segunda-feira, janeiro 19, 2009

Ouvir para não ver

Não são poucos os medíocres filmes em que só a sua banda sonora escapa. Uma música não salva um filme mas pode servir bem como prémio de consolação pela estopada que se está a ver. Na semana passada emprestaram-me o DVD do thriller “Mr. Brooks”. Bom argumento mas ia a meio e já estava a começar a adivinhar as cenas seguintes - e se há coisa que me agrada em cinema é o seu efeito surpresa. Quase no final, aí sim, quando menos esperava, arranca uma música que me volta a captar a atenção para o filme. Reconheci a voz mas estaria longe de identificar a banda. Esta magnífica canção vai crescendo ao mesmo tempo que as imagens vão ficando mais intensas. Só que estamos a ver um filme de suspense, há que não esquecer, e o auge desta brutal música atinge-se quando o protagonista principal do filme debruça-se sobre a filha para lhe dar um beijo de boas noites e aquela espeta-lhe uma tesoura na garganta (lol). O delírio musical prossegue enquanto o homem derrama sangue por tudo o que é quarto – a filha fica serenamente a assistir. Nos créditos finais desvendei o enigma musical: The Veils - Vicious Traditions. Mais uma daquelas bandas que poucos conhecem mas que toda a gente já ouviu, pelo menos, uma música, graças a um anúncio comercial, como é o caso.
Situação semelhante aconteceu ao ver o trailer de um filme a estrear, nos EUA, na próxima primavera. Trata-se de mais um remake de um dos mestres americanos de Terror, Wes Craven - na versão deste ano, ele fica-se pela produção – “The Last House On The Left”. Mais uma vez as cenas mais emocionantes e, neste caso, assustadoras arrancam ao som de uma música calma, ao sabor de um piano e de uma voz quente feminina. Ao mesmo tempo que vejo gente a levar facadas, a apanhar choques e com a cabeça no microondas (lol, hilariante outra vez) entre outro tipo de fustigamentos, descubro com muito agrado uma versão minimalista de “Sweet child O’ mine”, dos Guns n’ Roses. Uma cover dos Taken by Trees, outra banda que ninguém conhece. Liderada pela ex-vocalista dos The Croncretes, outra banda quase desconhecida, que toda a gente já a ouviu no smash-hit “Young Folks” de Peter, Bjorn & John. Mais uma vez graças a um anúncio televisivo de uma rede de telemóveis. Há coincidências...

1 comentário:

O Puto disse...

O disco a solo da ex-vocalista dos Concretes (banda que aprecio bastante, especialmente o disco homónimo de estreia, que constou no meu top de 2004) é bem catita e está em escuta no seu MySpace. Ela também foi a responsável pelos penteados dos modelos das fotos do último disco dos Camera Obscura.
Tenho um certo fascínio pelas bandas sonoras, ao ponto de ficar na sala de cinema até ao final dos créditos para desvendar os temas que desconhecia ou dos quais não me lembrava os intérpretes.
Abraço!