terça-feira, agosto 18, 2009

Portugal bucólico, versão Agosto 2009 I

O caminho que as águas do Rio Zêzere percorrem desde da Serra da Estrela, onde nascem, até Constância, mais propriamente no Rio Tejo, onde desaguam, é sempre feito por paisagens deslumbrantes e por um património natural inigualável, que fazem do segundo maior rio inteiramente português, um dos mais belos deste país. Nem as três barragens que instalaram ao longo da sua extensão estragam a fotografia. Mesmo que ela seja tirada por uma câmera de vídeo, como infelizmente é o caso. Portanto há que dar o desconto a este facto e tentar imaginar que as cores reais são bem mais apelativas.
Por esta altura do ano as praias fluviais que banham o Zêzere e seus afluentes são claramente uma boa alternativa às enchentes das suas congéneres do litoral. Mesmo assim não deixam de marcar presença, em algumas destas praias, as famílias “numerosamente” barulhentas e os emigrantes franceses e suíços que fazem questão de partilhar com toda a comunidade de banhistas a sua língua de recurso, que é uma espécie de francêsaportuguesado, muito usada por esta zona do centro-beiras no mês de Agosto. N’est ce pas, amigôs?
No entanto se este fosse o maior inconveniente de algumas praias fluviais estaríamos nós efectivamente no paraíso, mas a questão é que cheguei a deparar-me com algumas situações de maus acessos, indicações nulas ou minimalistas, instalações medíocres e algumas deficiências a nível de segurança. É certo que quem recorre a estas praias não pode esperar ter as mesmas condições de uma praia comummente designada “normal”. Estou também convicto de que alargaram demasiado o âmbito da definição de “praia fluvial” ao ponto de alguns espaços com tal designação não serem mais do que uma piscina pública - a Praia das Rocas, em Castanheira de Pêra, é a primeira praia que conheço onde se paga para entrar e em que se faz a sua respectiva limpeza com cloro! Onde já vi isto? Também vi alguns casos em que a tal “praia” não era mais do que uma espécie de tanque com um riacho nas extremidades (Ana de Aviz, Aldeia Ruiva, entre outras). Mas, por outro lado, também deparei-me com algumas das mais bonitas praias de Portugal. E tudo isto para dizer que da Praia das Rocas à Praia do Poço Corga, há muito mais do que os 3 Km´s reais a separá-las.

O percurso começou por uma recém-congratulada com uma "Bandeira Azul": a Praia de Aldeia do Mato (junto da albufeira da Barragem de Castelo de Bode). Os seus bungalows modernos nas encostas marcam a paisagem; qual aldeia de xisto, malta, isto é que é o verdadeiro turismo rural do século XXI! (ironic mode)
Segui em direcção a Sertã, fazendo um desvio para Proença-a-Nova de forma a poder visitar as praias de Aldeia Ruiva e Malhadal. A primeira ganha nas infra-estuturas adjacentes, a segunda na paisagem. Regresso ao IC8 em busca da gigantesca Barragem do Cabril e de alguma praia que me encantasse na zona de Pedrogrão Grande. Mal sabia eu que a boa surpresa viria só depois de passar por Figueiró dos Vinhos. Depois de ter dado um mergulho na Praia de Ana de Aviz (boas condições mas excessivamente frequentada) "subo" até à belíssima Praia das Fragas de S. Simão. Aqui finalmente sinto o ambiente bucólico que estava a espera de encontrar numa praia desta natureza e tudo o resto pareceu-me perfeito: agua límpida, florestação abundante e com serviços de apoio básicos.



Parto em direcção de Castanheira de Pêra. A Praia das Rocas fica no interior da vila e, por tal, acabou por ser a praia mais facilmente localizável. Das praias que visitei é, também, a que apresentou melhores condições de segurança, o melhor serviço de bar e nadadores-salvadores em concentrado. Um verdadeiro "luxo" a cerca de 5 euros por entrada.


Já a caminho da Serra da Lousã podemos encontrar a Praia de Poço Corga. Esta magnífica praia é o local ideal para terminar um dia em cheio. Com um bom restaurante e um parque de campismo mesmo ali ao lado, o que é que podia pedir mais? Só mesmo adormecer ao som da água a descer pelas cascatas da praia. Foi tal e qual. Mas só depois de um bando de putos campistas "charrados" ter deixado de fazer barulho do outro lado do rio.



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