quinta-feira, setembro 10, 2009

E o marquês de Sade, isto

Parece-me complicado escrever um romance pornográfico e não cair em monotonia e banalidade. Acabei de ler "As idades de Lulú", de Aimudena Grandes, e confirmo a excepção.
A protagonista desta história, para além de possuir uma vagina ávida, é também uma mulher sensível e inteligente, ao ponto de perceber rapidamente que, no âmbito sexual, na fronteira que separa a liberdade da libertinagem, o humano começa a desumanizar-se, a deteriorar-se e a tornar-se violência pura e autodestruição. Por isso, à medida que vai cada vez mais longe na sua busca do prazer, encontra-o menos e invade-a um sentimento de frustação.
Lulú descobre aos 30 anos que a realidade não pode elevar-se às alturas da fantasia, que tentar viver o desejo até aos últimos extremos a que o pode expandir a imaginação humana significa, pura e simplesmente, imolar-se. Por isso, um tal aristocrata francês e escritor libertino nas horas vagas, que sabia mais destas coisas que ninguém, dizia que o erotismo consistia em aproximar o amor da morte.

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