Foi um prazer...
quarta-feira, abril 04, 2007
Pequeno ensaio sobre a cegueira (ou a lucidez)
Não vale a pena fingir que não vemos gravidade nisto. As pessoas esquecem-se, mas desde o tempo das FP-25 - como o nome indica, uma excrescência do período pós-revolucionário - que há mais de vinte anos a violência política em Portugal veio sempre desta extrema-direita. Espancaram um actor, esfaquearam até à morte um sindicalista, fizeram uma "caça ao negro" pelas ruas de Lisboa, e em matilha assassinaram o português Alcino Monteiro pelo crime de ser mulato e passear pela cidade. Recentemente foram provocar imigrantes para o Martim Moniz, apostaram forte no concurso dos Grandes Portugueses e passaram para a fase da propaganda xenófoba. Mudam de sigla, contornam cuidadosamente a lei, fazem da desonestidade a táctica principal. Quem tiver estômago para os procurar na Internet verá que se estão a organizar. Os jornalistas que se dão ao trabalho de os investigar ficam assustados com histórias de tráfico de drogas e extorsão. Mas quando eles vieram empunhar orgulhosamente as suas armas ilegais na TV, o mesmo Pacheco Pereira que vê sinais alarmantes em todo o lado minimizou o assunto para inventar fantasiosas equivalências com a esquerda. A mesma tese que continua a reciclar.
(...)
Marcelo Rebelo de Sousa, no seu comentário televisivo, atacou os racistas enquanto "homem de direita", demonstrando que ao contrário de Pacheco Pereira percebeu essa ideia simples. A direita tem de cair na realidade actual e fazer, se for capaz, um discurso anti-racista para o seu próprio eleitorado. Quanto mais não seja porque são os vossos eleitores - actuais e futuros - que os racistas sonham roubar-vos. Com mil raios, será que teremos mesmo de vos explicar tudo?
Rui Tavares
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