segunda-feira, novembro 23, 2015
segunda-feira, novembro 09, 2015
Uma corrente de ar de mudança
Demasiadas
pessoas estão alheadas da política porque não conseguem distinguir os políticos
nem os respectivos partidos. Os grandes partidos disputam o centro, como se
esse espaço tivesse algum significado. Como se fosse sinónimo de sensatez. Ora,
países como a Grécia ou Portugal, que praticamente sempre foram governados por
partidos do centro, estão na situação que estão hoje justamente por terem sido
tomadas medidas muito pouco sensatas. Esses partidos evitam diferenciar-se do
seu mais directo rival e renunciam à sua matriz ideológica com receio de perder
eleitorado (mas depois surpreendem-se com o crescimento dos partidos mais
extremistas).
O que está a
acontecer na actualidade política portuguesa é inédito porque finalmente se
constatou que a democracia vive sobretudo da diferença e para que ela – a
democracia - não seja posta em causa é necessário que os partidos assumam
claramente os seus projectos para a sociedade e se diferenciem, renovando a sua
base ideológica, assumindo os seus traços distintivos. Ao contrário do que a
maioria dos analistas políticos já profetizaram, este reforço e confronto de
posições (esquerda vs. direita) pode trazer benefícios para a nossa
democracia. Nem que seja porque sabemos que a partir daqui, pouco ou nada vai
ser como dantes.
sexta-feira, novembro 06, 2015
domingo, novembro 01, 2015
Mas quem será a mãe das crianças
Parte de uma
história “normal”, onde encontramos dois irmãos gémeos meio perdidos entre as
suas brincadeiras tipicamente (nem tanto da nossa actualidade) de crianças, no
exterior da sua moderna e grande casa no meio do campo, e o regresso de uma mãe
irreconhecível, em todos os sentidos, após uma cirurgia facial.
Depois, “Goodnight
Mommy” ,"Ich seh, Ich seh" (título original – qualquer coisa como um mais
interessante “eu vejo, eu vejo”, a remeter-nos para a revelação final e o confronto
dos sentidos ver/sentir), da dupla austríaca semi-estreante Severin Fiala e
Veronika Franz e que teve estreia por cá na mais recente edição do IndieLisboa,
passa por uma fase de obsessão daquelas crianças para essa ideia inicial de que
aquela mulher não é a sua mãe. Esta revela-se perante o telespectador também
como uma estranha, sobretudo (estranhamos) quando tem um comportamento tão
diferenciado perante cada um dos seus dois filhos.
Há uma atmosfera
de suspense, um quase thriller psicológico que nunca chega a ser propriamente concretizado
ou visionado, nem no seu clímax. Há antes uma opção típicamente herdada pela “escola
austríaca”, aka Michael Heneke, de revelar o terror pelo seu lado mais cru e
macabro: a tortura física. Sem rodeios, sem auxílio a uma banda sonora, sem
sustos, sem histerismos.
Este filme é tudo
isso: terror mudo, em todo o seu esplendor, brutal, inteligente e magnífico.
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