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Há quem pague 50 euros só para ver Pearl Jam, há quem pague a mesma quantia para assistir a vários concertos (de preferência, inteiros), mas haverá quem pague para assistir a um "festival de amostras"? Amostras, será o que se pode ver do desastroso resultado da programação em simultâneo de bandas de calibre e géneros similares.
Serei o único a ver uma grande diferença entre pagar para ter e desfrutar, e pagar para ter e optar? Quando se compra um carro, há os elementos de série e de opção. Os primeiros estão incluídos no preço base do bem e os segundos são pagos em acréscimo. Ora, na compra de um bilhete para um festival, as bandas em cartaz são todas "de série", porque caso contrário haveria bilhetes diferentes para cada uma das variadíssimas opções. O que se propõe com este tipo de programação é o mesmo que comprar um carro com ar condicionado de série e ele ser incompatível com o leitor de CD's (também de série). Portanto, carro pago, mas depois: ou fresquinho ou musiquinha! Isto faz sentido?
Há limites para um "festivaleiro" gerir os horários de um cartaz. Ver 25 minutos de The XX, para depois ir a correr para o palco principal para assistir só à abertura de Kasabian, pois o grande Matias Aguayo (e a sua Band) começa, noutro palco, dez minutos depois, é só um exemplo, entre tantos, de que até uma boa gestão de horários não faz milagres - a não ser que o bilhete venha com o poder da ubiquidade integrado e ninguém me avisou. E isto se não houver atrasos!
Alguns festivais de música em Portugal estão de facto a apostar na quantidade e isso seria bestial se não houvesse alguma imaturidade nos critérios da distribuição das bandas e dos respectivos horários. Para além de que, bandas novatas mas em notória ascensão como The XX, La Roux, Gossip, Simian Mobile Disco, Miike Snow, etc., nunca deviam ser remetidas para um palco secundário, em concorrência directa com bandas mais populares (ou de culto) do palco principal. Não é desprestígio. É desperdício (de talento).
De facto, não se é um Coachella ou um Primavera em 4 anos, mas sempre podia-se aprender um pouco mais com a história dos festivais de música que explicam a sua evolução com o incremento de bandas em cartaz.