Jarawa, Onge, Sentinelese, Shompen e Great Andamanese são as cinco tribos que povoam as Ilhas de Andaman e Nicobar (India) na Baía de Bengala, Oceano Indíco. Tratam-se de indígenas que vivem primitivamente e até muito recentemente isolados da civilização. Toda aquela região estaria perto do epicentro do terramoto asiático que ocorreu há um ano atrás e onde o consequente tsunami provocou ondas com mais de 10 metros, e o mais lógico seria que, face ao que aconteceu em outras zonas mais civilizadas no sudoeste asiático, não sobrevivesse qualquer pessoa. Aconteceu o oposto. Não há registos de qualquer óbito. Como foi possível que os nativos que estão a milhares de anos da nossa civilização, das nossas tecnologias que permitem prever tsunamis, tivessem sido todos salvo ao contrário do que aconteceu nas zonas mais urbanizadas?
Não são poucos os geólogos que consideram pelo menos aceitável a probabilidade de que os deslocamentos das placas subterrâneas que precedem as erupções vulcânicas e os terramotos possam ser detectados por animais, muito antes dos humanos e as máquinas que eles inventaram. O assunto nunca foi estudado profundamente, mas os indícios de que os bichos têm predisposição para sentir esse tipo de coisas são imensos. E mais uma vez temos a confirmação: todos os animais (elefantes e leopardos, na sua maioria) que se encontravam no Yala National Park, a maior reserva natural do Sri Lanka conseguiram-se salvar do tsunami porque pressentiram algo fora do normal e fugiram para áreas mais altas. Terá sido justamente isso que aconteceu com as tribos das Ilhas da Baía de Bengala: serviram-se dos seus mais básicos instintos? Obviamente que são casos (e instintos) diferentes, mas o que no fundo salvou todos aqueles animais e humanos foi o seu contacto permanente com a natureza, os seus ciclos e alertas. Ou seja, enquanto numa qualquer praia da Ilha de Ko Phi Phi (aonde foi filmado “A Praia”, de Danny Boyle), na Tailândia, quando a maré subita e estranhamente vazou, a maioria dos habitantes e turistas que por lá se encontravam permaneceram (até há quem tenha aproveitado para seguir a maré para apanhar os peixe que iam ficando ao longo da praia!) no local e mantiveram-se estupidificados a olhar para o mar enquanto ele já apresentava sinais da sua revolta a poucos centenas de metros da costa; nas Ilhas de Andaman e Nicobar, os seus nativos fugiram imediatamente para as altas florestas logo que o mar começou a recuar daquela forma assustadora.
Ao contrário dos animais, não foram os instintos inatos que os salvaram desta catástrofe, mas os ensinamentos que passaram de geração em geração, alguns associados a mitos e histórias ancestrais, que se baseiam, acima de tudo, num grande respeito pela natureza. Isto mais do que uma grande lição ou uma versão moderna da revolta dos Deuses com uma nova “Arca de Noé”, é um valente murro no nosso estômago “inteligente” ocidental!
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