Não é difícil
filmar o bullying sem revelar a crueldade, a humilhação e o desespero que esse
tema invoca. Mas uma coisa é ver o fenómeno numa prespectiva “light” e repleto
de lugares-comuns, entre outras previsibilidades, num telefilme que passa
comodamente no serão da RTP1 e outra é vê-lo através da câmara claustrofóbica
de um “Michael Haneke” mexicano em potência.
Este “Después de
Lucía” é sobretudo eficaz na forma como o seu realizador, Michel Franco (até o
primeiro nome é parecido), imobiliza a câmara e obriga-nos a assistir a tudo. E
quando digo tudo, refiro-me a imagens verdadeiramente chocantes e
psicologicamente perturbadoras. Só assim, no extremo, sendo as principais
testemunhas do “massacre” e vendo de uma forma crua essa realidade - que os
“nossos” filhos (por variadíssimas razões – é urgente descortiná-las) não nos
contam - é que entenderemos a real dimensão deste problema social e o nível de
violência física e psicológica que o bullying pode provocar. Porque, nesse
campo, as responsabilidades d’ “a escola” já demonstraram ter muitas falhas, há
que estar atento a todos os sinais.
Depois de Lucía,
há mesmo que fazer qualquer coisa para que, e de uma vez por todas, tudo
daquilo que ela passa em ficção não se volte a repetir (e a multiplicar) em
realidade.
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