Há terminologias e há fenómenos que eu preferia simplesmente desconhecer. Não acho, no entanto, que a atitude de ignorá-los ou tentar desculpabilizá-los pela sua pequena adesão ou popularidade seja um caminho a seguir. Essa foi uma das opções tomadas face à extrema-direita ou à anorexia - só para dar dois exemplos distintos - e no entanto o número dos seus “simpatizantes” nunca deixou de aumentar. No seguimento de algumas reportagens publicadas em revistas portuguesas e estrangeiras, tomei conhecimento da existência de orgias homossexuais de Barebacking, de Bug Chasers e de Gift Givers. Em poucas palavras, por Barebacking entende-se a prática sexual sem uso de preservativo, a Bug Chasers Party, são festas onde há indivíduos que procuram ser infectados pelo HIV, e os Gift Givers são os respectivos doadores do mesmo. A “Gift”, como já se percebeu, é - tão-somente a doença que matou milhares de pessoas no final do Século XX e prossegue a sua chacina pelo Século XXI, sem uma solução para a sua cura à vista - a Sida.
Comecemos pela vertente mais “soft”. O Barebacking, como bem se sabe, não é uma prática exclusiva de alguns homossexuais. A prática de sexo inseguro está enraizada na cultura da humanidade e afecta todas as vertentes sexuais. Está mais relacionada com instintos básicos e “provas de confiança” inquestionáveis, do que com fenómenos bem localizados. As pequenas orgias, a que a revista Sábado se debruçou, demonstram isso. Para se participar nelas não é necessário a apresentação de resultados de testes recentes de despistagem do HIV, basta a confirmação verbal num qualquer “chat” (onde se começa a planear estas festas): “tou limpo”. Portanto: a luz verde para participar em orgias, onde se pratica sexo desprotegido, só entre “gente de confiança”, é fornecida por meio deste meio virtual em que uma verdade pode deambular no meio de um deserto de mentiras e ilusões para cativar o próximo, dominado por “heteros” e “casados curiosos”, dos eternos “virgens”, dos “activos” imunes ao HIV, etc.
Mas, incrivelmente, há pior que isto. Se há quem participe nestas festas com a (in)consciência de que pode ser infectado e mesmo assim arrisque. Também há quem procure exactamente essa fatalidade. As festas onde os Bug Chasers são convertidos em Gift Givers, são populares nos EUA. Conversion’s Party, Russian Roulette Party, Gang Bang Party. Os nomes são diferentes, de forma a distinguir o número de participantes portadores do vírus, mas o objectivo final nem por isso. Mas que razões justificam esta espécie de suicídio lento e perverso? A principal arma de defesa dos adeptos destas “modalidades” é a liberdade de escolha e a suprema autonomia sobre o que fazer com o próprio corpo e com a sua existência. Para além de que banalizou-se uma certa de ideia de que a Sida poderá ser uma doença crónica e que com a evolução da medicina nesta área, poderá-se fazer uma vida completamente saudável e normal. Sobretudo esta gente acredita que ser infectado com o HIV não é transtorno suficiente para levar uma vida sexual dependente do preservativo. É importante, para eles, verem-se desprovidos de responsabilidades na prática sexual seja com quem for, melhorando, assim, a sua qualidade de vida sexual. No sexo ninguém - e sobretudo estes grupos - gosta de pensar em doenças e responsabilidades. Isto explica, em parte, essa glamourização do Bareback.
Pois, ninguém pensará também, com a continuação da prática sexual desprotegida com outros elementos contaminados, que a reinfecção viral pode precipitar de forma drástica o avanço da doença. E muito menos pensarão que esse tal voluntarismo e autonomia para contrair uma doença mortal ultrapassam a barreira da questão da “liberdade de escolha pessoal”, quando a medicação e tratamentos a que vão estar sujeitos, não serão pagos (na totalidade) por eles, mas por todos nós, contribuintes.
Para além da referida irresponsabilidade, a mais importante ilação a retirar destes casos parece-me estar na forma como estes homens resumem a sua existência ao prazer que tiram do sexo. Não me parece haver grandes perspectivas, grandes ambições, grande auto-estima e muito menos inteligência. Há apenas sexo e essa missão de querer espalhar deliberadamente uma doença que uma parte do mundo acha que só infecta os outros e outra que se esforça em combater.
Comecemos pela vertente mais “soft”. O Barebacking, como bem se sabe, não é uma prática exclusiva de alguns homossexuais. A prática de sexo inseguro está enraizada na cultura da humanidade e afecta todas as vertentes sexuais. Está mais relacionada com instintos básicos e “provas de confiança” inquestionáveis, do que com fenómenos bem localizados. As pequenas orgias, a que a revista Sábado se debruçou, demonstram isso. Para se participar nelas não é necessário a apresentação de resultados de testes recentes de despistagem do HIV, basta a confirmação verbal num qualquer “chat” (onde se começa a planear estas festas): “tou limpo”. Portanto: a luz verde para participar em orgias, onde se pratica sexo desprotegido, só entre “gente de confiança”, é fornecida por meio deste meio virtual em que uma verdade pode deambular no meio de um deserto de mentiras e ilusões para cativar o próximo, dominado por “heteros” e “casados curiosos”, dos eternos “virgens”, dos “activos” imunes ao HIV, etc.
Mas, incrivelmente, há pior que isto. Se há quem participe nestas festas com a (in)consciência de que pode ser infectado e mesmo assim arrisque. Também há quem procure exactamente essa fatalidade. As festas onde os Bug Chasers são convertidos em Gift Givers, são populares nos EUA. Conversion’s Party, Russian Roulette Party, Gang Bang Party. Os nomes são diferentes, de forma a distinguir o número de participantes portadores do vírus, mas o objectivo final nem por isso. Mas que razões justificam esta espécie de suicídio lento e perverso? A principal arma de defesa dos adeptos destas “modalidades” é a liberdade de escolha e a suprema autonomia sobre o que fazer com o próprio corpo e com a sua existência. Para além de que banalizou-se uma certa de ideia de que a Sida poderá ser uma doença crónica e que com a evolução da medicina nesta área, poderá-se fazer uma vida completamente saudável e normal. Sobretudo esta gente acredita que ser infectado com o HIV não é transtorno suficiente para levar uma vida sexual dependente do preservativo. É importante, para eles, verem-se desprovidos de responsabilidades na prática sexual seja com quem for, melhorando, assim, a sua qualidade de vida sexual. No sexo ninguém - e sobretudo estes grupos - gosta de pensar em doenças e responsabilidades. Isto explica, em parte, essa glamourização do Bareback.
Pois, ninguém pensará também, com a continuação da prática sexual desprotegida com outros elementos contaminados, que a reinfecção viral pode precipitar de forma drástica o avanço da doença. E muito menos pensarão que esse tal voluntarismo e autonomia para contrair uma doença mortal ultrapassam a barreira da questão da “liberdade de escolha pessoal”, quando a medicação e tratamentos a que vão estar sujeitos, não serão pagos (na totalidade) por eles, mas por todos nós, contribuintes.
Para além da referida irresponsabilidade, a mais importante ilação a retirar destes casos parece-me estar na forma como estes homens resumem a sua existência ao prazer que tiram do sexo. Não me parece haver grandes perspectivas, grandes ambições, grande auto-estima e muito menos inteligência. Há apenas sexo e essa missão de querer espalhar deliberadamente uma doença que uma parte do mundo acha que só infecta os outros e outra que se esforça em combater.
2 comentários:
Esse fenómeno é inclassificável e deplorável. Como bem referes, não diz respeito apenas a quem a pratica.
«não diz respeito apenas a quem a pratica.»
Havendo consentimento esclarecido entre os parceiros, é uma questão do foro íntimo de cada um. Muito mal estaremos no dia em que se proibir ou punir o barebacking, é sinal que deixamos de ser livres.
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