quarta-feira, maio 14, 2008

Porno – Parte III – Algumas conclusões

O mainstream. Sempre que uma estrela porno inaugura uma megastore ou anuncia uma linha de profumes, ou aparece num programa de televisão, a gente do porno começa a dizer que o porno é “mainstream”, que o porno é o máximo, que o porno é fixe. Mas o porno nunca poderá sê-lo, em parte por causa da natureza contrária da forma. Para o porno se tornar “mainstream”, os seres humanos tinham de mudar.

A paródia do amor. O calor, é nessa direcção que o mercado nos leva: para o calor, a intensidade, uma ginástica frenética. Mais que isso, o porno, ao que parece, é uma paródia do amor. Por isso está a dirigir-se para os antípodas do amor, que são o ódio e a morte. “Estrangula-a!”
Nietzsche definiu as anedotas como epigramas sobre as mortes dos sentimentos. Por outras palavras, é típico que o criador da frase “as ratas são uma treta” não tenha a menor ideia de que com o que estaria a brincar. De qualquer forma, o porno está repleto de morte dos sentimentos.

O vício. Gore Vidal disse uma vez que o perigo da pornografia era de fazer com que quiséssemos ver mais pornografia; podendo mesmo fazer com que não quiséssemos fazer mais nada a não ser vermos pornografia.

A perversão. O porno serve o “perverso polimorfo”: o caos quase-infinito do desejo humano. Se ocultarmos uma perversão, mais cedo ou mais tarde o porno identifica-la-á. É melhor que tal não aconteça quando assistir a um filme sobre um tratador de porcos coprofágico – ou sobre um cangalheiro...

Portanto, o porno americano obedece ao mercado (e como poderia ser de outra maneira?), logo percebemos o que isto nos diz do porno. Mas o que é que nos diz sobre a América? E se a América é mais um mundo do que um país, o que é que nos diz sobre o mundo?

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