sexta-feira, janeiro 11, 2008

Push & Bear

Através de uma amiga fiquei a saber que a loja da Pull & Bear, num conhecido centro comercial em Lisboa, está a recrutar colaboradores (M/F) com base nas seguintes condições:
Horário: 19h – 24h, sete dias por semana, com 15 minutos de período para uma refeição (falou-me em dois dias de folga “mensais”, mas deduzo que tenha percebido mal, ou seja: devem ser semanais – i hope!)
Remuneração Ilíquida: 250 euros
Podia-me associar à sua consternação começando logo pelo horário, digamos, indefinido. Indefinido nem me parece que seja a palavra mais correcta a aplicar a esta situação. Talvez, falso. Senão vejamos, segundo palavras da minha amiga: a loja fecha de facto à meia-noite, mas é exigido que todos os colaboradores devam permanecer na loja até que esta esteja preparada para a sua reabertura na manhã seguinte. Sendo assim, não me parece que o horário proposto seja o mais transparente.
Depois vem a questão da remuneração ilíquida, ou seja: sem descontos. Neste caso, aplica-se só os 11% da Segurança Social, já que, como se sabe, um “ordenado” deste montante está isento de IRS. E prémios haverá? Subsídios de turno: por tratar-se de um período laboral fixo penso que não seja aplicável. Comissões? Sei que é por aqui onde se pode ir buscar grande parte do rendimento deste tipo de empregos. Pode, inclusive, conseguir chegar-se a duplicar o valor da remuneração base, mas para isso é necessário que haja uma política de prémios bem implementada e com regras claras (e legais). As comissões de vendas são de facto um bom incentivo mas aplicam-se a este caso específico? Sinceramente, não me parece. Já visitei várias lojas desta marca e nunca fui interpelado por qualquer empregado. O público-alvo é jovem, e jovem que é jovem não é muito influenciável por opiniões dos mais velhos. Chega-se, vê-se, experimenta-se e compra-se (ou não). Só mesmo em último caso interrompe-se o trabalho do lojista para solicitar qualquer esclarecimento.
Face a isto, sinceramente nem sei o que me parece mais grave: se um full-time job camuflado de part-time (35 horas semanais?!), se um novo tipo de escravatura camuflada por um trabalho remunerado (a pouco mais que um euro e meio à hora?!).

1 comentário:

Anónimo disse...

nem mais... parabens pelo comentario