quarta-feira, abril 27, 2011

God bless America - but, please, save it first


Nessa malograda aventura de tentar entender um certo povo norte-americano muito sensível às diferenças alheias, chega-se sempre à conclusão de que a aplicação, a esses casos, de uma legislação muito específica de Crimes de Ódio faz todo o sentido.

A lei é muito simples: when a perpetrator targets a victim because of his or her perceived membership in a certain social group, usually defined by racial group, religion, sexual orientation, disability, class, ethnicity, nationality, age, gender, gender identity, social status or political affiliation.
Clarificando: um homem heterossexual católico tem uma raça, sexo, orientação sexual e religião e se ele for atacado por causa de uma destas suas características, os perpetuadores serão julgados à luz desta mesma lei. Claro como água e desengana logo quem diz que esta lei só foi criada para proteger "pessoas especiais".

Mas também há quem diga que há por aqui um "tratamento especial".

Porque não uma legislação semelhante para proteger o idoso daqueles que se aproveitam das suas fragilidades inerentes à sua idade? Se uma pessoa roubar o meu carro, ela comete um crime contra todos os proprietários de carros em geral? E se um homem dispara sobre outro homem, por o ter apanhado na cama com sua esposa, merecerá ser condenado por um Crime de Ódio?

Os crimes supracitados não aumentam o padrão da legislação de Crimes de Ódio actual porque ninguém é "socialmente" ensinado a odiar idosos ou a desdenhar proprietários de automóveis. Tal como o "cornudo" não matou o "amante" por este ser quem é, mas pelo que fez. Portanto, estes são "meros" crimes de oportunidade.
Os Crimes de Ódio são crimes contra um indivíduo, mas que se destinam a oprimir uma minoria inteira. Não tem nada a ver com tratamentos à parte ou acesso a certos direitos. Tem a ver com a punição sobre actos que intimida, vitimiza e subjuga todo um grupo de pessoas. É por isso que a respectiva pena é bem mais severa - nem é preciso pensar muito: quem rouba uma pessoa não recebe a mesma pena se tiver roubado duzentas, certo?
Link
Para estes casos não se pede "tratamento especial", quanto muito, pede-se "protecção especial". Como este, por exemplo.

4 comentários:

The one that is out there... disse...

Novamente a América prima pelos seus excessos e antagonismos.

Mas não necessitamos de ir para o outro lado do Oceano.

O típico hábito de olhar e comentar para a vida dos outros e falar por mal é revelador do sindrome de inferioridade que temos.

Se calhar a diferença é que nos EUA as pessoas não se inibem de ir um passo (ou dois) mais à frente e expressar o que sentem de uma forma negativa.

É muito triste e deixa-me muito triste imaginar os animais a morrerem carbonizados sem conseguirem perceber o que se estava a acontecer.

Gostava que um dia fosse possivel criar uma máquina onde o Homem conseguisse sentir o que o animal sente e uma das penas para este tipo de crime (em particular violência contra animais) seria o Homem ser colocado na mente do animal enquanto este sofria o crime perpetrado.

Enfim devaneios de alguém que adora animais e repudia comportamentos destrutivos...

Abr,

agent disse...

Completamente de acordo. Que história tão triste e cruel!

Infelizmente ainda não há grandes novidades sobre o caso. A seguradora avançou com uma compensação de $5.000 para quem ajudar a capturar o responsável:
http://www.zanesvilletimesrecorder.com/article/20110427/NEWS01/104270304/Reward-offered-McConnelsville-barn-fire-information?odyssey=mod|lateststories

The one that is out there... disse...

5.000€!!!

A piada - que montante ridículo. Infelizmente as sociedades não evoluiram o sifuciente para deixarmos de considerar os animais como mera mercadoria.

Abr

O Puto disse...

Infelizmente, muitas pessoas, para além de racistas, xenófobas, sexistas, homofóbicas, etc., também são especistas, julgando-se superiores às demais espécies animais. Até posso compreender o preconceito (temos inteligência e outros meios para o ultrapassar, nomeadamente a exposição e convívio com o alvo desse preconceito), mas não compreendo o ódio.