Sir John Browne, (ex-)CEO da petrolífera BP, demitiu-se na semana passada, ou pelo menos, é (só) isto que tem vindo a ser noticiado nos jornais da especialidade. As verdadeiras razões desta demissão súbita – o Sr. Browne tinha anteriormente anunciado a sua saída da BP para Julho do corrente ano – provavelmente nunca iremos ficar a saber. Mas o que se sabe então?
Resumidamente: no ano passado um diário inglês noticiou um escândalo (quem diria!?) declarando que o “big boss” da BP terá usado meios financeiros, materiais e humanos da sua empresa para iniciar um pequeno negócio chefiado por Jeff Chevalier. Pareceu-me óbvio que tal notícia não merecia o destaque de primeira página dos tabloids ingleses se na altura daquela “falcatruazita”, Mr. Browne & Mr. Chevalier, não mantivessem uma relação afectiva e, já agora, se não tivesse sido o próprio Mr. Chevalier, depois de um “divórcio” pouco litigioso, a “dar com a língua nos dentes”. No fim de contas, a descoberta da orientação sexual do “chefão” da BP causou muito mais impacto nos meios de comunicação social do que propriamente a sua gestão negligente. Aliás, para os meios de comunicação social britânicos, para o conselho de administração da empresa, que até classificou os meios usados como “unfounded or insubstantive” e para o próprio juiz que tomou conta deste processo em tribunal. Pois parece que o único facto relevante que gerou mais dúvidas em todo o processo legal desencadeado por esta fraude, prendeu-se com o facto do Sir. Browne ter mentido, em audiência, no que diz respeito ao local onde o “casal” se encontrou pela primeira vez: ele disse que foi num parque, o ex-companheiro diz que foi num clube. E... ?!
Convém relembrar que este homem, comandou esta grande multinacional durante mais de 40 anos, deixou marcas incontornáveis e inovadoras na forma como incutiu o espírito de gestão extra-petróleo com preocupações humanistas e ambientais, tendo inclusive recebido um prémio da Greenpeace. As fusões com as companhias: Amoco, Arco e Castrol também foram lideradas por ele. Por outro lado também está associado, pela negativa, enquanto chefe executivo da empresa em questão, à explosão de uma refinaria no Texas que tirou a vida a 15 pessoas e mais recentemente a um grande desastre ambiental no Alaska, num dos campos de extracção de petróleo da BP. É importante referir que o seu lugar nunca foi posto em causa após a ocorrência de qualquer uma destas situações.
O conselho de administração da BP aceitou prontamente a sua demissão acrescentando: “a tragedy that he should be compelled by his sense of honor to resign in these painful circumstances". Pois… mas as “tragédias” aconteceram em 2006 e o “tempo de honra” há muito que passou. O que era mais difícil de deixar passar depois disto era um CEO gay ou melhor: um CEO gay-não-assumido-mas-agora-muuuuuito-conhecido.
A vida privada quando interfere na vida profissional pode ser prejudicial em muitas situações. Nesta foi fatal. E quando alguém diz que “ninguém tem nada a ver com isso”, em tempos de cusquice da vida alheia, da moralidade puritana e da desconfiança generalizada, parece que já está a querer passar o seu atestado de óbito profissional.
Resumidamente: no ano passado um diário inglês noticiou um escândalo (quem diria!?) declarando que o “big boss” da BP terá usado meios financeiros, materiais e humanos da sua empresa para iniciar um pequeno negócio chefiado por Jeff Chevalier. Pareceu-me óbvio que tal notícia não merecia o destaque de primeira página dos tabloids ingleses se na altura daquela “falcatruazita”, Mr. Browne & Mr. Chevalier, não mantivessem uma relação afectiva e, já agora, se não tivesse sido o próprio Mr. Chevalier, depois de um “divórcio” pouco litigioso, a “dar com a língua nos dentes”. No fim de contas, a descoberta da orientação sexual do “chefão” da BP causou muito mais impacto nos meios de comunicação social do que propriamente a sua gestão negligente. Aliás, para os meios de comunicação social britânicos, para o conselho de administração da empresa, que até classificou os meios usados como “unfounded or insubstantive” e para o próprio juiz que tomou conta deste processo em tribunal. Pois parece que o único facto relevante que gerou mais dúvidas em todo o processo legal desencadeado por esta fraude, prendeu-se com o facto do Sir. Browne ter mentido, em audiência, no que diz respeito ao local onde o “casal” se encontrou pela primeira vez: ele disse que foi num parque, o ex-companheiro diz que foi num clube. E... ?!
Convém relembrar que este homem, comandou esta grande multinacional durante mais de 40 anos, deixou marcas incontornáveis e inovadoras na forma como incutiu o espírito de gestão extra-petróleo com preocupações humanistas e ambientais, tendo inclusive recebido um prémio da Greenpeace. As fusões com as companhias: Amoco, Arco e Castrol também foram lideradas por ele. Por outro lado também está associado, pela negativa, enquanto chefe executivo da empresa em questão, à explosão de uma refinaria no Texas que tirou a vida a 15 pessoas e mais recentemente a um grande desastre ambiental no Alaska, num dos campos de extracção de petróleo da BP. É importante referir que o seu lugar nunca foi posto em causa após a ocorrência de qualquer uma destas situações.
O conselho de administração da BP aceitou prontamente a sua demissão acrescentando: “a tragedy that he should be compelled by his sense of honor to resign in these painful circumstances". Pois… mas as “tragédias” aconteceram em 2006 e o “tempo de honra” há muito que passou. O que era mais difícil de deixar passar depois disto era um CEO gay ou melhor: um CEO gay-não-assumido-mas-agora-muuuuuito-conhecido.
A vida privada quando interfere na vida profissional pode ser prejudicial em muitas situações. Nesta foi fatal. E quando alguém diz que “ninguém tem nada a ver com isso”, em tempos de cusquice da vida alheia, da moralidade puritana e da desconfiança generalizada, parece que já está a querer passar o seu atestado de óbito profissional.
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