quinta-feira, outubro 25, 2012

Depois de Lucía, há que agir



Não é difícil filmar o bullying sem revelar a crueldade, a humilhação e o desespero que esse tema invoca. Mas uma coisa é ver o fenómeno numa prespectiva “light” e repleto de lugares-comuns, entre outras previsibilidades, num telefilme que passa comodamente no serão da RTP1 e outra é vê-lo através da câmara claustrofóbica de um “Michael Haneke” mexicano em potência.
 
Este “Después de Lucía” é sobretudo eficaz na forma como o seu realizador, Michel Franco (até o primeiro nome é parecido), imobiliza a câmara e obriga-nos a assistir a tudo. E quando digo tudo, refiro-me a imagens verdadeiramente chocantes e psicologicamente perturbadoras. Só assim, no extremo, sendo as principais testemunhas do “massacre” e vendo de uma forma crua essa realidade - que os “nossos” filhos (por variadíssimas razões – é urgente descortiná-las) não nos contam - é que entenderemos a real dimensão deste problema social e o nível de violência física e psicológica que o bullying pode provocar. Porque, nesse campo, as responsabilidades d’ “a escola” já demonstraram ter muitas falhas, há que estar atento a todos os sinais.
Depois de Lucía, há mesmo que fazer qualquer coisa para que, e de uma vez por todas, tudo daquilo que ela passa em ficção não se volte a repetir (e a multiplicar) em realidade. 

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