Numa entrevista que sairá hoje na revista Pública, a deputada Assunção Cristas, do PP, diz isto:
“Eu seria favorável a um casamento [entre pessoas do mesmo sexo]. O que pode parecer uma posição estranha da minha parte. Muita gente me aborda achando que sou contra; mas não sou. Curiosamente, desagradei a toda a gente. Os que concordavam comigo reclamaram, mesmo com a declaração de voto, por acharem que isso não servia de nada. E reclamaram comigo os que achavam que eu devia ser radicalmente contra e, no final, tinha feito uma declaração de voto; então, que tivesse sido contra! Fiz o que podia fazer, de acordo com a minha consciência. Dou muito valor ao contrato com o eleitorado. É mau dizer-se uma coisa e fazer-se outra. Todos cedemos um bocadinho para que fique espelhada a sensibilidade maioritária.”
Este assunto, à partida e como a deputada refere, poderia ser só justificado com um “dou muito valor ao contrato com o eleitorado” e ficava arrumado. Mas não pode. Porque este caso é mais um exemplo de como a disciplina partidária entra em conflito com a liberdade de expressão. Por alturas da tal votação, também falei sobre isso, já que provavelmente terá sucedido um fenómeno oposto com alguns deputados do partido do governo. Portanto é perfeitamente legítimo que os leitores possam questionar a publicação: “também vão fazer reportagens sobre os muitos que, sendo contra, foram obrigados pelo PS (por exemplo) a votarem a favor?” – lê-se nos comentários.
Enalteci na altura e reforço o elogio hoje: nos antípodas desta realidade, onde se cede aos bocadinhos, estão comportamentos como o do deputado José Manuel Martins (PSD), que votou favoravelmente, ao contrário dos restantes colegas de bancada, na proposta que incluía a adopção.
E o que pensa o “eleitorado” de tudo isto? Preferirá que os deputados votem em função das linhas do partido em detrimento das suas próprias convicções? Será que gostam mais de ver os seus deputados a assumir este tipo de frontalidade nos meios de comunicação em vez de uma postura mais coerente na Assembleia da República?
Bom, o que parece-me garantido é que este tipo de actos mecanizados vêem dar razão aquele desejo popular de reduzir radicalmente o número de deputados: “para afirmar as ideias do partido não é necessária tanta gente a sugar o contribuinte”. Lêem o mesmo que eu? Depois não venham com aquela de que o povo está-se a afastar da política, "ai a credibilidade nas instituições", entre outras tretas de mau-prestador-de-serviços.
“Eu seria favorável a um casamento [entre pessoas do mesmo sexo]. O que pode parecer uma posição estranha da minha parte. Muita gente me aborda achando que sou contra; mas não sou. Curiosamente, desagradei a toda a gente. Os que concordavam comigo reclamaram, mesmo com a declaração de voto, por acharem que isso não servia de nada. E reclamaram comigo os que achavam que eu devia ser radicalmente contra e, no final, tinha feito uma declaração de voto; então, que tivesse sido contra! Fiz o que podia fazer, de acordo com a minha consciência. Dou muito valor ao contrato com o eleitorado. É mau dizer-se uma coisa e fazer-se outra. Todos cedemos um bocadinho para que fique espelhada a sensibilidade maioritária.”
Este assunto, à partida e como a deputada refere, poderia ser só justificado com um “dou muito valor ao contrato com o eleitorado” e ficava arrumado. Mas não pode. Porque este caso é mais um exemplo de como a disciplina partidária entra em conflito com a liberdade de expressão. Por alturas da tal votação, também falei sobre isso, já que provavelmente terá sucedido um fenómeno oposto com alguns deputados do partido do governo. Portanto é perfeitamente legítimo que os leitores possam questionar a publicação: “também vão fazer reportagens sobre os muitos que, sendo contra, foram obrigados pelo PS (por exemplo) a votarem a favor?” – lê-se nos comentários.
Enalteci na altura e reforço o elogio hoje: nos antípodas desta realidade, onde se cede aos bocadinhos, estão comportamentos como o do deputado José Manuel Martins (PSD), que votou favoravelmente, ao contrário dos restantes colegas de bancada, na proposta que incluía a adopção.
E o que pensa o “eleitorado” de tudo isto? Preferirá que os deputados votem em função das linhas do partido em detrimento das suas próprias convicções? Será que gostam mais de ver os seus deputados a assumir este tipo de frontalidade nos meios de comunicação em vez de uma postura mais coerente na Assembleia da República?
Bom, o que parece-me garantido é que este tipo de actos mecanizados vêem dar razão aquele desejo popular de reduzir radicalmente o número de deputados: “para afirmar as ideias do partido não é necessária tanta gente a sugar o contribuinte”. Lêem o mesmo que eu? Depois não venham com aquela de que o povo está-se a afastar da política, "ai a credibilidade nas instituições", entre outras tretas de mau-prestador-de-serviços.
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