Demasiadas
pessoas estão alheadas da política porque não conseguem distinguir os políticos
nem os respectivos partidos. Os grandes partidos disputam o centro, como se
esse espaço tivesse algum significado. Como se fosse sinónimo de sensatez. Ora,
países como a Grécia ou Portugal, que praticamente sempre foram governados por
partidos do centro, estão na situação que estão hoje justamente por terem sido
tomadas medidas muito pouco sensatas. Esses partidos evitam diferenciar-se do
seu mais directo rival e renunciam à sua matriz ideológica com receio de perder
eleitorado (mas depois surpreendem-se com o crescimento dos partidos mais
extremistas).
O que está a
acontecer na actualidade política portuguesa é inédito porque finalmente se
constatou que a democracia vive sobretudo da diferença e para que ela – a
democracia - não seja posta em causa é necessário que os partidos assumam
claramente os seus projectos para a sociedade e se diferenciem, renovando a sua
base ideológica, assumindo os seus traços distintivos. Ao contrário do que a
maioria dos analistas políticos já profetizaram, este reforço e confronto de
posições (esquerda vs. direita) pode trazer benefícios para a nossa
democracia. Nem que seja porque sabemos que a partir daqui, pouco ou nada vai
ser como dantes.
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