Era uma vez um palhaço velho e resmungão que não achava graça quando lhe chamavam pelo seu nome próprio. Este palhaço nunca pôde ser mais do que aquilo para o qual dizia ter aptidão: dizer/fazer umas “palhaçadas”, em que a parte imberbe da assistência se ia rindo, enquanto a outra ficava indiferente, à espera de um número mais aliciante. Não podia domar animais, não podia fazer acrobacias de alto risco, não podia ser contorcionista, porque não teria competência para tal. Não deixava de ser um artista, mas querendo ser “o” artista – e para os outros ele era só um palhaço -, o destino fez dele um profissional sem consciência das suas limitações.
Num dia, quando o dono do circo disse que iria proceder a um reajustamento nos royalties, em função da rentabilidade de cada um dos seus trabalhadores, o palhaço foi o único que contestou. Desesperado, com receio de perder certas regalias que até então nunca lhe tinham sido sequer questionadas, ameaçou ir-se embora, sem não antes ter pedido um parecer ao seu público mais fiel. Como era de calcular: as crianças berraram pelo seu palhaço! Pretendeu com isto, nem tanto, um reforço da (sua) razão, mas sobretudo do ego - que inchava na mesma proporção da sua barriga e dos seus bolsos. Foi à conta dele (o seu ego) – e nem tanto do seu profissionalismo e atributos - que fez carreira.
Como um espectáculo com polémicas e sem um palhaço de serviço não vende bilhetes, o director do circo acabou por abandonar a sua irreverente iniciativa. A vida deste circo prossegue, sustentado por alguns números novos e com o velho número do palhaço velho lá pelo meio. O palhaço velho e resmungão que não achava graça quando lhe chamavam pelo seu nome próprio.
Num dia, quando o dono do circo disse que iria proceder a um reajustamento nos royalties, em função da rentabilidade de cada um dos seus trabalhadores, o palhaço foi o único que contestou. Desesperado, com receio de perder certas regalias que até então nunca lhe tinham sido sequer questionadas, ameaçou ir-se embora, sem não antes ter pedido um parecer ao seu público mais fiel. Como era de calcular: as crianças berraram pelo seu palhaço! Pretendeu com isto, nem tanto, um reforço da (sua) razão, mas sobretudo do ego - que inchava na mesma proporção da sua barriga e dos seus bolsos. Foi à conta dele (o seu ego) – e nem tanto do seu profissionalismo e atributos - que fez carreira.
Como um espectáculo com polémicas e sem um palhaço de serviço não vende bilhetes, o director do circo acabou por abandonar a sua irreverente iniciativa. A vida deste circo prossegue, sustentado por alguns números novos e com o velho número do palhaço velho lá pelo meio. O palhaço velho e resmungão que não achava graça quando lhe chamavam pelo seu nome próprio.
1 comentário:
lol Todos nós conhecemos um desses palhaços velhos. Excelente texto, como sempre.
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