As escolhas que
cada um faz ao longo da vida pode ter um ou mais propósitos, que por vezes não
são muito evidentes... Até para o próprio, ou, pelo menos que ele o admita.
Parece-me óbvio que o objectivo final é a felicidade plena, seja lá o que isso
signifique. O que é preciso é ir à procura dela e, como em tudo, há uns que
vão, literalmente, mais longe que outros.
É este,
aparentemente, o espírito de “Portugueses Pelo Mundo” (RTP1). Há quem emigre
por força das circunstâncias e há quem emigre por uma grande vontade de
“mudança” na sua vida.
Ao que parece os
motivos de ordem profissional podem servir de justificação para uma estratégica
mudança de nacionalidade. Poderá certamente ser um desafio estimulante com a
promessa de uma carreira promissora... Mas será só mesmo isto? A esse nível,
face o que cada um desses países pode oferecer actualmente, será que um homem
português começa uma nova vida num país de leste ou no Brasil só com o intuito
de “estimular” o seu percurso profissional? Se não conhecesse algumas
características de uma boa parte da “fauna” feminina desses países, até
acreditaria. Aliás, com essa junção da “fome” com a “vontade de comer”, já
ninguém devia ficar surpreendido com a facilidade com que o típico ’tuga
encontra a sua alma gémea em Bucareste, em Praga, em Rio de Janeiro, etc.
Não deixa de ser
interessante constatar ao longo desta longa série de programas o facto das
pessoas mudarem de país, para depois passarem uma boa parte do seu tempo livre
à procura de vestígios e semelhanças culturais com o seu país de origem. Olha o
vinho alentejano e o azeite português, é a noite de “fado amador” no clube
nocturno da zona, é aquela colega de trabalho que aprendeu, com alguma
dificuldade, umas palavras na lingua de Camões, etc. A realidade da
multiculturalidade (e da globalização) das grandes cidades cosmopolitas é algo
que parece continuar a surpreender alguns destes “Portugueses Pelo Mundo”.
Depois chega a
vez das rotinas servidas em “menu” local: as refeições, as festas privadas, as
partidas de futebol com o círculo de novos amigos (a maioria também
estrangeiros), jantar fora com o/a namorado/a, assistir a um concerto de música
clássica ou ir à discoteca mais “in” da cidade (vejam tanta luz e tanta gente
bonita a posar para as câmaras e oiçam este som moderno enquanto bebemos uma
taça de champanhe), ou então é hora de ficar pelo bar a emborcar shots, ...
Portanto, tudo coisas estranhas, inéditas e impossíveis de ser concretizadas em
Portugal.
Ok, eu entendo, o
mundo mudou, os tempos e as dificuldades de adaptação são outras e a fase de
integração foi perfeitamente superada. Ainda bem.
Ainda bem para
todos: eles que estão nitidamente mais felizes e nós mais esclarecidos, já que
ficamos a saber como é ser feliz a fazer praticamente as mesmas coisas que se
fazia no país em que eram “tristes”. E pelo meio ainda temos a sorte de poder
apreciar alguns monumentos locais.
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