outros “patos” a pensarem assim.
1 comentário:
Enquanto certas pessoas, principalmente as mais influentes, não entenderem ou não aceitarem que, na maioria dos casos, a orientação sexual não é uma opção, qualquer tentativa de atribuição de direitos será mais difícil de consumar. Até aqueles lunáticos americanos que afirmam "curar" a homossexualidade sabem, à partida, que não se trata de uma opção.
Enviar um comentário