Gostando-se ou não deles – eu fico-me num “nim” absoluto, pois se há canções que muito admiro, há outras que acho medíocres – há que congratulá-los pela forma como investiram as suas carreiras. Os The Gift arriscaram e venceram. São um sucesso a nível nacional e segundo a reportagem especial que passou na noite passada na SIC, também começam-no a ser em Espanha. Pelo menos já esgotam salas com mais de 1500 pessoas em Madrid. É um óptimo indicador ou não nos podemos esquecer o feito que é conseguir penetrar num mercado discográfico como o espanhol. Mas tal aplica-se tanto ao som tuga como a qualquer outra língua que não seja o castelhano. De qualquer forma a música da banda mais internacional de Alcobaça é, como diz o último disco, “fácil de entender”, tem boas orquestrações, os refrães ficam no ouvido e a voz da Sónia é forte e não deixa ninguém indiferente. Não quero dizer com isto que a fórmula usada seja razão suficiente para ir além fronteiras. Nem por sombras. É preciso muita força de vontade, alguns contactos e ainda mais investimentos. Foi basicamente isso que os The Gift fizeram e, que aparentemente, conseguiram e, por exemplo, que o Pedro Abrunhosa, fez e não conseguiu.
Antes dos The Gift, houve a Amália, os Madredeus e a Marisa (e o Rui da Silva, lol, porque não?). Estes pelo menos foram os casos mais mediáticos. Numa leitura superficial: o que destinge aquela banda de todos os outros exemplos está relacionado com o seu registo pop. Também não é facil entrar em mercados externos onde o único “produto” pop comercializável é o proveniente dos “States” ou de Inglaterra. Quase tudo o resto que possa sair daqui insere-se na catalogação mais generalista que existe (à face da terra) e que alguém teve a infeliz ideia de chamar: World Music! Como se tudo o que não estivesse nessa lista não fosse música deste mundo! Bem há uns certos casos... Adiante. As letras em inglês poderiam ser um pormenor a ter em consideração mas não o é – e tal já ficou provado pelos “outros nossos motivos de orgulho” – como factor preferencial para uma exportação de sucesso.
A qualidade também deveria ser o tal “factor”. Mas poderíamos exportar José Mário Branco, Sérgio Godinho, Sam the kid ou os Clã? Há “produtos” por mais bons que sejam que parecem perder todo o seu sentido fora do seu contexto e realidade social. No entanto pensando desta forma nunca Antônio Carlos Jobim e Caetano Veloso teriam dado a conhecer a sua MPB (Música Popular Brasileira) ao resto do mundo.
Não nos falta por aqui material em condições para competir lá fora. Actualmente, os Buraka Som Sistema, por exemplo, já conseguem tirar algum proveito do seu kuduro progressivo em algumas zonas da Europa. E o rock? Em 1998 uma banda de Vila do Conde lançou um disco chamado “The privilege of making the wrong choice” (título por si só brilhante!). A banda chamava-se (e chama-se, mas não com os mesmos elementos da constituição original) Zen, eu tive (e tenho) o privilégio de ouvir aquele CD e achar que este foi (e é) o melhor disco rock feito jamais por cá e se ouve alguma má escolha, terá sido a de não o mostrarem a quem de direito no estrangeiro, ou de lhe terem colocado o muito usual rótulo: “É português? Não presta!”.
Um representante da EMI espanhola que foi entrevistado durante a reportagem, num momento de maior exaltação pós-concerto dos The Gift, exclama: “Ainda bem que os portugueses arranjaram algo de muito bom para nos oferecer... Para além de bacalhau assado...” O nosso triste “fado” também pode ser esse: o de não nos querem ver para além do nosso rico “bacalhau assado”. Assim não há “iguaria”, por melhor que seja, que consiga vingar.
Antes dos The Gift, houve a Amália, os Madredeus e a Marisa (e o Rui da Silva, lol, porque não?). Estes pelo menos foram os casos mais mediáticos. Numa leitura superficial: o que destinge aquela banda de todos os outros exemplos está relacionado com o seu registo pop. Também não é facil entrar em mercados externos onde o único “produto” pop comercializável é o proveniente dos “States” ou de Inglaterra. Quase tudo o resto que possa sair daqui insere-se na catalogação mais generalista que existe (à face da terra) e que alguém teve a infeliz ideia de chamar: World Music! Como se tudo o que não estivesse nessa lista não fosse música deste mundo! Bem há uns certos casos... Adiante. As letras em inglês poderiam ser um pormenor a ter em consideração mas não o é – e tal já ficou provado pelos “outros nossos motivos de orgulho” – como factor preferencial para uma exportação de sucesso.
A qualidade também deveria ser o tal “factor”. Mas poderíamos exportar José Mário Branco, Sérgio Godinho, Sam the kid ou os Clã? Há “produtos” por mais bons que sejam que parecem perder todo o seu sentido fora do seu contexto e realidade social. No entanto pensando desta forma nunca Antônio Carlos Jobim e Caetano Veloso teriam dado a conhecer a sua MPB (Música Popular Brasileira) ao resto do mundo.
Não nos falta por aqui material em condições para competir lá fora. Actualmente, os Buraka Som Sistema, por exemplo, já conseguem tirar algum proveito do seu kuduro progressivo em algumas zonas da Europa. E o rock? Em 1998 uma banda de Vila do Conde lançou um disco chamado “The privilege of making the wrong choice” (título por si só brilhante!). A banda chamava-se (e chama-se, mas não com os mesmos elementos da constituição original) Zen, eu tive (e tenho) o privilégio de ouvir aquele CD e achar que este foi (e é) o melhor disco rock feito jamais por cá e se ouve alguma má escolha, terá sido a de não o mostrarem a quem de direito no estrangeiro, ou de lhe terem colocado o muito usual rótulo: “É português? Não presta!”.
Um representante da EMI espanhola que foi entrevistado durante a reportagem, num momento de maior exaltação pós-concerto dos The Gift, exclama: “Ainda bem que os portugueses arranjaram algo de muito bom para nos oferecer... Para além de bacalhau assado...” O nosso triste “fado” também pode ser esse: o de não nos querem ver para além do nosso rico “bacalhau assado”. Assim não há “iguaria”, por melhor que seja, que consiga vingar.
2 comentários:
Apesar de achar que os Gift já foram melhores, é de se lhe admirar o feito de penetrarem em mercado espanhol, tão fechado a outras sonoridades. Também me irrita que tudo o que não seja cantado em inglês em sonoridade pop/rock seja encaixado no saco da world music.
O disco de estreia dos Zen é do caraças!
Aproveito para agradecer pelo esclarecimento em relação ao plurar de "refrão". Andei este tempo todo enganado. Santa ignorância da minha parte!
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