Este não será o
primeiro (nem o último) filme “minimalista” a não fornecer qualquer tipo de
referência de tempo ou espaço aos telespectadores. Nem será propriamente
original na forma como nos remete, logo desde os primeiros segundos de
película, para o centro de uma espécie de experiência sociológica, onde é
possível observar a espécie humana a interagir numa situação limite. No
entanto, este “Circle” nunca deixa de surpreender.
Cinquenta pessoas
posicionadas em forma circular acordam numa sala escura. Logo nos primeiros
minutos são confrontadas com as “regras do jogo”, sendo que a mais importante é aquela
que estipula que de dois em dois minutos alguém tem que ser eliminado, que é
como quem diz: ser morto, mas cada um dos concorrentes tem esse poder (de voto)
de eliminação de outrem (ou de suicídio).
O interesse do
“jogo”, ou inclusive do próprio filme, começa justamente com as tentativas de
persuasão de cada um e com a troca de argumentos - se por um lado há quem se
refugie nos preconceitos, também surge abundantemente as ordenações
politicamente correctas, mesmo que por vezes algumas delas venham a ser
desmascaradas lá mais para o final. Por uma questão de sobrevivência, tudo é
possível. Acho até que por tal razão, este filme acaba por ser mais um interessante “case study”
político que uma atípica experiência social.
Os dois
realizadores de “Circle” até admitem algumas influências de “12 Angry Men” de 1957, e isso também pode não chegar para o elevar ao estatuto de filme de culto, ao nível de um
“Cube” de 1997, por exemplo. Estes também são outros tempos e já não ficará nada mal se
ficar catalogado como o melhor “sci-fi com twist” que a Netflix comprou até à
data.
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