(...)
Vai então que ela
diz aos amigos, em voz muito alta, que não queria sobremesa, que ia meter-se no
carro e ficar sozinha em casa a ler. Disse aquilo tudo de maneira que ele a
ouvisse e ficasse a saber que não havia marido nem filhos por perto. Ela conhecia
o empregado do bar e sabia que ele passava ao tal sujeito o endereço dela. Foi
para casa, enfiou um roupão e às tantas tocou a campainha e lá estava ele. E
então mesmo ali na entrada ele desatou a beijá-la, a pôr a mão dela na piça
dele e a despir as calças, mesmo ali na entrada, e então ela reparou que se ele
era realmente muito bonito era também muito porco. Disse que ele não devia
tomar um banho há mais de um mês. Mal lhe chegou aquele pivete, ela errefeceu
um bocado e começou a pensar numa maneira de o levar para o duche. Então ele
continuou aos beijos e a tirar a roupa e o cheiro cada vez pior e então ela
sugeriu que talvez ele quisesse tomar um banho. Vai então ele ficou furioso e
disse que o que precisava era de uma cona e não de uma mãe, que a mãe dele lhe
dizia quando é que devia tomar banho, que não andava pelos bares à procura de
putas para que elas lhe dissessem quando é que devia tomar banho ou cortar o
cabelo ou lavar os dentes. E então vestiu-se e foi-se embora e ela contou-me
tudo para me mostrar que isto de andar por aí no engate tem muito que se lhe
diga.
(…)
“Falconer”, John Cheever – Sextante Editora
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