sexta-feira, setembro 14, 2007

O amor tem futuro?

Não é socialmente aceitável não querer casar ou não ter uma relação. Isso deve-se ao facto de a ânsia pelo casamento estar tão profundamente entranhada no nosso subconsciente colectivo que constitui uma das nossas motivações pessoais mais poderosas. É a forma como tanto nos inspiramos como nos castigamos. Inspiramo-nos porque a ideia do casamento nos traz alegria e castigamo-nos por falharmos tão frequentemente no casamento.
Temos muitas relações que não são casamentos, mas no íntimo suspiramos pelo casamento e na nossa sociedade esta instituição sagrada é a norma de relacionamento.

O casamento transforma qualquer relação numa encenação, numa forma de passar o tempo da nossa vida, um empreendimento tradicional que nos agrada e distrai. Podemos sentir-nos cativados – e até temporariamente satisfeitos – com a forma familiar e as ternas convenções do casamento. Mas devemos recordar que é o amor, a energia profunda, bela e duradoura, que se encontra subjacente a todos os anseios e expectativas que levamos para as nossas relações. E as nossas almas, a parte divinamente imortal do nosso eu, querem mais. A alma quer profundidade, verdade e união e o apelo da alma, através de todas as novas formas de relacionamento que nos desprende dos laços da tradição, é o apelo a um amor maior.

Subscrevo algumas palavras de Daphne Rose Kingma no seu “O Futuro do Amor” – alguém próximo achou por bem oferecer-me este livro, pois é sempre bom ter prosperidade no “futuro do amor” quando o passado não foi lá muito prometedor – nomeadamente quando encara sem receios a ideia de que uma relação não tem que ser “perfeita”, ou que nada é eterno e que se vai ter mais que uma relação significativa na vida e dessa "nova" tendência de desligarmo-nos das tradicionais formas (de relações) e prendermo-nos mais aos seus conteúdos.
É sobretudo bom que entendamos isto: seja qual for o nome, uma relação é sempre uma forma de ligação com outro ser humano. É uma ligação que mostra não só o grau de distância que decidimos estar, mas também a singularidade do afecto que nutrimos por essa pessoa e o que esperamos que aconteça com ela na nossa vida. De vez em quando encontramos alguém com os propósitos coincidentes com os nossos.
Por mais assustadoras que pareçam estas palavras transcritas e todas as mudanças a elas associadas, tem-se que ter em conta que, como ela diz, a transformação das relações não significa a morte do casamento, significa antes que o casamento será glorificado. E eu diria credibilizado ou, mais importante ainda, consciencializado.

Estou a mais de meio deste pequeno livro e ainda não li nada sobre a promiscuidade nem sobre a descartabilidade das novas relações, mas só agora “ataquei” o capítulo das “Novas formas de amor” ou também por esta autora designadas: “Relações iluminadas” e ainda tenho esperanças que ela se faça esclarecer que, tal como "não há relações perfeitas", não há “futuros (amorosos) perfeitos”, para ninguém!

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