Através de uma colega que vende Bimbys fico a conhecer um pouco mais da realidade social deste país. Não é que eu já não tenha sido confrontado antes com algo semelhante, mas por vezes preciso de ouvir este tipo de histórias da boca dos outros para encontrar uma melhor justificação a dar à minha revolta.
Tenho uma colega que vende Bimbys, desta vez foi fazer uma demonstração para um bairro de pequenas vivendas para os lados de Sintra. Ao ficar a saber previamente que se tratava de uma família de poucos recursos, que até auferia o Rendimento Social de Inserção, não deixou de estranhar a sua pretensão em adquirir um robot de cozinha no valor de 950 euros (em que até há a possibilidade de pagar a totalidade a pronto).
Esta admiração transformou-se em perplexidade quando a colega ficou a saber que afinal ambos os elementos do casal tinham profissões: ele era taxista e ela era engomadora. Poucos, ou quase nenhuns (sobretudo, no que diz respeito à parte da senhora) dos seus rendimentos eram declarados e isso poderá justificar a atribuição do RSI (cento e tal euros, já não me recordo bem se é o valor total ou se é por elemento do agregado familiar, mas isso para o caso até pouco importa). Os benefícios não se ficam por aqui. Ao chegar à cozinha, depara-se logo com todos os produtos, pedidos e necessários à confecção dos pratos da demonstração, em cima da mesa. Grande parte deles tinham o selo do Banco Alimentar.
Entretanto a conversa com a mulher continua a fluir para assuntos extra-domésticos, ao ponto da minha colega se inteirar melhor do estratagema financeiro da família. Os trabalhos de engoma que ela faz - ela e tanta gente por este país fora - não são declarados e prefere que os seus serviços (a maioria fixos) sejam pagos em dinheiro vivo. As contas bancárias são mantidas em saldos mínimos, pois todos os movimentos mais relevantes (transferências directas, por exemplo), que obriguem a utilização de uma conta à ordem, vão directamente para a conta de um outro familiar (não vigiado); este depois limita-se a converter o movimento em "cash" e devolvê-lo à verdadeira família beneficiária. Desta forma não há riscos da Segurança Social encontrar quaisquer rastos de negócios não declarados desta autêntica economia paralela. A denúncia é a solução, mas uma vendedora de Bimbys com uma tentadora comissão em vista, corre sempre o risco de fazer parte dela (economia paralela).
O problema deste país começa também por este chico-espertismo saloio, da falsa pobreza e das microeconomias paralelas. E o pior é que por aqui, há ainda quem ache que não teve qualquer contribuição para a falência de um estado, como ainda acha um verdadeiro escândalo ele ameaçar (por questões de austeridade) fazer uma pequena redução no seu subsídio (RSI) para o próximo ano.
Tenho uma colega que vende Bimbys, desta vez foi fazer uma demonstração para um bairro de pequenas vivendas para os lados de Sintra. Ao ficar a saber previamente que se tratava de uma família de poucos recursos, que até auferia o Rendimento Social de Inserção, não deixou de estranhar a sua pretensão em adquirir um robot de cozinha no valor de 950 euros (em que até há a possibilidade de pagar a totalidade a pronto).
Esta admiração transformou-se em perplexidade quando a colega ficou a saber que afinal ambos os elementos do casal tinham profissões: ele era taxista e ela era engomadora. Poucos, ou quase nenhuns (sobretudo, no que diz respeito à parte da senhora) dos seus rendimentos eram declarados e isso poderá justificar a atribuição do RSI (cento e tal euros, já não me recordo bem se é o valor total ou se é por elemento do agregado familiar, mas isso para o caso até pouco importa). Os benefícios não se ficam por aqui. Ao chegar à cozinha, depara-se logo com todos os produtos, pedidos e necessários à confecção dos pratos da demonstração, em cima da mesa. Grande parte deles tinham o selo do Banco Alimentar.
Entretanto a conversa com a mulher continua a fluir para assuntos extra-domésticos, ao ponto da minha colega se inteirar melhor do estratagema financeiro da família. Os trabalhos de engoma que ela faz - ela e tanta gente por este país fora - não são declarados e prefere que os seus serviços (a maioria fixos) sejam pagos em dinheiro vivo. As contas bancárias são mantidas em saldos mínimos, pois todos os movimentos mais relevantes (transferências directas, por exemplo), que obriguem a utilização de uma conta à ordem, vão directamente para a conta de um outro familiar (não vigiado); este depois limita-se a converter o movimento em "cash" e devolvê-lo à verdadeira família beneficiária. Desta forma não há riscos da Segurança Social encontrar quaisquer rastos de negócios não declarados desta autêntica economia paralela. A denúncia é a solução, mas uma vendedora de Bimbys com uma tentadora comissão em vista, corre sempre o risco de fazer parte dela (economia paralela).
O problema deste país começa também por este chico-espertismo saloio, da falsa pobreza e das microeconomias paralelas. E o pior é que por aqui, há ainda quem ache que não teve qualquer contribuição para a falência de um estado, como ainda acha um verdadeiro escândalo ele ameaçar (por questões de austeridade) fazer uma pequena redução no seu subsídio (RSI) para o próximo ano.
3 comentários:
Pelos montantes envolvidos, entendo que a gravidade destes casos não cheguem aos calcanhares de um Vara ou de um Penedos. No entanto, não se pode deixar de apontá-los(e denunciá-los). Por uma questão de atitude.
E cidadania. Nem mais.
Muitas migalhas são pão e a denúncia, nestes casos, deveria ser uma prática corrente.
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