terça-feira, março 27, 2007

Era uma vez... O Rock português

Pego no CD-oferta do jornal Público (edição 23/03/07, “Era uma vez... O Rock português”), parto numa viagem do tempo até aos primeiros anos da década de 80 e dou início a uma verdadeira aventura pela música portuguesa dessa década. Lembro que tal é feito por alguém que só desperta para a música (e para tantas outras coisas não menos importantes) só uns anos mais tarde. Ainda tenho as K7’s dos Ministars e dos Onda Choc que me ofereciam pelo natal por estrear. Uma verdadeira relíquia!

Chico Fininho, Rui Veloso
Começamos mal. Não consigo gostar de algo que este homem faça. O problema é meu, mas esclareçam-me, há alguma regra que obrigue a fazer umas caretas medonhas sempre que se dá uns acordes de guitarra ao som de blues?

Chiclete, Taxi
Um clássico do ska-rock português. Tema com uma percussão incrível que o torna irresistivelmente dançável. Graças a este tema, fora a publicidade, o banal acto de mastigar uma pastilha elástica nunca mais foi o mesmo. Hoje em dia, se fizessem uma versão moderna desta música chamar-se-ia “Trident (sem açúcar)”, seria feita por uma boy band (light) e não teria metade da piada.

Portugal na CEE, GNR
Os GNR sem farda, sem o Rui Reininho e sem letras complexas. Arrebatador tema post-punk que brinca com a nossa entrada na actual Comunidade Europeia. “E é tão bom estar na CEE”! Não é preciso ser um jovem agricultor e ter um todo-o-terreno subsidiado pela “CEE” para se deixar viciar por esta música. A óbvia descendência dos Sex Pistols por cá.

Cavalos de Corrida
, UHF
Rock’n roll puro e duro. Deve ser o único tema dos UHF que me faz bater o pé e não ficar com vontade de mudar de faixa.

Chamem a Polícia, Trabalhadores do Comércio
A pronúncia do vocalista e o lado humorístico da história são os únicos pontos menos maus desta canção rock-apimbalhada. Consta que é retirada do disco chamado “Trips à Moda Do Porto” e que por lá também se pode encontrar temas tão curiosos como "Atom Messiu, Comantalê Bu", "Paunka Roque" ou "Sim, Soue Um Gaijo do Pôrto".

Patchouly, Grupo de Baile
Ena! Deve ser das mais antigas recordações da minha infância: a minha irmã a vibrar ao som desta canção enquanto gastava uma embalagem de laca sobre a cabeça e se preparava para ir para escola. Ainda hoje a acuso de ser uma das principais responsáveis pelo alargamento do buraco do ozono. Como agravante desta acusação: será que ela também “fumava ganzas nas paragens dos eléctricos”? Não sei, mas para ouvir isto mais que uma vez, uma ganza, de facto, ajuda imenso.

Cristina (Beleza é Fundamental), Roquivários
Descobri o tema que o Herman brincava nos bons velhos tempos da “Roda da Sorte”. “Cristina não vais levar a mal, mas beleza é fundamentaaaaaaaaaaaaaalllllllll”. Gosto da forma como a vocalista acentua a última sílaba de cada verso. Esta banda teve um outro êxito nos anos 80 que se chamava "Totobola" cujo o refrão era: “Dizem que o treze é o número do azar, mas este jogo dá dinheiro até fartar”. Hilariante.

Estou Além, António Variações
Reconheço logo os primeiros sons e as primeiras palavras: “Não consigo dominar este estado de ansiedade, ...” e tudo isto faz mais sentido que todas as letras juntas que os Polo Norte já escreveram até hoje. Por mais voltas que se dê, acaba-se sempre por chegar à mesma conclusão: este homem era um génio. “Porque eu só estou bem aonde eu não estou”. Como eu te compreendo, grande António.

Bom Dia Lisboa, Rádio Macau
Gosto dos Radio Macau e gosto da voz da Xana. Não conheço todos os discos que esta banda lançou nos anos 80 mas reconheço o seu grande contributo para o movimento indie-rock dessa época. Havia, nos eighties, um “movimento indie-rock” em Portugal? Se não havia, passa a haver a partir deste momento.

Remar Remar, Xutos & Pontapés
Costuma-se dizer: Ahh, os Xutos são os Xutos! Este deve ser o argumento mais parvo que se pode oferecer a uma banda. Os Xutos são os Xutos, os Delfins são os Delfins e a Alheira de Mirandela é a Alheira de Mirandela. Os Xutos é a banda rock nacional de culto por excelência com alguns grandes momentos ao longo da sua já longa e respeitável história. Confesso que não tenho achado grande piada ao que têm feito nos últimos anos, mas este tema é, simplesmente (e tem uma letra), brilhante. E encerra da melhor forma esta compilação.

4 comentários:

Unknown disse...

Porque é que será que estas compilações são sempre iguais, ou parecidas? Um enjoo... (eu hoje estou do contra)

agent disse...

LOL. Provavelmente haveria outras alternativas, mas certamente seriam menos "comerciais". E o Público precisa urgentemente de provar ao Destak que também consegue ser um jornal popular. Ou não. ;)

Special K disse...

Apesar de tudo nestas compilações encontram-se sempre boas coisas, a Cristina era um tema que eu procurava à procura à muito tempo. Tinha 10 anos em 1980 e comecei a despertar para a música com muitos destes temas. Ainda hoje a música é o meu passatempo preferido.
Encontrei este blog por acaso e gostei.
Um abraço.

Anónimo disse...

Se quiseres vender as k7s dos onda choc e dos ministars eu compro.
ondachocs@hotmail.com