Tendo em conta as restantes 14 performances da 1ª semifinal do ESC, não me chocou mesmo nada que Portugal tenha passado à final.
Na verdade, até acabou por ser uma boa surpresa que, por entre tanta desafinação e várias canções parolas, aquele palco tenha sido invadido, por cerca de 3 minutos, pelo espírito de uns novos The Beatles wannabes.
Enquanto isso, num comício, durante um dos seus discursos alucinados, o líder do Chega tinha uma espécie de um espasmo e foi levado desmaiado para o hospital. Em matéria de fatalidades a acontecer aos nossos extremismos, isto é o melhor que temos para oferecer ao mundo.
Portugal às vezes chega a ser tão alternativo que por momentos penso que estou só a assistir a umas cenas de um filme do Paul Thomas Anderson.
Há diferença entre
ser alvo de humor e de bullying, ou para ser mais claro, há diferença entre as
acções de ridicularizar um mau momento "artístico" (ou só mais um ego
inflado) e uma humilhação?
Diz que sim e é abismal, não só ao
nível da capacidade das "vítimas" recepcionar as mesmas, mas sobretudo
nas verdadeiras intenções de quem as executa.
Os compradores portugueses afundam-se no desespero da caça por uma casa que não esteja a um preço obscenamente inflacionado. Estão completamente impedidos de competir com estrangeiros com bolsos fundos e/ou acesso facilitado a benefícios estatais. Os bancos, impiedosos, aproveitam a descida temporária das taxas de juro para atrair incautos, mantendo, no entanto, spreads vergonhosamente elevados. Os agentes imobiliários, por sua vez, engordam as carteiras neste festim de procura desenfreada, ignorando sem pudor quem tem menos poder de compra e legitimando preços absurdos como se fossem o novo normal. E claro, os vendedores juntam-se a este circo especulativo, atirando para cima mais uma camada de delírio nos valores pedidos.
E o Estado? Não faz nada? Faz, sim senhor. Empurra para o mercado terrenos rústicos, disfarçados de solução milagrosa, que rapidamente se transformam em "imóveis para investimento" ou "com potencial de renovação" — ou seja, autênticas ruínas a preços de ouro. E como se não bastasse, estas casas a cair de podre já estão a ser vendidas a valores que fariam corar imóveis em bom estado. E o pior é que o absurdo continua, sem fim à vista.
A notícia desta noite é que o Festival da Canção de 2025 acabou de dar à luz um nado-morto. Ninguém estava à espera deste desfecho, nem os próprios vencedores.
Após tantas edições já não será surpresa para ninguém, mas este ano o acontecimento acabou por se tornar fatídico no resultado final. A ocorrência pode ser resumida a isto: a votação do júri regional do Festival da Canção é tendenciosa perante os artistas da sua região. Um exemplo claro disso foi o júri da Madeira ter dado a pontuação máxima aos artistas da sua região: os Napa... E isso acabou por ter algum peso na votação final, onde o favoritismo era distribuído por vários artistas, onde NUNCA se incluiu os Napa. Por uma razão aparentemente simples: não interpretam uma canção indie pop suficientemente relevante para um evento desta natureza. (Nesse campeonato ficaríamos até bem mais bem servidos com a canção da Capital da Bulgária, que injustamente nem esteve presente nesta final.)
Para além do grande desfasamento entre as preferências dos jurados e do público, diria que a organização deste certame deveria prestar alguma atenção a esta questão do voto tendencioso no "artista da terra", que está a fazer escola na classe dos jurados, onde supostamente deveria haver isenção. Já basta esse fenómeno acontecer de uma forma incontrolável no público.
A não ser que se pretenda não alinhar o festival com a Europa mas com a parolice. Se assim for, até já estão bem encaminhados.