quarta-feira, dezembro 14, 2005

O amor é eterno?

Cientistas italianos descobriram a fórmula da paixão, ou melhor, do “amor romântico” (?). Parece que o “Factor de Crescimento Nervoso” existe em maior quantidade no cérebro humano durante a fase inicial do relacionamento amoroso entre dois seres humanos, revela um estudo de investigadores da Universidade de Pavia.


Desde do primeiro momento que cheguei aquela festa de aniversário que reparei neles. Passaram grande parte da noite junto da mesa central, aonde se encontrava a maior parte da comida. Ora sentavam-se, ora levantavam-se sempre que alguém os ia cumprimentar ou “só para meter conversa”:
- Então Dona Almerinda, isso vai ou quê?
- Olha o João... não vale a pena levantar-se... está cada vez mais jovem! Tem que me contar o seu segredo...
Tratava-se de um casal simpático de sexagenários. Não comunicavam muito entre si mas passaram grande parte do fim de tarde (e princípio da noite) juntos e, dada a sua estratégica localização, não isolados do resto dos convidados.
Numa das vezes que me dirigi à tal mesa, a Dona Almerinda já lá se encontrava e trocamos sorrisos e uns breves cumprimentos. Ao mesmo tempo que escolhia meticulosamente uns doces para um prato, dizia-me:
- Tenho que ter cuidado... ele tem diabetes, não quero que o homem me fique pior!
- Pois... tem que ter cuidado com isso.
- Ainda por cima ele é guloso. Vou-lhe só deixar provar um pouco desta tarde de maçã que me parece o menos açucarado do que está por aqui.
Entretanto chegou a filha:
- A mãe sempre cuidadosa... – E olhando para o prato, ainda disse – veja lá, você também não pode abusar!
- Eu sei filha, mas tenho que ter mais cuidado com ele do que comigo. Ele está pior que eu!
- Acho bem. Mas não se descuide da sua, por ficar só a pensar na saúde dele! – Opinou a filha.
- Oh filha, não te preocupes que para o ano estamos cá todos outra vez, se Deus quiser e se não quiser, não estamos. Prontos!
- Ai... já não se ama como antigamente, já viste? – Virando-se a filha para mim e esperando a minha concordância a tal afirmação. E foi nesse momento que a mãe exclama:
- Oh rapariga, a gente já não se gosta assim...! Nos primeiros tempos sim, acredito que tenha havido muito amor entre nós, mas agora... há carinho, há atenção, há companhia, ... – Dizia ela enquanto olhava para o marido.
- E há amizade! – Rematei eu.
- Exactamente. Somos muito amigos, eu olho por ele e ele vai olhando por mim. Desde que lhe começou a aparecer alguns problemas que a minha vida se tornou um desassosssego... mas também não vejo outra vida para mim.

3 comentários:

João M disse...

acho que numa idade avançada o importante é que se dêm bem, como diz a outra.
mas antes disso, there's more to life than 'amor eterno'.

Unknown disse...

O companheirismo, a amizade, etc,são de facto muito importantes numa relação, mas quando se é mais novo nada disso interessa se não houver amor, paixão...há que viver o fogo da paixão, mesmo que dure pouco...faz parte do ser humano...:-)

João M disse...

'o fogo da paixão'... adoro essa expressão.