quarta-feira, julho 02, 2008

Polamordeus!

Poliamor é um tipo de relação em que cada pessoa tem a liberdade de manter mais do que um relacionamento ao mesmo tempo. Não segue a monogamia como modelo de felicidade, o que não implica, porém, a promiscuidade. Não se trata de procurar obsessivamente novas relações pelo facto de ter essa possibilidade sempre em aberto, mas sim de viver naturalmente tendo essa liberdade em mente. (...)
O Poliamor aceita como facto evidente que todas as pessoas têm sentimentos em relação a outras que as rodeiam. E que isto não põe necessariamente em causa sentimentos ou relações anteriores. Aliás, o ciúme não tem lugar neste tipo de relação. Primeiro porque nenhuma relação está posta em causa pela mera existência de outra, mas sim pela sua própria capacidade de se manter ou não. Segundo, porque a principal causa do ciúme, a insegurança, é praticamente eliminada, já que a abertura é total. Não havendo consequências restritivas para um comportamento, deixa de haver razão para esconder seja o que for. Cada pessoa tem o domínio total da situação, e a liberdade para fazer escolhas a qualquer momento.

Portanto estamos perante um tipo de relacionamento que se aprogoa mais livre que todos os outros, em que não há lugar a ciumeiras e inseguranças e por aí a fora... Diz que é o futuro das relações no século XXI. Ora bem, enquanto não me transformo em robot, ainda vou a tempo de levantar algumas questões (muito básicas).

1. Com todas as vantagens apresentadas – que se podem resumir ao facto de não haver cornudos nestas relações – e de quererem afastar-se dos estereótipos conventuais, a maioria dos poliamorosos (“tradicionalmente”) casa-se exactamente porquê?
2. Este grupo associou-se a um movimento LGBT num desfile no passado sábado em Lisboa. O movimento LGBT passou a ser o último reduto onde cabe todo o tipo de "sexualidades alternativas"? Alguém me ilumine e faça ver as semelhanças porque eu só vejo diferenças. Sobretudo em questões discriminatórias, práticas e realistas: eu (infelizmente) ainda continuo a viver numa sociedade em que um gajo que assuma publicamente a sua homossexualidade nunca deixará de ser, para a maioria, um grandessíssimo rabeta - vá lá no melhor dos casos, um maricas* - enquanto se trocar de parceira frequentemente, o pior que lhe pode acontecer é apanhar uma doença venérea - mas nunca deixará de ser apreciado, socialmente, como um enorme garanhão.
3. E há inconvenientes? Ou o único problema do poliamor é saber, terminada a “confusão”, a quem pertence um determinado polichinelo?
4. E a pergunta final que se impõe será: as pessoas que se cansam de uma relação poliamorosa, ficarão polisaturadas?


*Como a mãe de um bailarino de renome disse ontem, em prime time, numa reportagem da RTP1. Estaria receosa que fosse esse o destino do seu primoroso filho quando aquele optou por enveredar por tal temida e “socialmente apaneleirada” carreira. Mas não, para seu abismal agrado, o filho apaixonou-se por uma colega de profissão. Haleluja!
Um desgosto pode ser como a estupidez: insuperável.

2 comentários:

Recuperação disse...

Boa noite senhor Agent :)
Antes de mais, os meus parabéns pelo post! Gostei!
Depois, venho-me juntar a si (se me permite, claro), uma vez que partilho as mesmas dúvidas e também espero que: "Alguém me ilumine e faça ver as semelhanças porque eu só vejo diferenças"
Cumprimentos

agent disse...

Olá. Obrigado e seja muito bem vinda aqui ao tasco dos não resignados. ;-)