quarta-feira, outubro 31, 2012

sábado, outubro 27, 2012

Tenho medo, muito medo da falta de creatividade hollywoodesca

Parece que o filme "Paranormal Activity 4" chega cá para semana. Tinha estreado na mesma semana em que vi o "After Lucie" (este, no BFI, o festival de cinema), em Londres e já andava "tudo com o pito aos saltos". Não haja dúvidas que é a verdadeira galinha dos ovos de ouro da Paramount Pictures: falsos "home movies" de assombrações "de trazer por casa", com reduzido orçamento mas com monstruosas receitas em bilheteira. Não admira que já estejam agendados pelo menos mais dois da série. Tudo a estrear a curto prazo.
Estávamos mesmo a precisar assim de um "Ghostbusters 3", rápido e eficaz, que acabasse definitivamente com a praga.

quinta-feira, outubro 25, 2012

Depois de Lucía, há que agir



Não é difícil filmar o bullying sem revelar a crueldade, a humilhação e o desespero que esse tema invoca. Mas uma coisa é ver o fenómeno numa prespectiva “light” e repleto de lugares-comuns, entre outras previsibilidades, num telefilme que passa comodamente no serão da RTP1 e outra é vê-lo através da câmara claustrofóbica de um “Michael Haneke” mexicano em potência.
 
Este “Después de Lucía” é sobretudo eficaz na forma como o seu realizador, Michel Franco (até o primeiro nome é parecido), imobiliza a câmara e obriga-nos a assistir a tudo. E quando digo tudo, refiro-me a imagens verdadeiramente chocantes e psicologicamente perturbadoras. Só assim, no extremo, sendo as principais testemunhas do “massacre” e vendo de uma forma crua essa realidade - que os “nossos” filhos (por variadíssimas razões – é urgente descortiná-las) não nos contam - é que entenderemos a real dimensão deste problema social e o nível de violência física e psicológica que o bullying pode provocar. Porque, nesse campo, as responsabilidades d’ “a escola” já demonstraram ter muitas falhas, há que estar atento a todos os sinais.
Depois de Lucía, há mesmo que fazer qualquer coisa para que, e de uma vez por todas, tudo daquilo que ela passa em ficção não se volte a repetir (e a multiplicar) em realidade. 

terça-feira, outubro 23, 2012

sexta-feira, outubro 19, 2012

Só morrem os bons




Morreu um dos meus escritores (e cronistas) portugueses preferidos. Um homem, entre tantas coisas boas, de convicções e de palavras. Mas são justamente estas que me faltam para descrever o que a sua perda significa para mim. Como premente tentativa de remediar a situação, deixo as dele:

O leitor que, à semelhança do de O'Neill, me pede a crónica que já traz engatilhada perdoar-me-á que, por uma vez, me deite no divã: estou farto de política! Eu sei que tudo é política, que, como diz Szymborska, "mesmo caminhando contra o vento/ dás passos políticos/ sobre solo político". Mas estou farto de Passos Coelho, de Seguro, de Portas, de todos eles, da 'troika', do défice, da crise, de editoriais, de analistas!

Por isso, decidi hoje falar de algo realmente importante: nasceram três melros na trepadeira do muro do meu quintal. Já suspeitávamos que alguma coisa estivesse para acontecer pois os gatos ficavam horas na marquise olhando lá para fora, atentos à inusitada actividade junto do muro e fugindo em correria para o interior da casa sempre que o melro macho, sentindo as crias ameaçadas, descia sobre eles em voo picado.


Agora os nossos novos vizinhos já voam. Fico a vê-los ir e vir, procurando laboriosamente comida, os olhos negros e brilhantes pesquisando o vasto mundo do quintal ou, se calha de sentirem que os observamos, fitando-nos com curiosidade, a cabeça ligeiramente de lado, como se se perguntassem: "E estes, quem serão?"


Em breve nos abandonarão e procurarão outro território para a sua jovem e vibrante existência. E eu tenho uma certeza: não, nem tudo é política; a política é só uma ínfima parte, a menos sólida e menos veemente, daquilo a que chamamos impropriamente vida.

António Manuel Pina

(uma das suas crónicas publicadas no JN)

Poortugal

Artigo sobre a situação sócio-económica em Portugal na revista Economist:

terça-feira, outubro 16, 2012

Sobre a reportagem que a SIC passou ontem à noite, em horário nobre









A reportagem debruça-se quase exclusivamente sobre a dura vida de um ex-empresário a poucos dias/horas de fechar a sua empresa... Mas as suas funcionárias também sabem perfeitamente o que é o "stress" de viver uma situação limite. Ninguém reclama logo "as suas horas" por acaso; ninguém come o seu almoço de marmita, na rua, sentado num tijolo, por acaso.
É legítimo que ele tenha pedido a sua dispensa por duas ou três semanas (sem salário) com uma possibilidade de voltarem a serem chamadas depois desse prazo... Tal como é legítimo que elas não aceitem tais condições e prefiram o "fundo de desemprego".
As promessas nunca mataram a fome a ninguém.

Mas não era sobre o tema da reportagem que eu queria escrever. Era só sobre a reportagem.
Tecnicamente não há outro canal de televisão nacional a fazer reportagens a este nível. Podiam-se ter exclusivamente preocupado em passar a mensagem, com um desabafo aqui, uma lamentação ali, uma declaração polémica acolá. Não, nota-se que há, sobretudo naquela equipa técnica, outras prioridades. Montagem: a ordenação e o ajuste dos planos são perfeitos (a sequência inicial do jogo de sons na alfaiataria está fabulosa); o som, vai pelo mesmo caminho; a fotografia: óptimos enquadramentos; o grafismo, bonito e vanguardista; ...
Em suma, não há assim tantas diferenças entre "isto" e qualquer documentário independente premiado no Festival de Sundance.

sábado, outubro 13, 2012

sexta-feira, outubro 12, 2012

Porque o reset pode ser mesmo a melhor opção





De uma vez por todas, estes políticos da treta têm que entender que o aqui está em causa, não é o valor em si. Estes 210 mil euros ao lado dos milhões da dívida pública nacional são peanuts. Mas o que aqui está em causa é toda a questão moral que estes gastos levantam. Quando se pedem mais e mais sacrifícios aos portugueses, aparecerem estas notícias de mordomias que não se coadunam com o estado real do país. O que me faz pensar que esta gente vive claramente numa redoma de vidro, num outro patamar da realidade - claro que com os previlégios que têm, mais acomodados não se podem sentir e de lá tão pouco ninguém os tira. E sentem-se tão impunes que se dão ao luxo de mandar estas "piadas" (a do “Clio”, do Assis, é ainda melhor), esquecem-se é que há uma outra realidade que anda com muito pouca disposição para as receber. Repito: esta classe política está completamente desajustada da realidade, e são indivíduos como este Zorrinho, com a inteligência de um burrinho (sem ofensa para o animal irracional) e o oportunismo de um abutre, que nos governam, que não têm capacidade de entender o poder e as consequências das suas palavras e que só vem aprofundar ainda mais a divisão entre o povo e “eles”.

Se alguém ainda tinha dúvidas, aqui estão as provas. Estes políticos não prestam, são medíocres e sem vestígios de espinha vertebral. Se não fosse a grave situação económica em que o país se encontra (e das consequências ainda piores que poderiam advir de tal medida) diria que a solução estaria na dissolução da Assembleia da República feita pacíficamente pelo povo (quem mais poderia ser?) - coisa que certamente dar-me-ia o mesmo prazer que aquele que um dono do rabo tremido e requentado sente a bordo de um BMW 5 pago pelos “outros”... Ou, vá lá, de um Audi A5.
Era só isso. Era fazer um reset ao sistema político, criar uma comissão parlamentar do povo, onde fossem estabelecidas as bases para a criação de um novo sistema pluralista, assente na verdade, na transparência, na justiça, na equidade e no equilíbrio. Tudo assim, bonitinho e extra-partidário, constituído por indivíduos íntegros e de currículo não instantâneo, com uma verdadeira vontade de servir e não de se servir do sistema.

quinta-feira, outubro 11, 2012

segunda-feira, outubro 08, 2012

Música para ouvir de olhos fechados



arrow from Angelos Stratis on Vimeo.

Desde os primeiros tempos que a música dos The Irrepressibles serve de banda sonora a algumas boas experiências visuais. Não precisa de ser algo muito elaborado, como é o caso. 
Aliás, para ser mais correcto, nem precisamos ver, basta ouvir, para sermos imediata e emocionalmente absorvidos por todo um certo dramatismo, único mas universal, que permite a cada ouvinte viver o seu próprio "filme".

“Nude”, o novo álbum, tem edição prevista para o dia 22 deste mês.

sexta-feira, outubro 05, 2012

Sim, já é oficial, este país é um enorme FAIL!


No início das comemorações deste "5 de Outubro" a bandeira portuguesa foi hasteada ao contrário e o Presidente da República nem reparou... Este momento caricato não é mais do que o melhor reflexo de um país virado do avesso, com um presidente muito "distraído".

quarta-feira, outubro 03, 2012

Moda circuncidada

Ou fazer mesmo questão de andar com ele ao peito.



(Adquirir aqui.)

Como as webzines lidam com a arte sem prepúcio




Já a capa do primeiro disco da banda de hip-hop exprimental californiana Death Grips tinha causado alguma perplexidade, inclusive nas webzines mais indie/underground/hipster do momento.

 

No mesmo ano, acabam de lançar o segundo disco de originais com um título (“No Love Deep Web”) e respectiva capa, no mínimo, ainda mais curiosos (para não dizer espirituosos).

Boa ou má qualidade da sua música à parte, não deixa de ser interessante o modo descomplexado como apresentam os seus trabalhos: nos vídeos arcaicos, nas letras minimalistas, nestas capas... circuncidadas.

Também é digno de atenção constatar como aquelas webzines e revistas de música alternativa (vocês sabem quais são) lidam com tanta desinibição artística. O que se ouve é de obra-prima para cima; o que se vê, por vezes, tem que ser camuflado, que, em certos casos, chega a ser uma boa resposta recreativa, quase à altura da qualidade da obra original.