Parte de uma
história “normal”, onde encontramos dois irmãos gémeos meio perdidos entre as
suas brincadeiras tipicamente (nem tanto da nossa actualidade) de crianças, no
exterior da sua moderna e grande casa no meio do campo, e o regresso de uma mãe
irreconhecível, em todos os sentidos, após uma cirurgia facial.
Depois, “Goodnight
Mommy” ,"Ich seh, Ich seh" (título original – qualquer coisa como um mais
interessante “eu vejo, eu vejo”, a remeter-nos para a revelação final e o confronto
dos sentidos ver/sentir), da dupla austríaca semi-estreante Severin Fiala e
Veronika Franz e que teve estreia por cá na mais recente edição do IndieLisboa,
passa por uma fase de obsessão daquelas crianças para essa ideia inicial de que
aquela mulher não é a sua mãe. Esta revela-se perante o telespectador também
como uma estranha, sobretudo (estranhamos) quando tem um comportamento tão
diferenciado perante cada um dos seus dois filhos.
Há uma atmosfera
de suspense, um quase thriller psicológico que nunca chega a ser propriamente concretizado
ou visionado, nem no seu clímax. Há antes uma opção típicamente herdada pela “escola
austríaca”, aka Michael Heneke, de revelar o terror pelo seu lado mais cru e
macabro: a tortura física. Sem rodeios, sem auxílio a uma banda sonora, sem
sustos, sem histerismos.
Este filme é tudo
isso: terror mudo, em todo o seu esplendor, brutal, inteligente e magnífico.
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