quarta-feira, janeiro 31, 2007

Fui à Horta

Este fim-de-semana reencontrei-me com alguns dos meus grandes amigos e amigas de infância. Para “comemorar” tal facto, entre outras coisas, decidimos passar parte da noite de sábado numa discoteca, algo que não fazíamos, todos, já há algum tempo. Por questões essencialmente de ordem geográfica (e, já agora, económica) optamos pela “Horta da Fonte”, um dos clubes nocturnos mais conhecidos na região ribatejana que fica situado no Cartaxo.
Já não era a primeira vez que passava por esta “casa” após o seu encerro (por falta de condições de higiene, segurança e salubridade) e posterior reabertura. Mas desta vez encontrava-me (mais) sóbrio e consequentemente mais apto a observar a “fauna” envolvente (e para além de divertirmo-nos e “beber um copo”, o que mais se faz numa discoteca?).
A “Horta” é constituída por, entre outros espaços (uns mais agradáveis que outros), duas pistas: a principal, de maiores dimensões, aonde se ouve reggaeton até à exaustão e uma outra, mais pequena e isolada, aonde passa, um surpreendente e evasivo, techno minimal. Nota positiva para esta última aposta e “ousadia”, nem que seja, pelo facto de haver um espaço naquela discoteca onde se possa ouvir, e principalmente dançar (na sala do lado, com tanta gente é quase um feito conseguir deslocar-se um pé sem colocá-lo em cima do de outra pessoa) sem ser ao som da música da Shakira ou as 256 variações da “Ga-só-li-na”. Um dos outros pontos positivos vai para os empregados dos bares: simpáticos e eficientes.
Para indicar um aspecto negativo poderia abordar o limitado e praticamente inexistente parque de estacionamento junto da discoteca, pois só dá para três pickups, quatro jipes e outros tantos Mercedes (daqui poder-se-ia extrapolar a piada fácil e demasiado óbvia de como os nossos subsídios vindos da C.E. para os “jovens” “agricultores” desta região estão a ser muito bem gastos), mas não o vou fazer!
Fiquei deveras surpreendido com a disparidade das idades do público e percebi que o fenómeno da cedência de entrada a menores em espaços de divertimento nocturno não é exclusivo da zona de Santos em Lisboa, é assumidamente um fenómeno de dimensão nacional. Mas acredito que alguns tenham entrado com os pais... ou com os avôs! Também me surpreendeu a diversidade do tipo de clientela. Não quero entrar em pormenores, mas para ficarem com uma ideia mais precisa do que se pode encontrar por lá, tentem imaginar o cruzamento do ambiente de uma “Lux” com o de um bar de alterne da província. Penso que a “Horta da Fonte” bate qualquer “casa” rival pela sua heterogeneidade de assistência e isso, na minha modesta opinião, é uma proeza a realçar.
Vi gente bonita e vi gente muito bonita. Para quem diz que a fama da beleza dos(as) ribatejanos(as) não passa de um mito, precisa de me ver ou, em última instância, vir a este local para se tornar num crente. Também vi uma cena de pancadaria entre dois “putos” e a prontíssima resolução do conflito por parte de um dos seguranças, que se encontrava estrategicamente colocado num dos cantos da sala principal. Ainda nesta sala, vi uma espécie de “very light” ser projectado do espaço superior onde se encontrava o DJ, passar uns centímetros acima da minha cabeça e ir embater contra a parede oposta (do outro lado da pista de dança), fazendo um grande estrondo e deixando um rasto de luz e fumo. Tenho algumas dúvidas se tal “efeito especial” terá causado mais entusiasmos que sustos. Já para o final da noite, quando preparava-me para sair, vi um dos porteiros/seguranças (pela vestimenta e perfil, sinceramente, às vezes tenho alguma dificuldade em distinguir quem é aquele que nos deixa entrar e o outro que nos obriga a sair) deslocar-se da zona de entrada até junto de uma (bela e loiríssima) cliente que se encontrava no final de uma, já extensa, fila e fazer o pequeno favor de pegar-lhe no cartão e passar à frente de todos os outros clientes, que de resto nada se aperceberam, dirigir-se ao balcão do “bengaleiro” e solicitar o casaco daquela cliente “especial”, sem rodeios e quaisquer desculpas. Parece-me que ficou claramente demonstrado que, também ali, com uma boa “cunha”, tudo funciona mais rápido. Pena ela não chegar para todos.
Foi divertido.

Entre o convívio aparentemente pacífico da parolice com o pseudo-modernismo, ao tentar entender-se toda a envolvência de um espaço de divertimento nocturno, chega-se, afinal de contas, a uma actual e representativa amostra de toda uma região em desenvolvimento. Ou às tantas, com um pouquinho mais de imaginação, de um país.

terça-feira, janeiro 30, 2007

Ambiguidade



A suástica é um símbolo místico encontrado em muitas culturas em tempos diferentes, dos índios Hopi aos Astecas, dos Celtas aos Budistas, dos Gregos aos Hindus. Entretanto a cruz gamada, foi... literalmente "gamada" pelo Hitler e o seu partido, que com ela e as suas ideologias iludiram um país inteiro, dizendo que representava a engrenagem de uma suposta Revolução Industrial a perpetuar-se na Alemanha. Depois foi o que se sabe.
Temos que saber lidar com esta ambiguidade e entender que se para muitos um símbolo pode significar "bons ventos" (caso do Budismo), ou "boa sorte" (em sânscrito), para outros significará sempre o horror, o nojo ou a vergonha.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

“Quem nos protege da polícia?”

Lisboa, Parque de estacionamento da Estação Fluvial de Belém, dia 20 de Janeiro de 2007, 1:00.
Estaciono o meu carro ao lado do de um amigo de longa data e começamos a trocar algumas palavras, cada um no seu veículo. O local estava praticamente deserto, somente nós e mais três carros ligeiramente afastados e juntos ao rio, na zona habitual aonde os casais de namorados param para, além de outras coisas, contemplar a bela vista (ponte 25 de Abril e parte da margem sul) que dali se alcança.
Não passaram muitos minutos de conversa até aparecer-nos à frente uma carrinha da polícia cheia de elementos da PSP. Eram 8 ou 9, o tempo que demoraram a sair da carrinha e se distribuíram e circundaram o meu carro e o do meu amigo foi tão curto, que nem os consegui contar correctamente. Apesar de bastante assustado com tal aparato digno de qualquer filme de acção hollywoodesco, ainda consegui responder-lhes às “Boas Noites” que dois deles me deram. Foi-me pedida toda a documentação, tal como tive que mostrar o triângulo e coletes obrigatórios. Só não me foi solicitado o “teste do balão”, para completar a rotina de qualquer operação STOP. Enquanto estava a dar assistência aqueles dois agentes, outros dois circundavam o meu carro de lanternas na mão, observando o que tinha no interior do meu automóvel. Ao meu amigo sucedeu-lhe exactamente o mesmo. No fim perguntaram-me: “O Sr. Ricardo (nome que o senhor polícia retirou da minha carta de condução ou do meu B.I.; este é obviamente fictício) não tem tido problemas com a polícia?”, ao qual eu respondi negativamente no segundo seguinte. Nem uma pequena multa de estacionamento para apresentar e sujar o meu cadastro que orgulhosamente o vou mantendo limpo até hoje. Após esta estranha pergunta, finalmente os polícias regressaram à carrinha, sem qualquer explicação, sem mais perguntas ou comentários com pouco sentido.
Se eu tivesse nascido ontem, pensaria que esta operação policial, apesar de ter uns contornos esquisitos, até se poderia considerar normal. Mas como já nasci há mais de 30 anos atrás, e sei perfeitamente distinguir entre o que é uma operação policial de rotina e uma operação de intimidação, tenho perfeita consciência dos propósitos de todo aquele aparato e a PSP é competente em deixar isso bem claro. Tal como, eu e a PSP, sabemos que aquele é um local aonde há (para além da tal zona dos “namoricos” para os casais heterossexuais), frequentemente à noite, encontros fortuitos entre homens e que há sexo dentro dos carros. Esta prática é internacionalmente conhecida por “cruising”.
Pelo que deu para ver (ou melhor, não ver, já que os vidros estavam praticamente todos embaciados) nos restantes carros que se encontravam naquele parque de estacionamento, naquela noite, mesmo sem a presença de homo(bi)ssexuais, não deixava de haver sexo. Como a PSP passou (e passa nas habituais rondas que faz por aquela zona), literalmente, indiferente a esses casos só me permite chegar a algumas conclusões:
1) Se o objectivo da PSP fosse o de averiguar qualquer situação de atentado ao pudor, naquela noite e naquele local, provavelmente teria mais por onde se virar do que propriamente para junto de um local bem iluminado e onde se encontravam duas pessoas, cada uma no seu carro, a conversar. A não ser que, para a PSP, tenha havido qualquer alteração de valores e o pudor tenha deixado de se encontrar nos actos em si, mas em quem os poderá praticar.
2) Para a PSP, a ameaça de haver um atentado à integridade pública é menor num carro com um casal heterossexual do que noutro com um, supostamente, homossexual lá dentro. É somente a “possível” orientação sexual do “suspeito” que faz toda a diferença.
3) Com este tipo de atitudes incoerentes e a roçar o abuso de autoridade, a PSP, demonstra claramente a sua homofobia.
M.C.


Recebi este e-mail identificado (pelo menos com um primeiro e último nome) ontem.
A ser comprovada a sua veracidade, merece toda a nossa atenção e reflexão.
Coloco, desde já, reticências no que toca à acusação generalizada de homofobia a toda uma instituição policial. Se houve qualquer elemento da P.S.P. com um comportamento homofóbico durante o cumprimento da sua profissão, aquela, como entidade patronal e responsável pelos seus actos profissionais, deverá realizar um inquérito interno para apurar os factos, posteriormente esclarecer publicamente toda esta situação e aplicar (ou não, mediante o resultado do inquérito) as medidas que achar necessárias, em nome do bem-estar público e, sobretudo, pelo respeito dos direitos humanos.
Deste relato escrito, não captei qualquer indício de abuso de autoridade. No entanto, face aos dados apresentados, a “teoria” da intimidação faz algum sentido. Pois dá-me a entender que este tipo de actuação policial vem previamente planeada e tem objectivos bem definidos, e não me parece que tal parta, única e exclusivamente, da iniciativa de qualquer agente no “terreno”. É também por isso que digo, “coloco reticências”, e não digo, “discordo categoricamente” da última conclusão desta denúncia.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Amor II


A pressa sempre foi inimiga do coração!

segunda-feira, janeiro 22, 2007

quarta-feira, janeiro 17, 2007

“Olhe era a carta, o livrete, ..., o CD e a cuequinha, faxavor!”

Toda esta histeria à volta dos e-mails que andam para aí a circular, acerca dessa nova regra do código da estrada (que eu e a própria autoridade desconhecia) que prevê a possibilidade do senhor agente da Brigada de Trânsito inspeccionar os nossos CD’s que tenhamos no carro e as etiquetas das nossas roupas, em qualquer operação STOP, e aplicar uma coima caso algum desse "material" não seja “original” (para além do apreendimento dos mesmo), serve, mais que não seja, como um sinal de alerta.
Assim, se formos a conduzir bem descansados desta vida e nos depararmos de repente com alguém com um ar apavorado, todo nu e com dois ou três CD’s (originais, há que esclarecer) na mão, é porque a polícia (ou alguém a tentar fazer passar-se por ela) não está muito longe.

Poderia ser a lei nacional mais estúpida de sempre, mas que era bem aplicada ao condutor que viesse a conduzir vestido com o seu fatinho lilás e a sua peuguinha branca ao som dos Il Divo (num CD pirateado ou não), lá isso era.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Era uma vez...

... um jovem que já aos 19 anos andava atarefado a combater as tropas que a sua própria mãe tinha enviado, para tentar conquistar o condado que aquele protegia. Saiu vitorioso e após múltiplas conquistas, em 1139 tornou-se oficialmente no primeiro rei daquele condado. Passado uns “anitos”, uma estação de televisão, desse território já feito país, decide promover um concurso em que era solicitado ao seu “povo” que elegesse a maior figura nacional, o seu "grande herói” de todos os tempos.
Contados os votos, entre muita polémica e o show-off que sempre tem as suas consequências (para o bem ou para o mal), chegou-se a uma lista com 100 nomes. Nela estavam incluídos, entre muitos outros, o tal impulsionador da nação e um outro que a isolou do resto do mundo e que, ditaduramente, entre outros feitos pouco benéficos para o país, deixou uma triste e pesada herança social conservadora e estupidificante, que continuava a dar provas que estava bem viva no espírito de parte da população. E o melhor comprovativo disso estava ali diante dos olhos das pessoas: o seu nome constava daquela lista. Antes que se juntasse “à festa” um presidente (de uma região autónoma) mentecapto, um dirigente desportivo corrupto ou um “actor” dos “morangos com açúcar”, alguém teve o bom-senso de acabar de imediato com esta história macabra. Deliberando, convictamente, que este país não precisava tanto de um "herói", mas mais de um remédio eficaz contra a amnésia.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Pedro Abrunhosa e as Marias Arrependidas

Consta então que o Abrunhosa anda para aí a dar a volta à cabeça (e não só, se os relatos forem verdadeiros) das nossas jovens. Uma delas, mais arrependida, decidiu criar um blogue (http://denunciarabrunhosa.blogspot.com/) aonde denunciou - segundo a própria autora, este é mesmo um dos seus intuitos com a criação deste blogue, o outro é o de alertar, para que outras fãs, potenciais “vítimas”, não caem na mesma “cantiga” – todo o esquema de sedução que foi alvo. Entretanto, o seu blogue tornou-se conhecido e começaram a surgir mais queixas e “denúncias” por parte de outras jovens, de várias idades e de vários pontos do país. O único aspecto que é comum a todas as histórias é o seu esquema de engate. Começa tudo ainda no palco quando o autor de "E tu e eu o que havemos de fazer? Talvez foder, talvez foder..." escolhe a sua “vítima” e começa-lhe a mandar uns olhares (?), a apontar na sua direcção (?), a dedicar-lhe uma música (?), a mandar flores (?), ..., e depois do concerto, o encontro “escaldante” acaba mesmo por acontecer nos bastidores. Parece que a Polícia Judiciária já pegou no caso e penso que o facto de haver jovens menores envolvidas no assunto, ser a razão principal (também não estou a ver outra) do seu envolvimento. E foi só por isto que eu me dei ao trabalho de escrever isto. Afinal de contas, as nossas “teenagers” já têm idade ou não para ser responsáveis pelos seus actos e pelo o seu próprio corpo?
Ainda tenho algumas dúvidas, se por um lado acho que uma jovem nestas idades será sempre inocente, terá as suas ilusões e nunca entenderá a tempo, quais são as verdadeiras intenções de um adulto mais manhoso; por outro penso, e cada vez estou mais inclinado para esta posição, se elas já têm idade para criar blogues, trocar uns mails e sms com um marmelo qualquer armado em vedeta romântico e, acima de tudo, saber como seduzir (conscientemente) alguém, já terão idade também suficiente para saber o que fazem com o seu corpinho.

Não concordo com esta desculpabilização e desresponsabilização automática só porque ainda não se atingiu a idade adulta. Na minha perspectiva, acho que se deve incutir o sentido de responsabilidade pelos seus actos desde crianças, pois isso só lhes trará benefícios na vida adulta e durante a fase da adolescência, provavelmente, evitará situações traumatizantes ou não, como esta.
Outro caso: meia dúzia de jovens rufias decidem espancar e mandar para um poço um transexual (doente) sem abrigo só porque lhes apetece. Resultado: a morte do sem abrigo, alguns “puxões de orelhas” e praticamente todos os “putos” declarados inocentes. Porque os menores segundo o artigo X do código Y blabla... Saliento que não estamos propriamente a abordar o caso do roubo de pastilhas no supermercado ou da quebra do vidro da escola e digam-me, este tipo de penas responsabiliza-os exactamente de quê?

quinta-feira, janeiro 04, 2007

O jogo da privacidade de Elsa Raposo


Qualquer crítica que possa fazer a esta novela pseudo-eróticó-humorista de fraquinha qualidade, seria sempre mais dirigido ao tipo de jornalismo tendencioso e popularucho – por exemplo, a comparação com o caso Taveira até pode ser pertinente, mas torna-se infeliz quando o objectivo é claramente o de confrontar as suas vidas pós-escândalo: os insucessos da vida amorosa dela, com os sucessos da vida profissional dele - que o Correio da Manhã sempre nos habituou, do que propriamente sobre os comportamentos da Sra. Elsa Raposo, que só a ela lhe devia dizer respeito. Só há um facto que é importante realçar. Quando uma figura pública, e neste caso, para além do seu badalado “sex appeal”, ainda nem entendi muito bem porque ela se insere nesta categoria, tenta criar uma separação entre a sua vida pública e a sua vida privada, há que pelo menos estabelecer certos limites para que todas as outras pessoas saibam aonde acaba uma e começa a outra (ou não fosse esta a regra fundamental da liberdade). Elsa não só não faz nada disto, como chega ao ponto de fazer da sua vida privada a sua vida pública e vice-versa.
Assim, no “jogo” da sua própria privacidade, se é ela própria a quebrar as regras, é natural que todos os outros seus “adversários” não se fiquem atrás. Depois, a “assistência”, que não se limita a acompanhar a “partida” de forma indiferente, começa a deduzir que das duas, uma: ou ela tem tido mesmo muito pouca sorte com os namorados ou estamos perante um caso de promiscuidade sem limites e aquelas depressões pós-coito não são mais do que uma encenação para encobrir quecas mal dadas e uma desesperada tentativa de captação da atenção pública, só para angariar um próximo “namorado”. No fim do “jogo”, ainda se ouve alguém, mais exaltado, gritar das bancadas: “Mas haverá algum homem neste país que ainda não tenha ido para a cama com a Elsa Raposo?”.

terça-feira, janeiro 02, 2007

Carolina

Carolina, a recém-nascida abandonada com poucos dias de vida numa casa-de-banho do centro comercial Dolce Vita, no Porto, para além de ser o bébé do ano do Hospital S. João (aonde se encontra neste momento de boa saúde), obriga-nos a meditar já sobre as nossas escolhas a curto prazo.
Se o “sim” vencer no referendo a realizar no próximo mês, todas as pessoas irresponsáveis não passarão a ser nem mais nem menos irresponsáveis – e o único aspecto que me incomoda nelas é o facto terem essa faculdade (inconsciente?) de gerar novas vidas – mas no entanto, sabemos todos que há pelo menos a hipótese de corrigir, legalmente e no nosso país, certos actos irresponsáveis por si cometidos, para o qual alguém, como a Carolina ou Sara (a criança de dois anos morta a semana passada, alegadamente vítima de contínuos maus tratos), nenhuma culpa têm.

Ouvi por alto ontem, nas notícias, parte dos discursos de Papa Bento XVI e do Bispo D. Policarpo na comemoração do dia mundial da paz, em que um dos principais assuntos focados foi... o aborto (?) – as analogias da igreja dos dias de hoje são, no mínimo, espantosas. “Direito à vida... direitos humanos... falta de respeito pela vida embrionária... atentado à paz... terrorismo... a vida não é um bem arbitrário, de que se possa dispor ao sabor de políticas e interesses pessoais, ou mesmo de sofrimentos inevitáveis...”.

Que estupidez a minha, por sensibilizar-me mais com uma vida humana que mal teve tempo para conseguir abrir os olhos e muito menos para perceber o que é ter direito à vida, e ser confrontada logo, indefesa, com a pior das crueldades e cobardias que alguém se pode sujeitar, do que uma dúzia de expressões fortes dentro de bonitas frases feitas provenientes de homilias.