Assim que acordo e olho em direcção à janela, vejo um céu diurno escuríssimo que me começa por confundir temporalmente. Esse é um momento distinto na minha vida, um dos mais estranhos, quando eu não sei quem sou. Sinto que estou longe de casa. Estou assombrado e cansado do dia anterior, deitado numa cama que parece-me não ser a minha, só a ouvir os barulhos provocados por uma vizinhança que me é totalmente estranha e tudo isso precipita-se para essa desesperada conclusão de não saber quem eu sou - pelo menos por alguns segundos. Não estou assustado, mesmo sabendo que afinal sou outra pessoa, um estranho; mesmo que toda a minha vida seja, subitamente, assombrada por essa ideia de eu não passar de um fantasma.
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