segunda-feira, abril 16, 2007

É um Nissan "Cascai(s)" tá-a-ver?


A Nissan depara-se com um fenómeno anormal de procura de um veículo para o qual não estava minimamente preparada. Não estamos a falar nem de um típico veículo ligeiro, nem de um jipe, nem de um SUV… é uma mistura disto tudo! “O Melhor de vários mundos”, dizem eles. O Qashqai é um carro versátil, não catalogável, que não deixa ninguém indiferente e que acaba por abranger vários tipos de potenciais compradores. E o brilhante anúncio do “carro-skate” também marca a diferença.
Este carro tem tudo para ser um sucesso estrondoso (pelo menos enquanto não tiver concorrência) e ainda por cima tem um preço que não nos faz desaparecer do stand à mesma velocidade com que o Mourinho muda de ideias se quer ou não ficar no Chelsea. Está longe de ser um carro barato, principalmente se compararmos com os preços praticados em Espanha, mas, digamos, para o carro que é e o motor e o equipamento que tem, é menos caro. No entanto sejamos sinceros, a Nissan é uma marca nipónica bastante conceituada mas não é uma marca de “volumes”. Acomodou-se a vender veículos para nichos de mercado bastante específicos e as suas últimas apostas têm sido exclusivamente para veículos 4X4, tinha que vir agora uma espécie de carro TT, com um nome, na mesma proporção, esquisito e chique, “Cascai(s)”, quebrar-lhes a rotina.
Quer queiramos, quer não, este é o modelo mais importante que a Nissan lança nos últimos 10 anos.
O meu cunhado, vendedor da marca, disse-me que neste momento os pedidos de encomenda são tantos – para o habitual volume da Nissan – que o novo sistema informático que fornece as previsões de entregas entrou em colapso e deixou de dar dados minimamente coerentes. De qualquer forma, ele, disse-me que já houve alguém que aceitou encomendar um Qashqai com uma possível entrega para Setembro (!?). Para mim ainda mais difícil de entender que alguém aceite esperar 6 meses pela entrega de um carro, é compreender como nos nossos tempos, com tantos estudos de mercado e técnicas de produção tão desenvolvidas, uma multinacional que já anda neste negócio há tantos anos, não consegue responder eficazmente à procura de um novo modelo.
Também poderemos estar perante uma situação denominada na gíria dos vendedores por, e perdoem-me a expressão, “tesão do mijo” – a procura desenfreada no momento do lançamento dos veículos – mas há quem garanta que se trata de uma “erecção” demasiado prolongada para ser um mero fenómeno pontual.

Para quem acha que um carro destes – mais alto e pesado que os “ditos” normais – perde em aerodinâmica, estabilidade e potência (mesmo só com os 106 cavalos, nas versões com motor 1.5 dCi), nomeadamente nas curvas, sugiro que faça um test-drive. Quem já tenha conduzido este ou um Scenic ou mesmo uma Megane (penso que o motor, se não é o mesmo, deve ser muito semelhante) saberá certamente do que falo.
Existem 3 modelos: o Vísia, o Acenta e o Tekna. Do primeiro para o último, a diferença está nos equipamentos de série e opcionais, e, claro, nos preços: pode ir dos 23.949 euros, o Vísia 4X2 1.6 a gasolina, até ao Tekna 4X4 com um motor a diesel 2.0 que custa no mínimo 36.390 euros (preços de catálogo) – sem querer ferir susceptibilidades e provocar a frustração a alguém, acrescento ainda que este modelo 4X4 mais completo pode ser adquirido pelos espanhóis, mais ou menos, ao mesmo preço que um português compra um Vísia, sem extras. Informo, também, que a partir do modelo Acenta é possível encomendar este carro com tecto panorâmico e como já estive dentro de um, posso garantir-vos: é de sonho.

Mas vamos ao mais importante: a utilidade. Para que serve então este crossover, quase SUV quase jipe, se não pode sair das estradas? Serve para o resto e servirá para embelezar o nosso parque automóvel. Nem que seja para “combater” esta “praga” de carrinhas “familiares” francesas e alemãs que se vendem como pãezinhos quentes por cá. Fica então provado que a escolha de um carro, pode estar por vezes muito mais condicionada por “emoções” do que por “razões”. Como quase tudo nesta vida.

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