“One Girl. One
City. One Night. One Take.”, o subtítulo de “Victoria”, o mais recente filme do
alemão Sebastian Schipper, serve de mote para lhe fazer uma abordagem
superficial.
Uma rapariga, Victoria, madrilena, jovial,
entre a ingenuidade e a audácia, capaz de dizer coisas tão tontas como intensas:
“You touched my ass!... Say sorry with the heart!”. Uma cidade: Berlim, multicultural,
noctívaga, capital mundial do techno. Uma noite, como qualquer outra, entre os
últimos vestígios da obscuridade e os primeiros momentos da alvorada. Um
(único) plano-sequência, onde os telespectadores, como quaisquer outros
portagonistas deste filme, ficam, desde o seu primeiro segundo, refém do desenlace
da narrativa, não deixando opções de fuga ou formas de ruptura com a realidade –
um dos inúmeros atributos deste filme. Mas falta acrescentar: uma acção.
Uma acção,
irreflectida e inofensiva, que desencadeiam muitas outras. Mais que uma pequena
acção/decisão originar grandes consequências, “Victoria” também pretende
demonstrar que uma paixão ou a solidão pode-nos levar a cometer actos
inconsequentes.
A camara segue
Victoria ao longo de mais de duas horas que dura esta assombrosa obra, até ao
momento em que a paixão é substituída pelo desalento e a solidão volta a
invadir a sua alma, enquanto caminha, nas primeiras horas da manhã, por uma qualquer
rua de Berlim.
A “cereja” no
topo deste magnífico e surpreendente “bolo” é a banda sonora minimalista e intimista - contrastando com a batida techno e a violência
das imagens - que ficou a cargo de Nils Frahm.
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