Ontem passei os olhos por uma notícia que muito me surpreendeu. A espionagem electrónica com o objectivo de denunciar infidelidades está a aumentar disparatadamente. Os advogados especialistas e os detectives privados são unânimes em dizer que tudo é válido para provar a traição do(a) parceiro(a) do(a) cliente. As provas electrónicas são cada vez mais utilizadas em processos de divórcio e que são os próprios cônjuges desconfiados que praticam a violação de correspondência electrónica, quer nos telemóveis quer nos computadores. Um detective dá o exemplo de um sistema de “artilhação” do telemóvel que fica sob vigilância integral num outro telemóvel, em tempo real, sem que o seu dono sequer desconfie.
Ora, indo directa e imediatamente ao cerne desta questão, falemos de sexo, ou melhor, das nossas ligações sexuais. No passado, definíamos a fidelidade como a promessa de nos ligarmos sexualmente a uma pessoa e mais nenhuma. Hoje em dia e no futuro, com a mudança de mentalidades, com o aparecimento de novos tipos de relacionamento, com casamentos mais liberais, em que as ligações sexuais podem ser efectivamente mais abertas e indefinidas, o que significará, no fim de contas, a infidelidade? A diferença significativa é que em vez de a fidelidade sexual ser a marca identificadora de uma relação, um dado adquirido como no passado, nas relações do futuro teremos que ter a liberdade de escolher o que queremos o que ela signifique. Ou seja, pode significar o que sempre significou: a opção de ter relações sexuais com um só parceiro; mas também pode significar a lealdade emocional mas tendo a coragem para assumir outras ligações sexuais com outros parceiros, e não só com a pessoa com quem se escolheu para viver. Os defensores acérrimos da monogamia sexual estarão neste momento a tentar arranjar argumentos para demonstrar que esta hipótese só nos tornaria sexualmente mais irresponsáveis. Eu pergunto: e já não o somos actualmente? Pelo que se lê nos jornais, dizem os advogados e detectives, o nosso vizinho do lado e a senhora da quiosque, a resposta é sim, só que, e este é o pormenor importantíssimo desta questão, não admitimos! Fala-se em irresponsabilidade e dá-me a parecer que ela esteja mais associada a relacionamentos tradicionais muito pouco transparentes, cheios de desconfianças, que enchem os bolsos dos advogados e detectives particulares e acabam em disputas e litígios num tribunal, do que a um relacionamento mais liberal, mas assumido e partilhado honestamente entre os seus dois elementos.
Com isto tudo não quero eu dizer que ache, por exemplo, o “swing” a “cena” mais excitante dos últimos tempos ou que não deixará de ser uma forma encapotada e hipócrita de não assumir as limitações de um modelo de casamento à beira de ruptura, mas digo, por outro lado, que é de louvar todos os relacionamentos onde ainda há sinceridade, respeito e confiança mútua, independentemente do tipo de ligação sexual que tenha sido acordada conscientemente entre o casal.
Se por um lado continuo a acreditar na monogamia, por outro não sou do tipo de pessoa que veja com muita facilidade a face de Jesus Cristo numa torrada. Sou só realista ao ponto de começar a entender melhor as necessidades básicas do ser humano e um crítico da forma camuflada como hoje em dia as colocam em prática.
Um casamento que supostamente deveria ser, entre outras coisas, a oficialização de um relacionamento amoroso, para além do jogo de aparências que já é, passa a ser também uma espécie de competição de fidelidade entre dois seres, que, supostamente e acima de tudo, deviam querer-se bem.
Ora, indo directa e imediatamente ao cerne desta questão, falemos de sexo, ou melhor, das nossas ligações sexuais. No passado, definíamos a fidelidade como a promessa de nos ligarmos sexualmente a uma pessoa e mais nenhuma. Hoje em dia e no futuro, com a mudança de mentalidades, com o aparecimento de novos tipos de relacionamento, com casamentos mais liberais, em que as ligações sexuais podem ser efectivamente mais abertas e indefinidas, o que significará, no fim de contas, a infidelidade? A diferença significativa é que em vez de a fidelidade sexual ser a marca identificadora de uma relação, um dado adquirido como no passado, nas relações do futuro teremos que ter a liberdade de escolher o que queremos o que ela signifique. Ou seja, pode significar o que sempre significou: a opção de ter relações sexuais com um só parceiro; mas também pode significar a lealdade emocional mas tendo a coragem para assumir outras ligações sexuais com outros parceiros, e não só com a pessoa com quem se escolheu para viver. Os defensores acérrimos da monogamia sexual estarão neste momento a tentar arranjar argumentos para demonstrar que esta hipótese só nos tornaria sexualmente mais irresponsáveis. Eu pergunto: e já não o somos actualmente? Pelo que se lê nos jornais, dizem os advogados e detectives, o nosso vizinho do lado e a senhora da quiosque, a resposta é sim, só que, e este é o pormenor importantíssimo desta questão, não admitimos! Fala-se em irresponsabilidade e dá-me a parecer que ela esteja mais associada a relacionamentos tradicionais muito pouco transparentes, cheios de desconfianças, que enchem os bolsos dos advogados e detectives particulares e acabam em disputas e litígios num tribunal, do que a um relacionamento mais liberal, mas assumido e partilhado honestamente entre os seus dois elementos.
Com isto tudo não quero eu dizer que ache, por exemplo, o “swing” a “cena” mais excitante dos últimos tempos ou que não deixará de ser uma forma encapotada e hipócrita de não assumir as limitações de um modelo de casamento à beira de ruptura, mas digo, por outro lado, que é de louvar todos os relacionamentos onde ainda há sinceridade, respeito e confiança mútua, independentemente do tipo de ligação sexual que tenha sido acordada conscientemente entre o casal.
Se por um lado continuo a acreditar na monogamia, por outro não sou do tipo de pessoa que veja com muita facilidade a face de Jesus Cristo numa torrada. Sou só realista ao ponto de começar a entender melhor as necessidades básicas do ser humano e um crítico da forma camuflada como hoje em dia as colocam em prática.
Um casamento que supostamente deveria ser, entre outras coisas, a oficialização de um relacionamento amoroso, para além do jogo de aparências que já é, passa a ser também uma espécie de competição de fidelidade entre dois seres, que, supostamente e acima de tudo, deviam querer-se bem.
Sem comentários:
Enviar um comentário