segunda-feira, dezembro 26, 2016

Balanço do ano musical (álbuns)



Viva! Após ter completado praticamente um ano de clausura cibernética ao nível de magazines, blogues e fóruns online, entre outros sites de música e artes em geral, cá estou eu de regresso para fazer o balanço de um ano atípico.
Uma radical mudança que ocorreu na minha vida profissional obrigou-me a ter que tomar a decisão de reduzir substancialmente a minha vida online em detrimento, por exemplo, de poder continuar a explorar os meus gostos musicais. Para além do factor tempo, esta minha experiência também pretendia demonstrar o quanto os meus gostos poderiam ser influenciados pela crítica musical e pelo nível de consagração do respectivo artista.
Durante este ano tratei todos os discos que ouvi de maneira igualitária e tentei não deixar que factores mediáticos influenciassem os meus gostos. Por isso não me surpreende mesmo nada que prestigiados artistas (Bowie, Cohen, Cave, Radiohead), óbvios “front runners” de um ano fatídico para alguns deles, acabarem por não marcar presença na minha lista. O Soundcloud, o Spotify e, sobretudo, o Bandcamp, foram mesmo os meus principais e, praticamente, únicos meios de descoberta destas escolhas de 2016.
Findo o ano, analisando e comparando com algumas listas, surpreende-me muito menos uma certa tendência homogénea da maioria das listas oficiais, de resto, já esperada, do que o reconhecimento da qualidade artística da irmã mais nova de Beyoncé, Solange Knowles. Passando à frente das letras daquelas magníficas canções sobre o orgulho negro e da voz que as acompanham, sobretudo saliento aqui o triunfo da arte sobre a performance, do conteúdo sobre a embalagem. Como se pode constatar, as minhas tendências mais indie e postpunk acabaram por prevalecer sobre o seu disco, ainda assim, não poderia deixar de notabilizar esse facto e de reconhecer que estou perante um dos discos R&B mais importantes dos últimos anos.

Seguem-se então as minhas escolhas no que diz respeito a álbuns.

20. Palmistry - Pagan
19. Hante. - This Fog That Never Ends
18. Usher - Hard II Love
17. Yes Alexander - Kyanite
16. Rihanna - ANTI
15. Moderat - III
14. Suede - Night Thoughts
13. The Radio Dept. - Running Out Of Love
12. Autoheart - I Can Build A Fire
11. Angel Olsen - MY WOMAN

10. Shura - Nothing's Real
9. Death In Vegas - Transmission
8. Glass Animals - How To Be A Human Being
7. Flowers - Everybody's Dying to Meet You
6. Tegan and Sara - Love You to Death

5. Wray - Hypatia
4. So Pitted - Neo
3. Solange - A Seat at the Table
2. DIIV - Is the Is Are
1. Ulrika Spacek - The Album Paranoia


sábado, junho 04, 2016

Era só para dizer que estou muito satisfeito...

por não se terem lembrado de mandar abater todos os ursos daquela floresta onde o puto japonês foi abandonado pelos pais.

domingo, janeiro 03, 2016

O melhor de 2015 - Filmes



10. The Revenant, Alejandro González Iñárritu

9. Mia Madre, Nanni Moretti

8. Blind, Eskil Vogt

7. Ex Machina, Alex Garland

6. Me and Earl and the Dying Girl, Alfonso Gomez-Rejon

5. The Boy, Craig William Macneill

4. Goodnight Mommy / Ich seh, Ich seh, Severin Fiala & Veronika Franz

3. Room, Lenny Abrahamson

2. Carol, Todd Haynes

1. Victoria, Sebastian Schipper

Sensibilidade suprema

Carol” vai muito além de um drama de época ou de uma atípica (para aquela altura) história de amor/atracção entre duas mulheres, sobretudo graças ao minucioso trabalho de Todd Haynes. Há um engenhoso realce dos detalhes (os objectos, os gestos, os olhares, etc) e um permanente estímulo a quase todos os sentidos. 
Obviamente que também muito se deve ao excelente trabalho da dupla de actrizes Blanchett e Mara. Mas nada disto seria o mesmo sem o rigor e sensibilidade de alguém com uma extraordinária capacidade para captar a discrição de um momento, como o das escassas lágrimas que escorrem dos seus rostos, através do vidro embaciado de um carro andamento. Não há outro realizador (vivo) a filmar com este nível de elegância e requinte em Hollywood. Nem em Hollywood nem em qualquer outro lugar deste planeta.