quarta-feira, janeiro 23, 2008

E tudo o vendaval trouxe

Salvo algumas (pouquíssimas) excepções, tivemos, por cá, um final de ano medíocre a nível de boas estreias cinematográficas. Portanto ninguém se surpreende com o facto de que, dos cinco filmes nomeados para o Óscar na categoria principal, só um ainda tenha estreado nas nossas salas: “Atonement” (“Expiação”) - estreou a semana passada e, ou muito me engano ou, deve ser o mais fraquinho dos cinco, mesmo que traga no currículo alguns Globos de Ouro e uma boas críticas. Ou seja: vem aí um vendaval de expectantes estreias. Os novos filmes de Sidney Pollack (como produtor), dos irmãos Coen e de um dos meus realizadores favoritos da nova geração: Paul Thomas Andersen. O outro nomeado que encerra esta lista é a surpresa indie, ou melhor, o “Little Miss Sunshine” (versão 'tuga: “Uma família à beira de um ataque de nervos”) dos Óscares de 2008, chama-se “Juno” e estou com esperanças de que ele me faça rir, tanto ou mais que o seu congénere de 2007. Não deve ganhar o tal Óscar, mas uma nomeaçãozita nesta categoria dá-lhe sempre uma certa visibilidade que precisa (e certamente merece). Estreia prevista em Portugal a 7 de Fevereiro.

Dois factos curiosos: Julie Christie foi nomeada para o respectivo prémio de melhor actriz e Julian Schnabel foi nomeado para o de melhor realizador. Sobre o primeiro, convém acrescentar que o filme, onde esta grande senhora entra, chama-se “Away from her” ("Longe Dela"), também nomeado para o Óscar de melhor argumento adaptado, nem teve direito a exibição nas nossas salas, passou directamente para o mercado do DVD. Quanto ao segundo facto, sobre o realizador e o seu filme: “O Escafandro e a Borboleta” - estreou quase despercebidamente por cá o ano passado e a nossa crítica parece ter dado aquele empurrãozito extra... para o precipício - anexado a uma expressiva classificação de “bola negra”, "alguém" terá escrito:
"Há filmes assim que não deixam quaisquer dúvidas: insuportáveis da primeira à última imagem. Sobretudo para quem gostar de melodrama, como nós, este sentimentalismo pateta, "realizado", pretensiosamente, na "primeira pessoa", não pode deixar de indignar. O modo como se trata a doença, o coma, o sofrimento, por interposta ficção, baseada (assume-se) em factos reais, é quase obsceno. Julian Schnabel não resiste a rodriguinhos e a chantagens emocionais, mas o resultado final é catastrófico."
Ou não?

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