sexta-feira, junho 23, 2006

Conversa entre duas mulheres... de verdade

- Estás com bom aspecto hoje...
- Porquê?... nos outros dias não estou?
- Não é isso, é que hoje pareces mesmo uma mulherzinha de verdade! Não exageraste na maquilhagem... Estás cada vez mais parecida comigo. Até na maneira de vestir...
- Sabes que sempre foste a minha referência para a mulher que nunca serei... mas vou tentando. O facto de sermos irmãos também ajuda.
- Eu perdi o meu irmão querido mas ganhei uma irmã quase gémea e uma grande amiga. E tu, o que ganhaste?
- Juízo, se calhar não foi. Sei lá... ganhei um novo género e capacidade de resistência para suportar algumas adversidades consequentes.
- E homens?
- Também.
- Mas para isso não precisava de mudar de nome e colocar mamas de silicone.
- Homens de verdade?
- O que são homens de verdade?
- Mais que ninguém tu sabes... a tua transformação... ou estou enganada?
- Se um homem de verdade é aquele em que a sua mente nunca entra em conflito com o seu próprio corpo, então não estás. Não sou um homem de verdade, nem sou uma mulher de verdade! Mas na verdade, que merda serei eu?
- Se calhar podes ser isso tudo simultâneamente...
- Vê la se te decides, querida.
- Esquece... sabes bem do que falo. Tu própria já usaste este termo em conversas comigo, na tua pré-história, quando andaste perdida pelo meio gay. Não podes negar aquilo que efectivamente procuras... mas o que queria saber, é se tens encontrado?
- Não e sinceramente tenho medo que encontre um, que me apaixone por ele de tal forma que fique sujeita a fazer-lhe todas as vontades, a suportar todos os seus vícios, a desculpar todas as suas infidelidades e por aí adiante. Tudo isto sem reclamar e correndo o risco de um dia te aparecer à frente com um olho negro.
- Credo... que exagerada! Para ti todos os homens de verdade são uns filhos da puta, autoritários, infiéis...
- Não são... Tu conheces bem o homem com quem partilhas a tua cama?
- Acho que sim. Se não confiasse no Rodrigo não viveria com ele, não achas?
- Não basta confiar Sara! É preciso conhecê-lo e não te deixes impressionar pelas aparências e o que deseja à tua frente... tens que ir mais além.
- Aonde?
- Eu ia muito ao Conde Redondo e conheci muitos homens de verdade.
- Conheceste ou fodeste?
- Ambas.
- Mas como é que eu que partilho uma vida com um hà 2 anos conheço pior os homens que tu, que só lhes proporcionavas prazer por escassos minutos?
- A única diferença é que para eles é muito mais fácil revelar os seus mais intímos desejos à traveca da esquina do que com quem dormem todas as noites. Os mais intímos segredos não se contam, ou então contam-se a alguém pago para isso e predisposto a aceitá-los com mais facilidade. E o facto de se ser de um sexo incógnito ajuda muito. Podemos ser o que tu quiseres, posso ser homem ou ser mulher. Realizamos-te a tua mais secreta fantasia... Conseguimos ter essa versatilidade que tanta gente repudia ou atrai, mas que ninguém fica indiferente.
- Lindo! Assim como estás... nunca poderás ser uma mulher completa.
- Não serei. Falta-me ainda aquilo que faz a diferença entre a mulher que eu sou e a mulher que tu és. No fundo uma das razões pela qual o Rodrigo te escolheu para companheira a ti e não a mim.
- Aquilo que faz muita diferença. Ahahah...
- Isso faz uma relativa diferença, mas sinceramente não me preocupa o facto de ser preterida só pelo o facto de não ter uma racha entre as pernas. Prefiro que me admirem por outros atributos.
- Ai... Os homens só se interessam pelas nossas rachas?
- Isso é uma dúvida ou uma lamentação, querida? Não és tu que conheces melhor os tais "homens de verdade"?

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