sábado, maio 15, 2010

Os pais de Mirandela


Os meus coleguinhas de trabalho ficaram ontem muito revoltados com a decisão da Câmara de Mirandela, ao demitir a professora de 1º ciclo básico por se ter despido para a última edição da Playboy. Dizia alguém, que com esta professora, concordaria até com umas lições suplementares de meia-hora para os filhos e hora e meia para o próprio.
Eu solidarizo-me com a causa desta bonita e bem apetrechada professora, até à parte em que se afirma por aí, tão convictamente, de que uma “aventura” extra-profissional não influencia o desempenho da actividade principal, por fazer parte da vida privada. Só que não faz. Expor-se numa revista com uma tiragem de 120 mil exemplares ultrapassa todos os limites óbvios dessa vida e, tomada a decisão, há que esperar que as consequências possam ir além da notoriedade. O que aconteceu depois em Mirandela foi qualquer coisa tão simples como isto: alguém, soberano, achou que a “aventura” desresponsabilizava a profissão e lá terá as suas razões.
Pelo que as notícias nos deixam ver, as mães de Mirandela apoiam a decisão da Câmara, ao contrário de alguns pais, dos meus camaradas de trabalho e restante trupe de "comentadores de bancada". Como disse, em parte estou com estes últimos, sobretudo pelo princípio de solidariedade com toda a gente que me apareça à frente carenciada de roupa. Antes que resfrie, no mínimo, há que partilhar um pouco do meu calor humano.
Sobre este assunto ainda subsiste uma pequena dúvida que não posso deixar de esclarecer na segunda-feira junto dos coleguinhas: e se em vez da professora Bruna, este caso tivesse como protagonista o professor Bruno, manteriam todo esse apoio e continuariam a desejar aquelas actividades (extra) extracurriculares?

2 comentários:

O Puto disse...

É muito fácil falar, fazer juízos ou tecer comentários de aprovação ou reprovação sobre alguém que está longe ou que não se conhece. Acho que se tratasse de uma educadora dos teus colegas ou de alguém próximo as apreciações mudariam, não achas?

agent disse...

Sim. Daí a minha alteração de cenário. É sempre bom que as pessoas sejam confrontadas com outras hipóteses, não vá elas estarem a fazer julgamentos com bases menos correctas... Ou, como diria o outro, a pensar por outra cabeça.